Acionista da Petrobras reclama na CVM por prejuízos com a falta de reajuste.

Reclamação da administradora Antares gerou um processo aberto contra a estatal; sócio da gestora aponta os prejuízos de R$ 72,2 bilhões da área de abastecimento nos últimos 8 anos

A administradora de recuros Antares, acionista minoritária da Petrobras (PETR3, PETR4), entrou com uma reclamação formal junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por conta da política de reajustes de combustíveis da estatal, que tem resultado em prejuízos bilionários na área de abastecimento da empresa. Segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo veiculada no último domingo (25), a gestora de recursos de pequeno porte, que possui cerca de R$ 3 milhões de patrimônio, contesta as perdas provocadas pelo não alinhamento dos preços praticados no mercado doméstico com aqueles vistos no exterior, que já somam R$ 72,2 bilhões de prejuízos nos últimos 8 anos. Embora a diretoria da Petrobras almeje um aumento nos combustíveis, esse repasse não ocorre por conta do impacto que isso traria na inflação, prejudicando politicamente o governo - principal acionista da empresa. Isso contraria o que está no estatuto social da petrolífera, que traz que a decisão de reajuste de combustíveis cabe à diretoria. Contudo, o que é visto na prática é que, após interesse dos membros da empresa, a proposta percentual de reajuste é passada ao Ministério da Fazenda e à Presidência da República. Na opinião de Fabio Augusto Fuzetti, sócio-diretor da Antares, isso caracteriza-se como "abuso de poder" por parte dos representantes do governo, com punição prevista em lei. O jornal diz que procurou a Petrobras, mas ela não quis se manifestar sobre o assunto. "Como acionistas, estamos cansados dos prejuízos incessantes na área de abastecimento da Petrobras. Não tem sentido o ministro Mantega (Guido Mantega, da Fazenda) dar entrevista confirmando que a Petrobras é usada para o controle da inflação, apesar de todo mundo já suspeitar disso. Algo tem de ser feito, tem de se dar um basta nessa situação. A Petrobras carrega um peso sobrenatural", disse Fuzetti em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Descolamento
De uns tempos pra cá, as cotações do barril de petróleo no mercado internacaional aumentaram voltaram a valer mais de de US$ 100. Contudo, como a política de reajuste da Petrobras não permite um aumento nos preços por conta dos impactos na inflação, a estatal acaba registrando perdas operacionais devido à necessidade de importar a matéria-prima para atender a demanda interna - na prática, ela compra do exterior a um preço alto e vende por aqui a um preço menor. Esse cenário piora ainda mais no momento atual de disparada do dólar, que chegou a valer R$ 2,45 na última semana - seu maior patamar desde 2008 -, o que encarece ainda mais o produto importado. Segundo estudo da Planner Corretora, um reajuste na casa de 10% no preço dos combustíveis - percentual que tem sido ventilado nos mercados como o apresentado pela Petrobras ao governo - teria um impacto de R$ 9 bilhões por ano no lucro da empresa. Já na inflação, o efeito no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) seria de 0,19 ponto percentual, o que tornaria ainda mais perigoso o cumprimento da meta do governo de inflação para o ano - o Banco Central trabalha com um centro da meta de 4,5% de inflação, aceitando oscilações de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.


Fonte: Infomoey

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