IPCA acelera para 1,26% em junho, maior desde 1995; em 12 meses, acumula 4,39%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,26% em junho, a maior taxa para o mês desde 1995 (2,26%), e 0,86 ponto percentual (p.p.) acima do 0,40% registrado em maio. O número ficou bem perto do 1,28% esperado pelo mercado. Em junho de 2017, a taxa atingiu -0,23%. É a primeira vez desde janeiro de 2016 (1,27%) que a inflação fica acima de 1,00%, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é usado pelo Banco Central em suas metas de inflação. Neste ano, a meta é de 4,5%, com 1,5 ponto percentual para cima ou para baixa.
Greve dos caminhoneiros e conta de luz
A alta foi provocada pelo impacto da greve dos caminhoneiros, que interrompeu o suprimento de diversos produtos, em especial os de alimentos e combustíveis. Alimentação subiu mais de 2% pela primeira vez desde janeiro de 2016, com o preço da batata saltando 17%. Gasolina e etanol, que também sumiram durante a greve, contribuíram com 21% do IPCA de junho. Além da greve, houve o impacto da conta de luz, mais alta pela bandeira vermelha nas tarifas.
O acumulado no ano, de 2,60%, ficou acima do 1,18% registrado em igual período do ano passado. O acumulado nos últimos 12 meses subiu para 4,39%, para 2,86% nos 12 meses imediatamente anteriores.
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas Vestuário (-0,16%) apresentou deflação em junho, enquanto os demais variaram entre 0,00% (Comunicação) e 2,48% (Habitação). Os grupos Alimentação e bebidas (2,03%), Habitação (2,48%) e Transportes (1,58%), que concentram, aproximadamente, 60% das despesas das famílias, foram os que mais influenciaram o IPCA de junho, com 1,18 p.p. de impacto, ou cerca de 93% do índice.
IPCA – Variação e Impacto por Grupos – Mensal
GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
MaioJunhoMaioJunho
Índice Geral0,401,260,401,26
Alimentação e Bebidas0,322,030,080,50
Habitação0,832,480,130,39
Artigos de Residência-0,060,340,000,01
Vestuário0,58-0,160,03-0,01
Transportes0,401,580,070,29
Saúde e Cuidados Pessoais0,570,370,070,04
Despesas Pessoais0,110,330,010,04
Educação0,060,020,000,00
Comunicação0,160,000,010,00
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços
Greve dos caminhoneiros puxa alimentação, que sobe mais de 2%
Alimentação e bebidas teve forte aceleração de maio (0,32%) para junho (2,03%), com variações entre 0,81% na região metropolitana de Belém e 2,87% na de Curitiba. Desde janeiro de 2016, quando subiu 2,28%, o grupo não apresentava taxas acima de 2,00% e, para os meses de junho, desde 2008 (2,11%). A alta em junho foi reflexo da paralisação dos caminhoneiros ocorrida no final de maio, que também impactou o grupo Transportes (1,58%).
Batata, leite e frango disparam
O grupamento dos alimentos para consumo no domicílio subiu 3,09% após variar 0,36% em maio. As principais altas ficaram com a batata-inglesa (de 17,51% em maio para 17,16% em junho), o leite longa vida (de 2,65% em maio para 15,63% em junho), o frango inteiro (de -0,99% em maio para 8,02% em junho) e as carnes (de -0,38% em maio para 4,60% em junho).
Luz puxa custo da habitação
No grupo Habitação (2,48%), o destaque foi a energia elétrica, com alta de 7,93%, praticamente o dobro dos 3,53% de maio, e o maior impacto individual do mês (0,29 p.p.) no índice geral. Desde 1º de junho está em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adicionou R$ 0,05 a cada kwh consumido. Além disso, as seguintes áreas pesquisadas sofreram reajustes nas tarifas de energia, segundo o IBGE:
IPCA – Energia elétrica
RegiãoVariação (%)Reajuste (%)Vigor em:
Curitiba9,3715,0624/06
Brasília8,608,7822/06
Porto Alegre7,8621,5119/06
Belo Horizonte21,7818,5328/05
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços
Gás e água ajudam a engordar a inflação
O gás encanado aumentou 2,37% devido ao reajuste de 1,87% nas tarifas no Rio de Janeiro (0,17%), em vigor desde 1º de maio, e de 3,35% nas tarifas em São Paulo (6,13%), vigentes desde 31 de maio. O gás de botijão, com alta de 4,08% e 0,05 p.p. de impacto, variou entre -0,14% na região metropolitana de Fortaleza e 12,58% na de Campo Grande. Destaca-se também a alta de 1,10% na taxa de água e esgoto, influenciada pelos reajustes em Curitiba (5,12%), Salvador (4,09%), São Paulo (3,50%) e Recife (2,78%).
Gasolina e etanol respondem por um quinto do IPCA de junho
Nos Transportes (1,58%), a gasolina (5,00% e 0,22 p.p.) e o etanol (4,22% e 0,04 p.p.) contribuíram com, aproximadamente, 21% do IPCA de junho. Em Goiânia, a alta chegou a 7,64% no caso da gasolina e 14,57% no etanol. As quedas de 5,66% no óleo diesel e de 2,05% nas passagens aéreas não tiveram impacto expressivo no índice. Juntos, os dois itens tiveram influência de -0,02 p.p.
IPCA – Gasolina, Etanol e Óleo Diesel
RegiãoVariação mensal (%)
GasolinaEtanolÓleo Diesel
Goiânia7,6414,57-5,21
Curitiba7,137,47-6,66
Rio de Janeiro7,073,10
Belo Horizonte6,666,23-2,42
Recife6,538,36
São Luís5,962,033,24
Porto Alegre5,561,69-5,88
Campo Grande5,551,34-3,91
Fortaleza4,242,70-4,86
Brasília4,201,84
São Paulo3,673,63-9,12
Vitória3,601,49-9,29
Aracaju2,813,66
Belém1,60-4,46
Rio Branco1,36-0,06-4,94
Salvador-0,14-0,45-7,51
Brasil5,004,22-5,66
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços



Fonte: Investing

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