Governo e participantes do mercado dizem que é necessário esperar
algum tempo para que lista de bons pagadores seja relevante a ponto de
influenciar os juros bancários
Ocadastro
positivo, lista com os pagamentos feitos em dia pelos consumidores, começa a
valer efetivamente hoje. Para o Banco Central, a nova ferramenta pode
contribuir para melhorar a gestão do crédito no País e reduzir o spread
bancário, parcela dos juros que é afetada pelo risco de cliente. Governo e
demais participantes do mercado afirmam, no entanto, que é necessário esperar
algum tempo para que a quantidade de informações e a adesão dos consumidores, que
é opcional, torne a lista relevante a ponto de influenciar os juros bancários.
A expectativa é que a medida beneficie, principalmente, famílias de classes C,
D e E, que têm mais dificuldade para preencher as exigências para concessões de
empréstimos e aprovação de compras parceladas. "Inauguramos uma nova fase para
análise do crédito. Os entes que atuam nessa modalidade passam a ter mais um instrumento
para compor o histórico do cliente, para permitir que o preço possa ser melhor formado
e, de fato, reduzir o spread das operações", afirmou o chefe do
Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, Sérgio Odilon dos Anjos.
Ele destacou a importância de informar as pessoas sobre os benefícios da lista de
adimplentes. "Se você é um bom pagador, por que não fornecer essas
informações? Você vai ter cada vez mais facilidade de fazer negócio." Caberá
ao Banco Central fiscalizar o cumprimento das normas por parte do sistema financeiro,
que enviará informações para empresas gestoras de bancos de dados. Hoje, há
três empresas certificadas: Boa Vista Serviços, SPC Brasil e Serasa Experian. O
cadastro também receberá dados de varejistas, prestadores de serviços, exceto
celular pós-pago, e pagamentos a escolas e condomínios. A informação fica
disponível a qualquer empresa com a qual o cliente tenha relação de análise de
crédito, de venda a prazo ou transações comerciais e empresariais que impliquem
risco financeiro.
Restrições
Os
serviços de proteção ao consumidor fazem algumas restrições ao cadastro. A
Proteste, por exemplo, defende que os bancos não condicionem financiamentos à
adesão ao cadastro. Diz ainda que irá fiscalizar para ver se os juros vão mesmo
cair para as pessoas com as suas contas em dia. Para Ricardo Loureiro,
presidente da Serasa Experian, o cadastro não aumenta a exposição dos clientes,
uma vez que a proteção dos dados é a mesma prevista na lista de inadimplentes.
A empresa, que atua em vários países, diz ainda que outras economias tiveram
resultados positivos com a iniciativa. "Os bancos terão condições de
conceder empréstimos de uma maneira mais seletiva e evitar dar mais crédito
para quem já está superendividado. Talvez possamos ver uma redução de até 40%
da inadimplência." A Boa Vista Serviços avalia que os consumidores das
classesC, D e E, que são aqueles que precisam do crédito com mais intensidade e
de uma gestão equilibrada de finanças, devem ser os mais beneficiados pelo cadastro.
"São pessoas que têm uma dificuldade de preencher requisitos mínimos para
análise de informação, dificuldade de comprovação de renda, de residência, ou com
alguma negativação no passado. Tudo isso restringe o acesso ou coloca a pessoa
numa faixa de risco muito alta", diz Dorival Dourado, presidente da
empresa, que administra o serviço de proteção ao crédito SCPC. Para a Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), o cadastro vai reduzir a "assimetria de
informações" entre o tomador de crédito e quem empresta e permitir uma
melhor avaliação de riscos.
Fonte: JC
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