TABELA DO IR - Governo economiza R$ 1,4 bi com correção a partir de abril.


Na contramão do recuo esperado, as negociações do governo que resultaram numa correção escalonada da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) foram mais vantajosas para a equipe econômica e acabaram reduzindo o impacto fiscal previsto para este ano. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conseguiu economizar em R$ 1,4 bilhão a perda de receita com a correção da tabela em 2015. Parte do impacto, no entanto, ocorrerá em 2016, quando os contribuintes fizerem o ajuste anual referente ao exercício de 2015. Ou seja, uma parte da perda de arrecadação acaba sendo transferida para o ano que vem. Enquanto a correção linear do IRPF em 4,5% custaria R$ 5,3 bilhões de renúncia fiscal, o escalonamento do reajuste acertado ontem com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, significará uma renúncia de R$ 3,9 bilhões. Essa diferença decorre do acerto com o Congresso para que a correção da tabela só entre em vigor a partir de 2 de abril. Sem a retroatividade do reajuste, o contribuinte terá um recolhimento maior do Imposto de Renda nos meses de janeiro a março, favorecendo o ajuste fiscal de 2015. Se não tivesse sido vetada pela presidente Dilma Rousseff, a correção da tabela em 6,5% aprovada pelo Congresso em dezembro de 2014 já estaria em vigor. Neste caso, no ano cheio, de janeiro a dezembro, os cálculos do governo apontavam para renúncia fiscal de R$ 6 bilhões. Mais do que reduzir o impacto fiscal previsto para 2015, o ministro da Fazenda conseguiu barrar o custo de R$ 7 bilhões que o governo teria caso o Congresso derrubasse o veto da presidente Dilma e entrasse em vigor a correção de 6,5%, hipótese dada como certa e que levou as lideranças do governo a buscar o diálogo com os congressistas.
Escalonamento
Diante do risco de nova derrota na votação do veto, a solução encontrada foi o escalonamento do reajuste da tabela, de 4,5% até 6,5% de acordo com a faixa de renda do contribuinte. Quem ganha mais, terá o reajuste menor de 4,5%. Entre os R$ 3,9 bilhões que o governo deixará de arrecadar este ano com a solução negociada e os R$ 7 bilhões previstos inicialmente com a correção linear de 6,5%, o governo evitou uma ampliação da perda de receita de R$ 3,1 bilhões. Depois da crise deflagrada na semana passada com a retirada da Medida Provisória (MP) de desoneração da folha, a negociação do ministro Levy com o Congresso foi interpretada por interlocutores do governo com uma abertura do diálogo e flexibilidade para negociar. No anúncio do acordo na última terça-feira, o ministro não explicou que o impacto em 2015 seria de R$ 3,9 bilhões. Ele comentou apenas que a perda anual de arrecadação seria de R$ 6 bilhões, o que acabou abrindo espaço para avaliações de que o governo havia cedido demais. Além da participação do ministro Levy na linha de frente, as negociações tiveram ajuda importante do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, do PMDB, que segundo fontes foi fundamental na costura do acordo com as lideranças do seu partido. Uma MP com a nova tabela escalonada foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Agora, o governo vai aguardar a aprovação da medida provisória com a mudança na tabela para reenviar ao Congresso a proposta de redução das desonerações na folha de pagamentos de 56 setores. Com a aprovação da escala de reajuste, serão fixadas quatro faixas de correção da tabela. Contribuintes com renda mensal de até R$ 1.903,98 ficarão isentos. Aqueles com renda entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65 serão taxados com uma alíquota de 7,5%; os que ganham entre R$ 2.826,66 e R$ 3.751,05 serão taxados a uma alíquota de 15%; para quem recebe entre R$ 3.751,06 e 4.664,68, a cobrança será de 22,5%; para os contribuintes com renda superior a R$ 4.664,68, a alíquota será cheia, de 27,5%. O reajuste de deduções de dependentes e gastos de educação ficou em 5,5%. Para contribuintes com mais de 65 anos, a correção será de 6,5%. A Receita informou que os contribuintes terão apenas uma correção parcial no ajuste anual do IRPF 2016, ano-base 2015, por causa dos três meses em que a tabela nova não vigorou. A correção escalonada da tabela do IRPF negociada com o Congresso Nacional só valerá para 2015. Para o IRPF de 2016, terá de haver uma nova negociação de reajuste da tabela. (Colaborou Victor Martins)






Fonte: JC

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