Em
um dia de aversão a risco no mercado internacional e de preocupação com a
política fiscal brasileira, investidores venderam ações e compraram dólares. Na
lista das 16 principais moedas do mundo acompanhadas pela Bloomberg, o real
teve nesta terça-feira a maior desvalorização frente ao dólar, com queda de
1,92%. De outro lado, mesmo com uma intervenção do Banco Central no mercado
futuro no valor de US$ 497,2 milhões - conforme o previsto no programa de
injeções diárias - a moeda americana fechou na maior cotação desde 6 de
setembro, a R$ 2,289, com valorização de 1,95%. - O quadro externo pessimista
pesou sobre o dólar. Isso fez o investidor buscar a segurança do dólar - avalia
João Medeiros, da corretora de câmbio Pionner. A Comissão Europeia reduziu
nesta terça-feira sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do
euro em 2014 para 1,1%. Investidores também estão atentos à divulgação do PIB
dos EUA nesta quarta-feira e a estatísticas do mercado de trabalho americano na
sexta-feira. Estes dados podem influenciar a decisão do Federal Reserve (Fed,
banco central americano) sobre os estímulos à economia. Parte do mercado
acredita que a redução pode começar em dezembro. No cenário doméstico, com a
piora do resultado fiscal, analistas já avaliam que o país pode perder a nota
de grau de investimento das agências de classificação de risco. Relatório do
Barclays afirma que isto pode ocorrer no começo de 2014. O governo saiu no
contra-ataque para acalmar o mercado. O secretário do Tesouro, Arno Augustin,
disse ao “Estado de S. Paulo” que a política fiscal está sob ataque
especulativo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ao “Valor
Econômico” que o governo começa a retirar os estímulos à economia. Na
segunda-feira, O GLOBO mostrou que a Lei de Responsabilidade Fiscal sofreu seis
ataques nos últimos 13 anos. “A perda do grau de investimento poderia
precipitar a saída abrupta de recursos aqui alocados. E isto passa pela
apreciação do câmbio”, escreveu em relatório o sócio da corretora NGO, Sidnei
Nehme, que aponta uma taxa de câmbio próxima de R$ 2,25 como mais compatível
com os fundamentos da economia. No mercado de juros futuros, os contratos de
Depósito Interfinanceiro (DIs) com vencimento em janeiro de 2015 subiram de
10,62% para 10,71%. Os que vencem em janeiro de 2017 saltaram de 11,65% para
11,86%. — Os juros futuros subiram com a expectativa de que o país precisará de
política monetária mais restritiva diante de uma política fiscal expansionista
— diz o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências. Na Bolsa, o
Ibovespa, índice de referência do mercado, fechou em baixa de 1,11%, aos 53.831
pontos. As ações da Vale, que divulga resultados nesta quarta-feira, recuaram
0,73%, a R$ 33,98. Os papéis preferenciais da Petrobras subiram 0,14%, a R$
20,26, com a expectativa de alta de combustíveis.
Fonte: O Globo
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