O valor total de dívidas listadas na Justiça é de R$ 98,5 bilhões
Ex-executivos da Odebrecht que firmaram acordos de colaboração premiada na Operação Lava-Jato aparecem, depois dos bancos, entre os grandes credores do grupo, com débitos relacionados a planos de incentivo de curto e longo prazos (ICP e ILP).
A Odebrecht levou ontem à 1ª Vara de Falências de São Paulo um pedido de recomeço. O valor total de dívidas listadas na Justiça é de R$ 98,5 bilhões, que pertencem à holding ODB e mais um conjunto de controladoras e controladas que somam 21 empresas. Trata-se da maior recuperação judicial, de longe, já realizada no Brasil. Do total, R$ 65,5 bilhões podem ser cobrados do grupo. Outros R$ 33 bilhões são empréstimos feitos entre as companhias do grupo e que precisam ser listados ao juiz, mas não representam problemas.
Apenas o patriarca Emilio Odebrecht tem R$ 69 milhões em garantias a receber, além de cerca de R$ 11 milhões relacionados a incentivos de curto prazo e outro crédito de R$ 1,4 milhão. Marcelo Odebrecht, que cumpre prisão domiciliar, tem R$ 16,2 milhões a receber do grupo do qual é controlador.
Hilberto Mascarenhas, que foi um dos chefes do "Setor de Operações Estruturadas", responsável pela gestão do pagamento de propinas dentro do grupo, tem R$ 24,6 milhões em incentivos de longo prazo a receber. Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, que também estava no setor de propinas, Benedicto Barbosa, tem R$ 14,4 milhões a receber.
Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho tem créditos que somam R$ 8,9 milhões. Também delator, o ex-executivo André Amaro da Silveira tem cerca de R$ 11 milhões a receber.
Até 2017 à frente da diretoria de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino de Alencar aparece na lista de credores com um crédito de R$ 2,5 milhões, também referentes a incentivos de longo prazo.
O ex-presidente da Braskem Carlos Fadigas tem quase R$ 6 milhões em incentivos de curto prazo que não foram pagos, além de cerca de R$ 13 milhões referentes ao plano de longo prazo.
Ex-superintendente da Odebrecht Infraestrutura para Minas Gerais e Espírito Santo, Sérgio Luiz Neves aparece na lista com um crédito de R$ 4 milhões.
Recuperação
O pedido de recuperação judicial do Grupo Odebrecht foi aceito nesta terça-feira pela 1ª Vara de Falências de São Paulo.
Há meses, a Odebrecht tentava uma negociação privada com os bancos nacionais para uma recuperação extrajudicial, mas tornou-se alvo de execuções por parte da Caixa. Na semana passada, uma das cobranças, referente a R$ 632 milhões da construção da Arena Corinthians, chegou às últimas consequências com a citação da Odebrecht pela Justiça. O Bradesco tentou, inclusive durante o fim de semana, organizar os bancos para uma saída negocial.
Há meses, a Odebrecht tentava uma negociação privada com os bancos nacionais para uma recuperação extrajudicial, mas tornou-se alvo de execuções por parte da Caixa. Na semana passada, uma das cobranças, referente a R$ 632 milhões da construção da Arena Corinthians, chegou às últimas consequências com a citação da Odebrecht pela Justiça. O Bradesco tentou, inclusive durante o fim de semana, organizar os bancos para uma saída negocial.
Na soma de vencimentos concursais e extraconcursais, Itaú, Bradesco, BNDES, Banco do Brasil, Caixa (com FI-FGTS) e Santander têm créditos de R$ 32,8 bilhões listados na recuperação judicial.
Fundado em 1944 pelo patriarca Norberto Odebrecht, o grupo Odebrecht enfrenta o fundo do poço, após as gestões de seu filho Emílio e do neto Marcelo. Sobreviver é agora o grande desafio da empresa, ante a proteção judicial multibilionária contra credores.
A Operação Lava-Jato, deflagrada em março de 2014, para investigar contratos de empreiteiras e outros fornecedores com a Petrobras, derrubou por terra os planos da empresa. Marcelo Odebrecht foi preso e, no fim de 2016, foi assinado um amplo acordo de leniência com as autoridades, envolvendo 78 pessoas da empresa. A crise deflagrada pela Lava-Jato, somada à retração da economia brasileira, levaram a Odebrecht a reestruturar ao longo dos últimos anos R$ 27 bilhões em dívidas de suas controladas.
somada à retração da economia brasileira, levaram a Odebrecht a reestruturar ao longo dos últimos anos R$ 27 bilhões em dívidas de suas controladas.
Fonte: Valor
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