Balança comercial tem pior 1º semestre em 18 anos - Rombo de US$ 3 bilhões.

Balança comercial teve no 1o semestre o pior resultado para o período desde 1995, mostrando que o governo terá dificuldade para reverter a deterioração das contas externas. As importações de petróleo foram as principais responsáveis pelo déficit.
Apesar de ter apresentado superávit de US$ 2,394 bilhões em junho, o Brasil registrou, de janeiro a junho, rombo de US$ 3 bilhões na balança comercial, pior resultado para um primeiro semestre em 18 anos – o saldo negativo só foi maior nos primeiros seis meses de 1995, quando atingiu US$ 4,2 bilhões – evidenciando a dificuldade que o governo terá para reverter a deterioração das contas externas. De acordo com o divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações somaram a cifra recorde de US$ 117,516 bilhões no período, alta de 8,4% sobre o resultado dos primeiros seis meses de 2012, pela média diária. Já as exportações, prejudicadas pelo cenário internacional desfavorável, ficaram em US$ 114,516 bilhões, queda de 0,7% também pela média diária, na mesma base de comparação. Segundo a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, as importações de petróleo foram as principais responsáveis pelo desequilíbrio. A conta petróleo teve déficit de US$ 12 bilhões. "Se tirássemos o petróleo da conta, o desempenho do primeiro semestre seria positivo em US$ 8,9 bilhões", justificou. A secretária ressaltou que as exportações de produtos básicos garantiram o superávit no mês passado. Elas responderam por US$ 10 bilhões dos US$ 21,2 bilhões faturados pelo País em junho, sendo que milho (186,4%), minério de cobre (57%) e soja (34%) foram os itens que apresentaram maior crescimento. "Esses produtos, contudo, estão com os preços em queda no mercado internacional, e isso é preocupante", alertou. As exportações de petróleo desabaram 38,9% no ano em relação aos primeiros seis meses do ano passado. Parte da explicação, segundo o MDIC, é que houve queda na produção da Petrobras por conta de manutenção de plataformas de exploração, que devem voltar a operar no segundo semestre. Além disso, a demanda das refinarias do País aumentou para atender o consumo interno. Os números, contudo, revelam que os Estados Unidos deixaram de importar petróleo do Brasil, o que provocou uma queda de 58,3% no primeiro semestre, em comparação ao igual período do ano passado. O desempenho fraco da balança comercial impacta diretamente o balanço de pagamentos do País, aprofundando o déficit das transações correntes que, em maio (último dado disponível), chegou a US$ 6,42 bilhões. Na avaliação do economista sênior do Espírito Santo Investment Bank (BES), Flavio Serrano, as mudanças na contabilização das importações de petróleo explicam boa parte do déficit brasileiro. "Parte das compras feitas pela Petrobras no ano passado foi contabilizada apenas neste ano. Foi mais uma dessas manobras contábeis que o governo gosta de fazer para maquiar as contas. Isso influenciou os números negativos. O fluxo, porém, pode estar se normalizando agora, porque é surpreendente o dado de importações mais fracas em junho", analisou. Mesmo tendo mostrado melhor desempenho nos últimos dois meses, a balança comercial deve registrar em 2013 um dos piores resultados dos últimos anos, influenciado pelo comércio internacional enfraquecido e pela queda no preço das commodities. O Banco Central reduziu para US$ 7 bilhões a previsão de superávit, menos da metade da projeção anterior, de US$ 15 bilhões. Tatiana Prazeres preferiu não comentar as projeções da autoridade monetária. Segundo a pesquisa Focus, feita pelo BC com mais de 100 instituições financeiras do País, o mercado também reduziu sua estimativa, de US$ 8,3 bilhões para US$ 6 bilhões.


Fonte: JC

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