Se
a cotação do dólar seguir despencando em relação ao real, o Banco Central
poderá não renovar integralmente o lote de contratos especiais de câmbio (swap)
que vencerá no final deste mês. Um assessor presidencial disse à Folha que o
Banco Central não permitirá uma queda acentuada do dólar, o que pode prejudicar
principalmente o setor exportador, da mesma forma como não permitiu uma alta
exagerada, no final de agosto. Naquele momento, o BC anunciou um programa de
leilões diários no mercado de câmbio, para segurar a cotação do dólar. Os
contratos cuja renovação estão agora em análise são operações anteriores a esse
programa. Pelos cálculos do mercado, vencem na virada de outubro para novembro
cerca de US$ 9 bilhões desses contratos de swap cambial. A discussão acontece
porque nos últimos dias, segundo a Folha apurou, a preocupação dentro do
governo Dilma Rousseff passou a ser o que fazer se houver uma queda muito forte
da taxa de câmbio no país. Segundo um assessor da presidente, o trabalho do BC
será evitar excesso de volatilidade nos dois sentidos. Internamente no governo,
não há uma decisão tomada. Há quem defenda que o momento não é apropriado para
reduzir o volume de contratos de swap cambial. Para o BC, a demanda pelo dólar
é que vai balizar a decisão. A possibilidade de não renovação gerou uma
polêmica no mercado, já que o momento ainda é considerado incerto para que o BC
reduza o estoque desses contratos. A indefinição sobre a questão fiscal nos
Estados Unidos -o Congresso e o governo de lá ainda não chegaram a um acordo
sobre o aumento do teto da dívida pública e a redução dos estímulos à economia
local ainda está em aberto- não favorece uma mudança de rumo no Brasil.
LEILÕES MANTIDOS
A
estratégia, em discussão na área econômica, é vista como uma alternativa para
conter uma oscilação brusca da moeda americana sem ter que alterar o programa
de leilões diários no mercado de câmbio, lançado para evitar que o valor do
dólar superasse os R$ 2,40 e caminhasse para uma cotação de R$ 2,50 (veja
quadro), pressionando a alta da inflação. O programa, que deve durar até o
final do ano, prevê que, de segunda a quinta, o BC vende US$ 500 milhões por
dia em contratos de swap cambial -uma operação que serve para dar proteção
contra altas do dólar no futuro. Nas sextas-feiras, é ofertado US$ 1 bilhão por
meio dos chamados leilões de linha -empréstimos de dólar que estão nas reservas
do país e que, no vencimento da operação, são recomprados pelo governo com
juros. A lógica dessas vendas é atender a demanda do mercado, sobretudo em
momentos de pressão por saída de moeda estrangeira do país, que faz a cotação
subir. Desde que o programa foi lançado, a taxa de câmbio recuou de R$ 2,43
para R$ 2,18.
Fonte: Folha de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário