Em janeiro, Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo disparou e chegou a 1,24%, puxado por
aumento nas despesas das famílias com energia elétrica, alimentos e transporte
público, o que pode levar a mais um aumento da taxa básica de juros.
A inflação oficial disparou em janeiro,
impulsionada pelos aumentos nas despesas das famílias com energia elétrica, alimentos
e transporte público. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou
em 1,24% no mês, o maior avanço em 12 anos, informou na sexta-feira o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante de uma inflação tão pressionada,
analistas reforçam as apostas num estouro do teto da meta de tolerância do
governo em 2015 (de 6,5%) e cogitam nova alta de 0,5 ponto percentual na taxa
básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, em março. Porém,
na opinião de Marcel Caparoz, da RC Consultores, uma nova elevação na taxa básica
de juros não corrigirá o problema da inflação pressionada. “Pelo contrário, só
terá o potencial de intensificar o mergulho da economia numa recessão. O
desequilíbrio dos preços de hoje é resultado da expansão desenfreada dos gastos
públicos dos últimos anos” disse Caparoz. Conta de luz, ônibus urbano, batata-inglesa,
cigarro, feijão e tomate foram alguns dos itens que pesaram mais no bolso das
famílias neste início do ano. A inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,14%, a
mais alta desde setembro de 2011. No Rio de Janeiro, a taxa foi de quase 9%. A
consultoria Rosenberg Associados acredita que o próprio governo tenha
abandonado a meta de inflação em 2015, por conta de uma necessidade mais
urgente de reequilibrar as contas públicas. “Em alguma hora aqueles preços
todos que estavam represados lá atrás teriam que ser repassados. Passadas as
eleições, agora entramos numa onda Levy (o ministro da Fazenda, Joaquim Levy) de
realismo tarifário” avaliou Leonardo França Costa, economista da Rosenberg,
referindo-se aos aumentos na tarifa de energia elétrica e elevação nos preços
dos combustíveis. A Rosenberg prevê um IPCA de 7,1% ao fim de 2015. A estiagem
exerceu uma das principais pressões sobre a inflação de janeiro, segundo Eulina
Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. “De fato, em
janeiro, tem algum fenômeno climático que atrapalha, que faz subir preços de
alimentos. Mas neste ano em especial o problema está agravado por conta da seca,
que fez com que aumentasse o custo não só de alimentos, mas de outros itens
importantes para o consumidor”, disse Eulina, citando os reajustes de taxa de
água e esgoto e da tarifa de energia elétrica. A conta de luz ficou 8,27% mais
cara em janeiro – item de maior contribuição para a inflação do mês –, como
resultado de reajustes em algumas regiões e da entrada em vigor do sistema de
bandeiras tarifárias, que repassa ao consumidor o custo mais alto do acionamento
das usinas térmicas diante do período de estiagem. “A energia elétrica será o
grande vilão do ano”, apontou Costa. A coordenadora do IBGE acredita que a seca
contribuiu para que a taxa do IPCA acumulada em 12 meses ficasse acima de 7%
pela primeira vez desde 2011. Quanto à manutenção desse patamar em fevereiro, ela
avalia que depende das condições climáticas. “Durante o ano de 2014, a taxa (em
12 meses) girou em torno de 6,5%, e agora passou para 7%. Daqui por diante,
tudo vai depender da continuidade ou não desses fenômenos climáticos que são
totalmente imprevisíveis”, opinou Eulina.
Fevereiro
Em fevereiro, a inflação oficial deve se
manter elevada. “Os meses de fevereiro são tradicionalmente pressionados, porque
é quando o IPCA apropria os reajustes das escolas. Os reajustes das escolas não
são diluídos ao longo do ano, eles são concentrados em fevereiro. Além disso,
tem o aumento de impostos da gasolina”, lembrou a coordenadora do IBGE. O
próximo IPCA absorverá também os efeitos residuais de aumentos nos transportes,
tarifa de energia e cigarros, mais o aumento de 14,23% em fevereiro na taxa de
embarque de passagens aéreas. A expectativa de que a inflação não dará trégua
ao longo do ano deve dificultar o trabalho do Banco Central na condução da taxa
básica de juros, ressaltou a economista Natalia Cotarelli, do Banco Indusval
& Partners (BI&P). “Esperamos que o BC continue o ciclo de aperto
monetário, com uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião (em março).
No entanto, não descartamos mais um aumento de 0,50 ponto”, previu Natália.
Fonte:
JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário