Estagflação afeta Brasil e Índia.

Relatório do Departamento de Assuntos Econômicos e Financeiros da UE aponta a falta de crescimento associada à permanência da inflação como um dos principais entraves ao avanço das economias dos dois países emergentes.

Brasil e Índia sofreram no primeiro semestre de 2013 com o fenômeno da estagflação. A afirmação consta no relatório do Departamento de Assuntos Econômicos e Financeiros da União Europeia afirma ainda que o aumento dos juros e a incapacidade de realizar reformas estruturais são duas ameaças à economia brasileira. Estagflação é a inusitada situação em que a economia não cresce, mas a inflação persiste em alta. É, literalmente, a união do termo "estagnação" com "inflação". Esse mal afetou dois dos grandes países emergentes na primeira metade do ano. "Na Índia e no Brasil, as condições monetárias mais restritivas, o fraco consumo privado e a persistência de problemas estruturais no lado da oferta se combinaram para criar estagflação", dizem os economistas da UE no documento. Esse não foi o único problema nos mercados emergentes nos últimos meses. O relatório diz ainda que o "investimento foi extremamente fraco" em países como a Rússia e o México durante o primeiro semestre. Para o maior dos emergentes, porém, o diagnóstico é menos preocupante. "Na China, a mudança do modelo de crescimento do investimento para os gastos de consumo parece ser um caminho mais viável para assegurar uma forte expansão econômica no longo prazo", dizem os economistas europeus.
Riscos
Após certa frustração com o desempenho de alguns países, a UE cita a política monetária, reformas estruturais e investimentos como alguns dos atuais riscos para os emergentes, inclusive o Brasil. "Alguns riscos podem deteriorar o crescimento de emergentes, como uma futura desaceleração na demanda global, queda acentuada do investimento na China ou uma política monetária mais restritiva em resposta à inflação na Índia e no Brasil", diz o documento. Além disso, a UE lembrou que alguns países emergentes não têm sido capazes de fazer reformas estruturais. Isso pode limitar o crescimento desses mercados. "A incapacidade de executar reformas necessárias para aumentar a taxa de crescimento aparece como um grande risco em alguns emergentes, como Índia, Brasil e Rússia."
Crescimento
A UE também piorou as previsões para o crescimento da economia brasileira. Relatório de projeções de outono da Comissão Europeia divulgado ontem mostra que a estimativa das autoridades do continente para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2013 caiu de 3% para 2,2%. A estimativa anterior havia sido feita apenas seis meses atrás, na primavera do Hemisfério Norte. Com os números, a EU aposta que o Brasil terá desempenho pior do que outros emergentes este ano. A EU prevê, por exemplo, expansão do PIB de 7,5% para a China em 2013, 2,9% para a Índia e média de 2,6% para a América Latina. A previsão para a economia brasileira, porém, é melhor que a estimativa de 1,9% para a Rússia e de 1,3% para o México em 2013. A UE também piorou a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2014. Para o próximo ano, a previsão caiu de 3,6% para 2,5%. A previsão anterior também havia sido divulgada um semestre atrás, na primavera. Novamente, a previsão para o Brasil está aquém de outros emergentes. Para 2014, a União Europeia trabalha com expansão da economia de 7,4% para a China, 4% para a Índia, 3,1% para o México e 3% para Rússia. A média de expansão do PIB na América Latina deve ser de 3,1% no próximo ano. A Comissão Europeia também divulgou pela primeira vez a expectativa de crescimento para o PIB brasileiro em 2015, quando a economia deve avançar 3,1%. Confirmado, será o melhor ritmo da atividade no País desde 2010, ano em que o PIB registrou a forte expansão de 7,5%. Apesar disso, abaixo do esperado para outros emergentes: 7,4% para a China, 5,3% para a Índia e 3,4% para a Rússia.



Fonte: JC

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