O quadro de deterioração das expectativas
para o cenário econômico de 2015 está cada vez mais consolidado. No Relatório
de Mercado Focus de ontem, analistas do setor privado ajustaram mais uma vez
para pior suas previsões para o rumo da atividade e da inflação. Pelos cálculos
dos cerca de 100 profissionais consultados semanalmente pelo Banco Central, a
inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
deverá fechar o ano em 8,46%. Foi a oitava revisão consecutiva para cima. Já
para o Produto Interno Bruto (PIB) as estimativas só derretem. Estão agora em
retração de 1,3%. A alteração das projeções para a atividade está calcada em
uma revisão mais drástica para a produção industrial, que, em apenas uma
semana, mergulhou de -2,8% para -3,2%. Para 2016, a perspectiva é de melhora
ainda que tímida tanto no campo da inflação quanto da economia, mas não houve
alteração das previsões divulgadas ontem pelo BC. Os preços devem subir 5,5% –
patamar em que se encontram há três semanas – e o PIB deve ter expansão de 1%,
estimativa congelada nesse nível há dois meses. A equipe de economistas da Sul América
de Investimentos prevê justamente um avanço de 8,46% para o IPCA deste ano. A
expectativa do economista-chefe da instituição, Newton Camargo Rosa, é de que a
inflação volte a recuar no ano que vem, atingindo a marca de 4,8%. Ainda que
acima da meta de 4,5% perseguida pelo BC, a taxa aguardada para 2016 é bem mais
amena do que a projetada para 2015. Os porta-vozes da equipe econômica têm
enfatizado que 2015 é um ano de transição. O BC já jogou a toalha em relação ao
cumprimento da meta deste ano e diz que trabalha para que os efeitos trazidos pela
alta das tarifas públicas e pelo câmbio não contaminem o índice do ano que vem.
No Ministério da Fazenda, o foco agora é no aumento do caixa, seja por meio de
cortes de gastos ou, principalmente, por alta de impostos.
Preços
administrados
Os preços administrados pelo governo devem
ter elevação de 13,94% este ano, segundo os participantes do boletim Focus. A
mudança foi um ajuste em relação à estimativa anterior para esse conjunto de
preços, que estava em 13,9%. Para 2016, houve manutenção da previsão em 5,8%.
Para o câmbio, os economistas também não mexeram nas expectativas de cotação a
R$ 3,20 no fechamento de dezembro e de R$ 3,30 um ano depois. O momento agora é
o de aguardar os argumentos que levaram a diretoria do BC a aumentar mais uma vez
a taxa básica de juros, a Selic, na semana passada. Desta vez, o avanço foi de 13,25%
para 13,75% ao ano. Na pesquisa Focus, ficaram paralisadas em 14% e em 12% ao
ano as projeções para a Selic de 2015 e 2016. Poucas foram as mudanças de humor
também em relação ao setor externo. A Focus trouxe leve ajuste das previsões para
a balança comercial deste ano, que passou de superávit de US$ 3 bilhões para
US$ 3,1 bilhões. Para 2016, o ponto central do levantamento prosseguiu com um
saldo comercial de US$ 10 bilhões de uma semana para outra. No caso da conta
corrente, o mercado financeiro ampliou a projeção de um déficit de US$ 83,3
bilhões para US$ 84,1 bilhões neste ano, mas diminuiu o do ano que vem de US$
76 bilhões para US$ 75,5 bilhões. Os analistas consultados estimam que o
ingresso de investimentos para o setor produtivo será insuficiente para cobrir
esse resultado negativo, já que as estimativas para o Investimento Direto no
País (IDP) passou para US$ 67,5 bilhões em 2015 e se manteve em US$ 65 bilhões
para 2016.
Fonte:
JC
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