Pela primeira vez em dez anos, o Banco Central venderá dólares no mercado à vista, numa operação que serve para atender a demanda por liquidez num momento de pouco fluxo para o país. De acordo com anúncio feito ontem à noite e antecipado pelo Valor, a instituição informou que a atuação será acompanhada da retirada de swap cambial do mercado via contratos reversos.
Com essa medida simultânea, a autoridade monetária preserva sua posição líquida no câmbio, dada principalmente pela diferença entre reservas internacionais e a carteira de swaps cambias. Além disso, a operação leva em conta "a conjuntura econômica atual, a redução na demanda de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio deswaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista".
Analistas afirmam que a operação tem efeito neutro sobre a cotação do dólar e não parece ter relação direta com o salto da cotação para mais de R$ 4 ontem. "É claro que todo movimento de nervosismo traz discussões sobre a atuação do BC. Mas, como não tem efeito líquido na moeda, não parece ter a ver com o nervosismo", diz Plinio Camargo, superintendente de derivativos da Tullett Prebon.
De acordo com o BC, trata-se de um aperfeiçoamento no uso dos instrumentos à sua disposição para atuação no mercado de câmbio, como parte da Agenda BC#, tendo em conta as condições presentes neste momento. Assim, o ajuste "não altera sua política cambial, pautada no câmbio flutuante".
A atuação deve servir para aliviar a pressão sobre o cupom cambial (juros em dólar) que tem ficado elevado por causa da escassez de fluxo para o país, diz Camargo, da Tullett Prebon. "Com esta operação, tende a fechar o cupom cambial", diz o profissional.
A partir de 21 de agosto, a oferta consistirá de lotes diários de até US$ 550 milhões de dólares à vista, de forma simultânea à oferta em montante equivalente em swaps reversos. Caso a oferta não seja absorvida, o BC deve esterilizar a operação com swaps cambiais para complementar a rolagem.
A ideia é que todo o estoque de swap tradicional, de US$ 3,8445 bilhões, vincendo em outubro seja rolado ou trocado por dólares à vista, sem afetar a posição cambial líquida do BC. "A troca de instrumentos ocorrerá conforme a demanda dos agentes pelos diferentes instrumentos, por meio de leilões competitivos".
Esta é a primeira vez desde 3 de fevereiro de 2009 que o BC faz leilão de dólar à vista. No entanto, a autoridade monetária reforça que o montante líquido de reservas - que é subtraído o volume de swap - segue inalterado. A chamada posição cambial líquida estava em US$ 326,155 bilhões, de acordo com dados mais recentes do BC.
Fonte: Valor
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