A diretora-gerente do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que a economia mundial vai
se fortalecer neste segundo semestre e em 2015. Porém, a expectativa de
crescimento vai ficar abaixo do previsto pelo fundo em abril, quando apontou
avanço de 3,6% para este ano e alta de 3,9% para o próximo. O FMI vai divulgar
as novas projeções ainda este mês. — A evolução da economia global está
ganhando velocidade, embora o ritmo esteja um pouco abaixo do que estávamos
esperando. Constatamos que a atividade mundial está se recuperando, mas o
impulso pode ser menor porque o crescimento potencial é mais baixo e o
investimento continua fraco — declarou Lagarde, em uma conferência em Aix-en-Provence,
cidade no sul da França. Segundo Lagarde, a expectativa é que o crescimento dos
EUA ganhe força neste segundo semestre, após um início de ano decepcionante e
abaixo do esperado. Mas frisou que a retirada dos estímulos do Federal Reserve
(FED, o banco central dos EUA) tem de ser feita de forma gradual.
FMI:
Ásia pode crescer 7,5%
A diretora do FMI disse que a zona do euro
está lentamente saindo da recessão, mas, para isso, é fundamental que os países
impulsionem o crescimento, investindo em infraestrutura, educação e saúde,
desde que suas dívidas permaneçam em um nível sustentável. — Apesar das muitas
respostas para a crise, a recuperação ainda é modesta e frágil, e as medidas
para aumentar a demanda, apesar da boa vontade dos bancos centrais, vão
esbarrar em seus próprios limites. Devemos, portanto, tomar medidas para
impulsionar os esforços para fortalecer o crescimento. Esta é a oportunidade
para relançar o investimento, sem ameaçar a viabilidade das finanças públicas —
disse Lagarde. Porém, em seu discurso, Lagarde disse várias vezes que, apesar
de agora ser o momento ideal para alguns países aumentarem o investimento
público, nem todos podem se dar ao luxo de fazê-lo, devido ao seu alto nível de
endividamento. Ela afirmou que o impacto positivo dos investimentos sobre o
crescimento poderia ser forte o suficiente para permitir a realização de alguns
projetos sem afetar a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto
(PIB, conjunto de bens e serviços produzidos). Ela afirmou que essa análise
deve ser feita caso a caso. Citou, por exemplo, a França, que tem uma
necessidade menor de investir em infraestrutura em relação a nações como
Alemanha, Reino Unido e EUA. Lagarde falou ainda sobre o crescimento da Ásia.
Disse que o FMI não esperava uma desaceleração brutal na China: — Olhando para
os países emergentes da Ásia, e em particular a China, estamos tranquilos,
porque não vemos uma desaceleração brutal, mas sim uma ligeira desaceleração do
crescimento, que se tornou mais sustentável, devendo fechar o ano com aumento
de 7% a 7,5%. BCE pede mais investimentos Participando do mesmo evento na
cidade francesa, o integrante do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) Benoît
Coeuré disse que as taxas de juros vão permanecer baixas na zona do euro por
muito tempo para garantir a estabilidade monetária. No entanto, disse que os
governos da zona do euro precisam fazer a sua parte para estimular a demanda e
reduzir a dívida. A zona do euro tem um grande déficit de investimentos, disse
Coeuré, acrescentando que os governos também precisam investir na Europa.
Segundo ele, essa é uma condição para a estabilidade. — A única saída é o
investimento — disse Coeuré, ressaltando que a atual situação econômica de
dívida alta, desemprego elevado e crescimento fraco é bastante preocupante. Mas
isso não deveria ser feito “empilhando mais dívida sobre a dívida antiga”,
disse, lembrando que os países da zona do euro devem garantir flexibilidade
para implementar o pacto de estabilidade do bloco.
Fonte:
O Globo
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