Pela
primeira vez em 10 anos, o Brasil viu um mês de julho fraco para o emprego com
carteira assinada. O Ministério do Trabalho e Emprego informou ontem que foram
criadas 41,5 mil vagas formais no mês passado, já descontadas as demissões do período.
Até então, a pior marca havia sido em 2003, quando o saldo atingiu 37,2 mil
postos. Incluindo as contratações enviadas pelas empresas ao governo fora do
prazo, a geração naquela ocasião sobe para 57 mil. O resultado minguado, de queda
de 77% na comparação com julho do ano passado, surpreendeu economistas do
mercado financeiro, setores produtivos e até o governo, que não costuma dar o
braço a torcer para a constatação do enfraquecimento da atividade. "O
número não é ótimo. Ótimo seria criar 1 milhão de vagas", declarou o
ministro Manoel Dias, acrescentando que a situação brasileira é melhor do que
lá fora. "O restante do mundo está pior do que nós." Dias disse não
ter elementos para explicar o enfraquecimento no número de novas carteiras de
trabalho assinadas em julho e comentou que a saída é "torcer" para
que agosto apresente melhor desempenho. Ele também abandonou a projeção de criação
de 1,4 milhão de empregos formais em 2013, apresentada até o mês passado. Nos
primeiros sete meses do ano, o saldo ajustado está em 907 mil novas vagas, a
menor marca para o período desde a crise de 2009. "Nem eu nem ninguém tem condições
de prever os números do ano", justificou o ministro, alegando que os
economistas também projetavam um número maior de vagas em julho –a previsão
média era de 100 mil novos postos. Agricultura O setor que mais ajudou a sustentar
o resultado do mês passado foi a agricultura, com criação de 18,1 mil postos de
trabalho. No setor de serviços, as contratações superaram as demissões em 11,2
mil vagas e, na construção civil, em 4,9 mil. No comércio, ainda houve expansão
(1,5 mil), mas fraca em relação ao seu histórico. Na administração pública,
houve estabilidade (55 novos postos), mas serviços industriais de utilidade pública
(-1,3 mil) e extração mineral (-236 postos) fecharam postos. Para Manoel Dias,
os números do emprego estão de acordo com outras taxas da economia. "Não
fiquei desapontado, porque nossa realidade é de um PIB de 1% ou 2%. Não é um
número que eu gostaria de divulgar, mas é o que temos com um PIB de 1% ou
2%", considerou no início da entrevista de ontem. Momentos depois,
questionado sobre os porcentuais, pois oficialmente o governo trabalha com
taxas maiores, Dias disse que "havia lido" sobre essas projeções, mas
que valiam ainda os números apresentados pelo Ministério da Fazenda, que espera
3% de crescimento, e o Banco Central, que estima expansão de 2,7%. "Quem
sou eu para divergir do governo? A Fazenda é que fala sobre isso",
afirmou. O fraco resultado ainda se dá apesar da alta rotatividade do mercado
de trabalho brasileiro. No mês passado, houve contratação de 1,781 milhão de
pessoas e demissão de 1,74 milhão.
Fonte: JC
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