A inflação de combustíveis e energia elétrica
deve atingir em cheio o bolso dos brasileiros e levar o comércio varejista a
registrar em 2015 o seu pior resultado em 12 anos. Estudo da Confederação
Nacional do Comércio (CNC) ao qual o GLOBO teve acesso com exclusividade
reduziu de 2,95% para 2,47% a projeção do crescimento para as vendas este ano.
Se confirmado, esse será o pior desempenho do setor desde 2003 – quando as
vendas caíram 3,7%. A estimativa para o resultado do varejo foi reduzida em 0,5
ponto percentual, devido à nova expectativa da ata do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na quinta-feira, de aumento de
9,3% nas tarifas e preços controlados pelo governo em 2015. Em dezembro, a
projeção era de alta de 6,2%. Além disso, o mercado espera uma expansão perto
de zero da atividade econômica este ano. O economista Fábio Bentes, responsável
pelo estudo, explicou que, com a renda comprometida pelos reajustes, os
brasileiros vão sair menos às compras. - O orçamento do consumidor está
pressionado por outros gastos e isso comprime o seu potencial de consumo. O
efeito é a desaceleração das vendas no comércio - explicou Bentes. Na ata do
Copom, a autoridade monetária estimou em 8% o aumento do preço da gasolina e em
27,6% o da energia elétrica este ano. Bentes disse que, historicamente, as
vendas do varejo respondem ao comportamento dos preços administrados. Para se
ter uma ideia, em 2005, quando esses preços subiram 9%, as vendas do setor
cresceram 4,8%. No ano seguinte, quando os preços administrados cresceram 4,3%,
o comércio reagiu melhor, com alta de 6,2% nas vendas. Em 2007, essa relação
ficou ainda mais clara: alta de 1,7% nos preços controlados e de 9,7% nas
vendas. Em 2010, esses percentuais foram de 3,1% e 10,9%, respectivamente. - Ao
longo dos anos, os picos de vendas do varejo coincidem com períodos de inflação
baixa nos bens e serviços com preços administrados - afirmou o economista da
CNC. Bentes lembrou que, em dezembro, a confederação considerava alguma
possibilidade de recuperação em 2015, depois de o setor registrar em 2014
(2,6%) o seu pior resultado em 11 anos. - Diante dos anúncios recentes sobre os
reajustes esperados em alguns bens e serviços como combustíveis e energia
elétrica, podemos dizer que hoje essa possibilidade é muito remota - observou o
economista.
Fonte:
O Globo
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