O Ano da Contabilidade no Brasil, 2013, é oportuno para que a
população conheça melhor o significado do trabalho dos 484.583 profissionais da
área e dos 10 mil auditores que atuam em 110 empresas do setor existentes no
País. Trata-se de atividade essencial para a eficácia da gestão, transparência,
confiabilidade dos balanços, exercício eficiente da responsabilidade fiscal e,
portanto, do sucesso dos negócios na iniciativa privada e da qualidade dos
serviços no setor público, preceitos fundamentais na democracia. Assim, é muito
feliz a iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de instituir o
ano comemorativo neste momento em que o Brasil precisa da eficiência de suas
empresas e da administração pública para enfrentar a crise econômica mundial,
retomar crescimento substantivo e consolidar os avanços das duas últimas
décadas. Nada disso seria possível sem contabilidade e auditoria, presentes
desde os primórdios da aventura econômica da humanidade. Para entender mais
claramente a sua importância, vale a pena navegarmos um pouco na síntese de sua
história. Didaticamente, podemos dividir o desenvolvimento do pensamento
contábil em quatro períodos: o primeiro vai do início da civilização até o
Liber Abaci (Livro do Ábaco), do italiano Leonardo Fibonacci, em 1202, ou seja,
abrangendo a Antiguidade e parte da Idade Média; o segundo é compreendido entre
1202 a 1494, quando foi publicado o Tractatus de Computis et Scripturis
(Contabilidade por Partidas Dobradas), do frei italiano Luca Pacioli,
considerado o pai da contabilidade, que deu origem à sistematização dos
registros; segue-se, de 1494 a 1840, a fase que compreende o Renascimento e a
Revolução Industrial, na qual as ciências contábeis ajudaram a estabelecer o
controle das riquezas do Novo Mundo. Em 1840, com La Contabilità Applicatta alle
Amministrazioni Private e Pubbliche, do também italiano Francesco Villa,
iniciou-se a quarta etapa. Quanto à auditoria, se estabeleceu como profissão,
inicialmente na Inglaterra, no momento em que o contador deixou de prestar
serviços a uma única organização para assessorar colegas, mercadores e maior
número de empreendimentos. O primeiro curso de contabilidade no Brasil foi a
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, surgida em 1902, em São Paulo. Em
1946, o Decreto-Lei n° 9.295 criou o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e
definiu o perfil dos contabilistas: contadores eram os graduados em cursos universitários
de Ciências Contábeis; técnicos em contabilidade, os formados em escolas
técnicas comerciais. Outros dois marcos da contabilidade e da auditoria no País
ocorreram em 1976: a nova Lei das S.A (n° 6.404); e a Lei n° 6.385, que criou a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Seu artigo 26 determina que somente os
auditores independentes registrados na CVM podem auditar demonstrações contábeis
das companhias abertas e integrantes do mercado mobiliário. O Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), criado em 1971, formula normas e
princípios. A contabilidade brasileira, alinhada às normas internacionais, é
fiadora da transparência e da prestação de contas à sociedade. Na auditoria, os
profissionais são agentes de sustentação da governança corporativa,
contribuindo para a transparência e confiabilidade da gestão empresarial e do
mercado de capitais. Ao realizar seu trabalho, o auditor está sempre atento às eventuais
evidências de problemas, embora nem sempre tenha acesso à totalidade das
informações. Afinal, quando os gestores de uma empresa ou instituição
financeira desejam praticar fraudes, a primeira pessoa que precisam ludibriar é
o auditor. Nesses casos, portanto, apresentam documentação e dados paralelos
e/ou incompletos aos profissionais, que não têm o poder de polícia para
investigar e nem o de fiscal para exigir papéis. Apesar disso, são recorrentes
as ações preventivas e intervenções bem-sucedidas das auditorias no sentido de evitar
que organizações lesem os seus sócios, clientes e a economia popular. Cada vez
mais, e dentro dos limites da lei, contadores e auditores buscam aperfeiçoar
seu trabalho para reduzir a ação de maus administradores. Esse é um compromisso
perene da categoria com o Brasil e a sociedade.
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário