Depois
de um início de ano recheado de dados ruins da economia brasileira, a
divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,55% em
janeiro – contra 0,92% em dezembro – abaixo do intervalo das estimativas dos
analistas do mercado financeiro, veio como um sopro de vento favorável para a
área econômica da presidente Dilma Rousseff. No front da inflação, o IPCA foi a
menor taxa para janeiro desde 2009 e ficou 36% menor do que no começo de 2013,
dando uma trégua na espiral negativa que abateu a economia brasileira em 2014. O
resultado surpreendeu positivamente os economistas do governo, que acreditam
que a queda do IPCA acumulado em 12 meses de 5,91% para 5,59% deverá ajudar a
melhorar o ambiente econômico e as expectativas em torno da evolução da inflação.
Na avaliação da área econômica, o início favorável para a inflação deverá
reforçar a confiança do consumidor, que poderá ter mais espaço no orçamento para
aquisição de bens duráveis e semiduráveis. O resultado também deverá permitir
maior demanda por crédito, dado o cenário de queda consistente nos índices de inadimplência,
com baixas taxas de desemprego. O que mais chamou a atenção da equipe foi a
desaceleração significativa dos preços livres, com queda de 0,92% em dezembro para
0,6% no primeiro mês do ano. Em janeiro do ano passado, os preços livres
cresceram o dobro: 1,2%. O patamar ainda é elevado, mas o resultado de janeiro
da inflação de preços livres foi considerado muito positivo, já que
sazonalmente é um mês de maior pressão. A inflação de alimentação e bebidas
também começa o ano pressionando bem menos o IPCA em relação ao começo de 2013.
Outro dado observado pelo governo como favorável para as expectativas
inflacionárias foi a diminuição do ritmo de alta dos núcleos, que se mostraram comportados
na avaliação dos técnicos. A média dos núcleos passou de 0,71% em dezembro para
0,53% em janeiro. Em janeiro do ano passado, estavam variando entre 0,63% e
0,87%. A desaceleração da inflação de serviços, de 1,16% para 0,47%, também
mereceu destaque, porque é um dos itens que mais têm pressionado o IPCA nos
últimos anos. O dado mais negativo ficou por conta do índice de difusão da inflação.
Apesar do valor ainda elevado, o índice caiu de 75,1% para 71,6%.
Superávit
Com
o bom início de ano para a inflação, o governo conta agora com a divulgação do
superávit primário das contas do chamado Governo Central de janeiro favorável
para ajudar na coordenação das expectativas. No trimestre de novembro a
janeiro, o superávit será recorde, o que marcará, na avaliação do governo, uma
nova fase de bons resultados fiscais, que vai contribuir para melhorar a
avaliação dos analistas e investidores. Além disso, antes da divulgação do
resultado fiscal, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai anunciar o
contingenciamento de despesas do Orçamento e a meta fiscal de 2014. O anúncio
será feito até o dia 19, quando Mantega viaja para a reunião do G-20, na
Austrália, onde (é o que se espera) desembarca já com números mais robustos para
mostrar. A avaliação interna é de que o ambiente já está mais amigável e o
Brasil, aos poucos, começa a se diferenciar dos outros países no cenário
internacional.
Fonte: JC
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