Depois de se reunir por mais de duas horas com a
presidente Dilma Rousseff, e de ouvir dela promessas de cargos no governo, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), mudou completamente o discurso
e, em vez de pôr em votação no Congresso o projeto que dá independência ao Banco
Central, vai enterrá-lo. O Palácio do Planalto é veementemente contra a medida Tanto
que, ao longo do ano passado, obrigou o BC a derrubar a taxa básica de juros (Selic)
ao menor patamar da história, 7,25% ao ano, mesmo com a inflação em alta. O
feito durou apenas cinco meses. "O País não está maduro para isso. O
governo não quer, a oposição também não. Isso interdita o debate", afirmou
o senador, minando o substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Na semana passada, em confronto aberto com o governo, buscando
benefícios, Calheiros afirmou: "O Brasil já está maduro para esse debate e
não devemos contaminá-lo ideologicamente. No momento em que um Banco Central pode,
por ausência de autonomia, ser pressionado pelos governos, corre o sério risco de
perder o respeito e a credibilidade dos agentes econômicos”. Ele garantiu que o
projeto seria votado até o fim deste ano. O recuo começou depois de uma
conversa com o ex-presidente Lula.
Fisiologismo
Com o intuito de afastar o fisiologismo de sua decisão,
Calheiros disse que, mesmo retirando o projeto de Dornelles de pauta, continua
a favor da independência do BC. "Eu sempre defendi e vou continuar defendendo
a autonomia do Banco Central. Quem não a defende é o governo e a oposição”. alegou
o senador. “Nós temos uma comissão que está regulamentando a Constituição
Federal. Um dos artigos que precisa de regulamentação é o 152, que trata do
sistema financeiro e do BC. O governo, porém, é contra, e a oposição, também.
Isso interditou o debate, que parecia amadurecido, pelas posições claramente assumidas”,
justificou Calheiros. O presidente do Senado, contudo, negou que o assunto tivesse
entrado na pauta da reunião com Dilma. "Não há ainda um amadurecimento que
permita a apreciação de um projeto sobre autonomia do BC pelo Senado. Não falamos
sobre isso hoje (ontem). O que fizemos foi avaliar a aliança PT e PMDB, que vive
um momento muito especial”, assinalou.
Fonte: JC
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