Avanços e recuos.

O recuo de 2% na produção industrial em julho, conforme os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contrapondo-se às expectativas positivas geradas pela divulgação, na sexta-feira, do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, não deixa de turvar de alguma forma, conforme analistas autorizados, as perspectivas para a economia brasileira tais como se delineiam na atual conjuntura. Isso, como se reconhece, na medida em que, puxada pelos altos estoques, sobretudo no setor automotivo, a retração na atividade industrial medida pelo Instituto expôs quedas disseminadas na produção de bens de capital (-3,3%), bens intermediários (-07%) e bens de consumo (-2,6%). Os resultados se convertem, assim, em um “sinal amarelo” para o PIB do próximo trimestre, a ponto, por exemplo, de Rogério Cesar Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), admitindo, como o fez, que “não esperávamos uma queda tão forte”, declarar ainda que “o resultado começa a comprometer a produção industrial deste ano e isso vai se refletir no PIB”. Diante constatação de que o indicador zerou a alta do mês anterior, de 2,1%, o próprio coordenador da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, André Macedo, declarou “não se recordar de uma indústria tão volátil e com tamanha magnitude nos últimos dez anos”. O economista do Iedi observara também que o resultado de julho sofreu influência, sobretudo, da adequação dos estoques da indústria: “Os empresários estão ajustando dia a dia, mês a mês, a sua produção. Não está claro qual a demanda e a situação do mercado, tanto interno quanto externo”. Lembrando que o setor automotivo registrou a principal queda, de 5,4% em relação a junho, ele assinalou que “o comportamento desse segmento está diretamente relacionado aos investimentos da indústria”, ressalvando, entretanto, que “ainda assim a queda não elimina os ganhos de 14,2% no acumulado do ano”. De qualquer modo, a retração é tida como reflexo da lenta recuperação da confiança dos empresários no cenário geral da economia, sem deixar de considerar, evidentemente, a esse respeito, o fato de que o Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 0,6% em agosto ante julho, por sinal o menor nível desde julho de 2009. De acordo, portanto, com os diversos indicadores, os fatores limitantes que incidem sobre a produção industrial e, por extensão, sobre o conjunto das atividades econômicas, de que ela representa uma referência básica, parecem não deixar lugar a dúvidas sobre os desafios que remanescem para a retomada de um nível razoável de crescimento, em bases realmente consistentes e diante de circunstâncias adversas cuja superação se requer, à luz de um processo de desenvolvimento com o devido teor de sustentabilidade.



Fonte: JC

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