O ouro (segmento BM&F) teve o melhor
desempenho do balanço de investimentos de agosto, com alta de 8,91%. Em
seguida, aparece o dólar comercial, com alta de 6,32%. Dentre os investimentos
de renda fixa, que são mais conservadores, os fundos DI, que investem em
aplicações que acompanham a variação da taxa DI (que tem comportamento
semelhante à taxa meta Selic), apresentaram o melhor resultado (+1,17%).
Veja, na tabela a seguir, as variações de
alguns dos principais índices e investimentos do mercado em agosto e no
acumulado do ano:
Os rendimentos de todos os fundos da tabela
são referentes ao dia 26 de agosto. As expectativas sobre o IGP-M e o IPCA
foram fechadas no dia 28 de agosto, assim como o rendimento do ouro. Já os
dados sobre as poupanças nova e antiga, CDI e Selic são relativos ao dia 30. As
rentabilidades do dólar, títulos públicos, Selic, Ibovespa e Ifix tiveram como
base o fechamento do dia 31.
Renda
fixa
Os fundos referenciados DI tiveram o melhor
rendimento dentre as aplicações de renda fixa, que são aquelas que já têm sua
forma de remuneração definida no início do investimento. O Tesouro Selic
(antiga LFT) com vencimento em 2017, título público que acompanha a variação da
taxa meta Selic, apresentou o segundo melhor resultado da renda fixa. Ambas as
aplicações se beneficiam com a alta dos juros básicos da economia. Enquanto os
fundos DI aplicam em diferentes títulos do mercado com o objetivo de apresentar
um rendimento próximo à taxa DI, o Tesouro Selic paga ao investidor a variação
diária da taxa meta Selic durante o período do investimento, portanto as duas
opções tendem a se destacar quando os juros estão em um patamar elevado -
atualmente a taxa meta Selic está aos 14,25% ao ano. Já os títulos Tesouro
IPCA+, que pagam ao investidor uma taxa de juro prefixada, mais a variação da
inflação medida pelo IPCA, apresentaram variações negativas. Isso ocorre porque
esses títulos sofrem o efeito da chamada marcação a mercado. De forma bem
simplificada, isso acontece quando o investidor tem na mão um título que paga
uma determinada taxa e a expectativa sobre os juros básicos da economia no
futuro sobe. Como o título que o investidor tem em mãos paga uma taxa inferior
à expectativa dessa taxa no futuro, seu papel fica desvantajoso. Assim, quando
é feita a marcação a mercado, que verifica o preço justo daquele título no
presente, o resultado é negativo e o investidor pode ter prejuízo ao vender o
título. "Por causa da alta das
expectativas dos juros no futuro, os títulos Tesouro IPCA+ foram prejudicados",
afirma o professor de finanças Alexandre Cabral. De qualquer forma, o prejuízo
dos títulos públicos que sofrem marcação a mercado só será concretizado se eles
forem vendidos antes do vencimento, já que nesse caso o investidor se submete a
vendê-los pelo preço que o mercado está disposto a pagar. Caso esses títulos
sejam levados até o vencimento, eles pagam exatamente a remuneração prometida
no início do investimento, que no caso do Tesouro IPCA+ tem girado em torno de
7% ao ano mais o IPCA. Para não ter prejuízos com os títulos e ao mesmo tempo
capturar as taxas atrativas que eles estão oferecendo no momento, Olivia
Paganini, gerente de investimentos da Guide, recomenda que o investidor aplique
em diferentes papéis. "É importante que o investidor diversifique,
aplicando em títulos com taxas prefixadas e títulos pós-fixados, que seguem
indicadores como a Selic. Ao ter uma carteira de investimentos diversificada,
essa composição mitiga riscos e em uma janela de tempo maior, como alguns
meses, ou anos, gera um rendimento maior", afirma Paganini. Dentre os
títulos públicos mostrados na tabela, atualmente estão disponíveis para compra
o Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal), Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035
(NTN-B), Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) e Tesouro IPCA+ 2035
(NTN-B Principal).
Conheça os riscos dos títulos públicos e
saiba quais deles são mais seguros.
Renda
variável
Dentre os ativos de renda variável, que são
aqueles que não têm sua forma de remuneração pré-definida, o ouro apresentou o
melhor rendimento, seguido pelo dólar. O ouro é um investimento que costuma se
valorizar em momentos de incerteza. Como é um ativo que possui lastro, ele é
visto como uma reserva de segurança. "Quando o mundo vai bem, o ouro vai
mal e quando o mundo vai mal, o ouro sobe porque os investidores buscam mais
segurança", comenta Alexandre Cabral. Já o dólar subiu ainda mais neste
mês tanto por causa de fatores internos, quanto externos. Dentre os fatores
domésticos que puxaram a alta destacam-se: a divulgação do PIB brasileiro do
segundo trimestre de 2015, que apresentou queda de 1,9% em relação ao trimestre
anterior; e a previsão de um déficit primário de 30,5 bilhões de reais em 2016,
que pode levar o Brasil a perder o grau de investimento, espécie de selo de bom
pagador do pais. No mercado externo, os principais fatores de pressão do câmbio
são as recentes notícias de desaceleração da economia chinesa. "A China
causou um grande estrago no mês. O temor sobre a desaceleração do país leva
investidores a migrarem seus recursos para os Estados Unidos. Além disso, a
situação da China traz um temor geral sobre o investimento em países de
terceiro mundo e o Brasil paga o pato", afirma Cabral. Os fundos de
investimento multimercado macro registraram o terceiro melhor resultado do mês,
com alta de 3,49%. Esses tipos de fundos apostam em diferentes estratégias para
tentar obter o melhor rendimento, investindo em títulos públicos, moedas e na
renda variável, de acordo com o que o cenário macroeconômico aponta como mais
interessante. "Esse é um tipo de fundo que recomendamos para investidores
mais moderados. Muitos compram dólar e outras moedas, e se tiverem uma boa
gestão são bem interessantes para o investidor que quer capturar esses
movimentos do câmbio", diz Olivia Paganini. Ela acrescenta, no entanto,
que os investidores devem destinar apenas uma pequena parcela dos recursos a
esse tipo de fundo, já que eles podem apresentar prejuízos se a estratégia
empregada se revelar malsucedida. Com o enfraquecimento da economia chinesa e a
divulgação de novos dados que reforçam a deterioração da economia brasileira, o
Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, apresentou queda
expressiva em agosto, de -8,33%, e foi um dos destaques negativos do balanço.
Em linha com o Ibovespa, os fundos que aplicam em ações também apresentaram
quedas no mês.
Fonte:
Revista Exame
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