O endividamento das famílias bateu novo
recorde em abril e atingiu 46,3% da renda anual. Esse é o percentual mais alto
da série do Banco Central, que começou em janeiro de 2005 marcando 18,42%. Em
10 anos, o estoque das dívidas mais do que dobrou em relação ao rendimento de
12 meses. O brasileiro tem gasto quase 10% do que ganha só com pagamento de
juros. Crescer via consumo está mais difícil. O olhar mais amplo sobre a série
histórica mostra como as famílias foram incentivadas a se endividar nos últimos
anos. Em 2005, 15,75% da renda mensal era gasta com pagamento de dívidas. Em
abril deste ano, o percentual era 21,98%. Dentro desse montante, o gasto com
juros dobrou, de 4,77% para 9,46%. O brasileiro está endividado, tem pago mais
juros para rolar os financiamentos e sente a inflação corroer um pedaço da
renda. O bolso é atacado pelos dois lados. Nos últimos quatro anos, o
endividamento imobiliário tem crescido, enquanto outras dívidas estão sendo
reduzidas. O total de dívidas não imobiliária caiu de 31,4% da renda anual, em
outubro de 2011, para 27,6% em abril deste ano. Ao mesmo tempo, o endividamento
imobiliário saltou oito pontos, para 18,6%. Ao contratar mais crédito para o
financiamento da casa própria, tem sobrado menos espaço no orçamento para
outras compras. O governo diz que o crescimento da dívida imobiliária é
positivo porque libera o pagamento de aluguel. Mas também torna o gasto mensal
da família mais elevado, porque, além do serviço da dívida, é preciso pagar os
juros sobre o crédito contratado. Mesmo sendo subsidiados, juros em torno de 8%
a 9% ao ano, como os oferecidos pela Caixa Econômica, são altos na comparação
com qualquer país do mundo. Vejam na tabela os números, eles ajudam a entender
por que o consumo das famílias tem perdido fôlego nos últimos meses. Esse motor
do crescimento está falhando depois de quase uma década de estímulo às dívidas.
A saída para a recuperação do PIB do país está nas exportações, e,
principalmente, nos investimentos.
Mais
mordidas na renda
A inflação deve comer mais pedaços da renda
nos próximos meses. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, estima que a
taxa de maio, com a alta dos alimentos, será maior que a do mesmo período do
ano passado. Com isso, o acumulado em 12 meses pode acelerar de 8,17% para
8,38%. O mesmo deve acontecer em junho e julho, quando o IPCA se aproximará de
9%. A taxa de maio sai na quarta-feira.
Emprego
nos EUA pressiona o dólar
Com a criação em maio de 280 mil empregos,
acima das expectativas, o mercado aumentou suas apostas na alta dos juros
americanos até o fim deste ano. Ontem, 29,7% das posições no mercado futuro
acreditavam na elevação já em setembro. Na quinta-feira, antes da divulgação
sobre o mercado de trabalho, eram 24,4%. Para a reunião de dezembro, as apostas
subiram para 59,3%. O levantamento foi feito pela corretora Mirae Securities. A
alta dos juros por lá pressiona a cotação do dólar aqui.
Fonte:
O Globo
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