Salários acima de R$ 5 mil terão redução de R$ 37,17 ao mês, sem
contar com dependentes e INSS.
Vai
ser pequeno o alívio no orçamento com a correção de 4,5% na tabela do Imposto
de Renda em 2015, anunciada na quarta-feira de noite pela presidente Dilma
Rousseff. Nas simulações feitas pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
da Receita Federal (Sindifisco), para quem ganha de R$ 5 mil para cima, a
redução se limitará a R$ 37,17 por mês, ou R$ 483,21 por ano, valor que não
inclui as deduções do INSS e nem com dependentes. A Receita Federal recebeu
26,9 milhões de declarações este ano. Ao considerar essas deduções, o imposto
recolhido na fonte pode cair um pouco mais. Pelas contas do economista Gilberto
Braga, do Ibmec, levando em conta um contribuinte que ganha R$ 10 mil, tem dois
dependentes e desconto do INSS, a redução alcança R$ 542,62 por ano. — Com a
inflação rondando 6%, há um arrocho salarial do ponto de vista tributário.
Mesmo com as deduções feitas na hora do ajuste anual (quando são descontados
gastos com educação, saúde e outros), quem ganha de R$ 3 mil em diante vai
pagar imposto.
Defasagem de 61,42% desde 1996
Desde
2011, a tabela do IR vem sendo corrigida em 4,5% por ano, um patamar abaixo da
inflação, que tem permanecido perto de 6%. Segundo o sindicato dos auditores
fiscais, a defasagem na tabela já atinge 61,42% desde 1996. “A presidente disse
claramente que esses 4,5% vão significar um importante ganho salarial indireto
e mais dinheiro no bolso do trabalhador. Como é que o trabalhador ganha alguma
coisa pagando por aquilo que não deveria pagar?”, afirmou, em nota, o
presidente do Sindifisco, Cláudio Damasceno. O ex-presidente do Sindifisco
Pedro Delarue, disse que somente nos quatro anos do governo da presidente
Dilma, a defasagem é de 6,7%: — Se o reajuste fosse de 6,5% em 2015, quem ganha
R$ 6.500 teria uma economia a mais de R$ 214 no ano. Com a correção, a partir
de 2015, a faixa de isenção, por exemplo, subirá de R$ 1.787,77 para R$
1.868,22. Já a faixa de renda sobre a qual incide a alíquota do IR de 7,5%
subirá de R$ 2.679,29 para R$ 2.799,86. No caso da alíquota de 15%, o limite de
rendimentos subirá de R$ 3.572,43 para R$ 3.733,19, segundo nota do Ministério
da Fazenda. Perguntado se o trabalhador não mereceria uma correção maior da
tabela do Imposto de Renda, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, culpou
“governos elitistas” pela defasagem. — O trabalhador merecia tudo. Muito mais.
Ocorre que temos um acúmulo de dezenas de anos de governos elitistas que
governaram para as elites — afirmou ele, antes de participar da festa de 1º de
Maio organizada pela Força Sindical, em São Paulo. O presidente nacional do
PSDB, senador Aécio Neves, disse em entrevista à Rádio Jovem Pan, de São Paulo,
que apresentará na segunda-feira proposta de emenda de reajuste da tabela do IR
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) nos próximos cinco anos. O
Sindifisco também vem trabalhando pela aprovação do projeto de lei 6.094/13,
que corrige a tabela e será votado na próxima semana na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O texto propõe que o imposto
seja reajustado entre 2015 e 2024 em 5%, mais a variação do rendimento médio do
trabalhador, medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pmad).
Após 2024, os 5% sairiam desse cálculo.
Mais estímulos
O
economista e professor da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda considera que apesar
do efeito sobre as contas públicas, o salário mínimo também vai impulsionar a
atividade econômica: — Em 2015, com ou sem reeleição, será um ano de ajuste, em
um cenário internacional complexo e em que as contas públicas estão no limite. Lacerda
vê no conjunto de medidas, que incluiu a correção da tabela do IR e o reajuste
de 10% do Bolsa Família, uma tentativa de conter a perda de popularidade de
Dilma nas pesquisas.
Fonte:
O Globo
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