Se
o governo está com dificuldades em cumprir em 2013 a meta de superávit
primário, terá, em 2014, período eleitoral, obstáculos ainda maiores. O
Orçamento da União para o próximo ano já nascerá deficitário, por causa das
renúncias fiscais das desonerações e das emendas parlamentares, que podem passar
a ser obrigatórias. O superávit é o esforço fiscal que o governo faz para pagar
os juros da dívida pública. A meta do governo, que neste ano é de 2,3% do
Produto Interno Bruto (PIB), será de 2,1% no ano que vem, com a possibilidade
de ser abatido em 0,9 ponto percentual, o equivalente a R$ 67 bilhões. Isso se
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada pela Comissão Mista de
Orçamento (CMO), passar pelos plenários da Câmara e do Senado, com a primeira
votação prevista para 19 de novembro. Como
agravante, o crescimento da economia deve continuar minguado, enquanto as despesas
de 2014 tendem a ser maiores. “O governo tem procurado o equilíbrio fiscal, mas
a conjuntura econômica teve percalços. As desonerações causaram impacto neste
ano e continuarão fazendo-o no próximo. Será apertado”, analisou o senador Romero
Jucá (PMDB-RR), relator do Orçamento 2013. “Os governantes sempre criam mecanismos
para aumentar os gastos visando a reeleição, o que deve agravar ainda mais a
situação fiscal no ano que vem”, avaliou o professor de finanças públicas da
Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira. O primeiro desafio do
Orçamento 2014 é a baixa previsão de arrecadação, de apenas 0,8% acima da
inflação, de acordo com o deputado e economista Claudio Puty (PT-PA). “As
desonerações que somaram R$ 60 bilhões em 2013 devem chegar a R$ 80 bilhões em
2014”, projetou. “Além disso, o Orçamento impositivo vai exigir R$ 13 bilhões a
mais para financiar as emendas parlamentares obrigatórias”, destacou o
parlamentar.
Emendas
O
relatório da LDO eliminou várias emendas parlamentares que tinham o propósito
de tornar as contas públicas mais transparentes e coibir as chamadas maquiagens
contábeis. Principal crítico desses tópicos rejeitados, o deputado Claudio
Cajado (DEM-BA) lamentou a retirada da obrigatoriedade do superávit primário a
ser perseguido pelo governo. No fim, o relator Danilo Forte (PMDB-CE) manteve o
mecanismo de flexibilidade do Executivo, de reduzir a meta com despesas de
investimento, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “As emendas
pretendiam acabar com a maquiagem fiscal, esse malabarismo contábil que o
governo faz ao antecipar dividendos de estatais para fechar as contas, além de
exigir prazos definidos para as desonerações, com hora para começar e terminar
e de retirar os valores desonerados como previsão de receita. Todas as medidas traduziam
transparência ao Orçamento para melhorar a imagem do país diante do mercado”, argumentou
Cajado. O deputado Forte rebateu: “Particularmente, sou contra o superávit
primário que privilegia o setor financeiro, que é quem mais ganha dinheiro no
País. E as desonerações podem voltar como receita por meio do crescimento econômico,
da geração de empregos, de PIS e Cofins. Por isso, aceitei a formatação do
Executivo. O governo tem compromissos a cumprir”, alegou.
Fonte: JC
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