Oferta de ações do Banco Pan vai movimentar até R$ 1,35 bilhão




O Banco Pan vai fazer na próxima semana uma oferta subsequente de ações ("follow-on") que pode movimentar entre R$ 1,13 bilhão e R$ 1,35 bilhão, com base na cotação de ontem. Metade da operação será primária, com captação de recursos para a própria instituição financeira. A outra metade virá da venda de parte da posição detida pela Caixa.

Os controladores do Pan - Caixa e BTG Pactual - chegaram a planejar uma oferta de até R$ 2 bilhões, conforme noticiou o Valor há um mês. O recuo das ações nas últimas semanas, porém, fez com que voltassem ao plano original de colocar no mercado uma operação mais próxima de R$ 1 bilhão.

Serão oferecidos 115 milhões de ações preferenciais, quantidade que poderá ser acrescida em até 20% se for exercido também o lote adicional. A fixação de preço está prevista para o dia 19. A operação colocará no bolso da Caixa até R$ 678 milhões e uma quantia equivalente irá para o Pan, que vem investindo em tecnologia e vai lançar um banco digital voltado às classes C, D e E.

A oferta de tamanho menor que o esperado fez com que as ações do Pan disparassem ontem. Os papéis fecharam cotados a R$ 9,8, com alta de 7,81%.

Já estava previsto que a Caixa venderia apenas parte de suas ações nessa etapa. No entanto, até meados de agosto havia a perspectiva de uma oferta maior para aproveitar a disparada dos papéis, que então acumulavam alta de mais de 500% no ano. O que mudou desde então foi o preço - e, portanto, o tamanho da oportunidade para a Caixa. No início do mês passado, os papéis chegaram a bater em R$ 12, mas caíram após o BTG ser alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal no dia 23 de agosto no âmbito da Operação Pentiti.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já disse não ter pressa em sair do Pan e reforçou isso na semana passada. "No seu devido tempo, com tranquilidade, faremos a venda", afirmou na ocasião.

Com o recuo nas cotações, a urgência ficou menor ainda, embora continue sendo uma operação atrativa para o banco estatal. O investimento da Caixa no Pan era avaliado em R$ 731 milhões no fim do ano passado e agora chega a quase R$ 4,7 bilhões.

Esse salto veio de dois movimentos. O principal foi a própria valorização das ações. O outro foi a decisão tomada pela Caixa em março de subscrever metade do aporte de R$ 400 milhões feito pelo BTG no Pan em 2017. A operação ainda não foi homologada pelo Banco Central. Quando isso acontecer, elevará de 32,8% para 41,7% a fatia da Caixa no Pan, igualando-a à do sócio. O cálculo já leva em conta essa participação maior.

Com a oferta, a Caixa passará a ter entre 33,6% e 34,9% do capital total do Pan, a depender do exercício do lote adicional. A fatia do BTG ficará entre 39,3% e 39,7%. As ações do Pan em circulação no mercado subirão de 16,6% para algo entre 25,4% e 27% do total, segundo cálculo feito pela casa de análises Eleven considerando os efeitos do aumento de capital. Sem contar o aporte, a fatia da Caixa após a oferta ficará em 25,3% do capital com o lote adicional.

Em qualquer cenário, as ações do Pan em circulação devem chegar a pelo menos 25% do capital com o follow-on, e esse é justamente um dos objetivos da operação. O banco é listado no Nível 1 de governança da B3, mas está desenquadrado da cláusula que exige "free float" mínimo de um quarto das ações. A bolsa deu até este mês para o Pan resolver a questão.

O aumento da liquidez também é aguardado pela Caixa para dar os passos seguintes em seu plano de saída do Pan. O banco estatal ainda terá de zerar as ações preferenciais remanescentes e vender as ordinárias, que hoje não são listadas. 



Fonte: Valor

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