O
vice-presidente da agência de classificação de risco Moody’s, Mauro Leos, disse
ontem que, desde novembro, quando a agência decidiu manter estável o rating do
Brasil, ocorreu uma deterioração das contas do governo. "Entre os fatores
que colaboraram para isso estão os empréstimos do Tesouro para bancos
públicos", comentou. A Moody’s dá ao Brasil rating Baa2, considerado grau
de investimento. Leos ponderou que o Brasil deve crescer ao redor de 2,5% em
2013 e 2014. Se as projeções forem confirmadas, significará que o País deve ter
uma tendência de expansão menor do que a média de 3,4%, registrada entre 2002 e
2012. No entanto, ele destacou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima
que o potencial de crescimento no Brasil deva estar entre 2,2% e 3,1%.
"Talvez a magnitude de expansão do País não seja a média avaliada nos
últimos dez anos", comentou. "Pode ser que essa seja uma das peças
que estão faltando no grande quebra-cabeças que é a economia brasileira." Na
avaliação do executivo, dois temas merecem destaques desfavoráveis na avaliação
de rating soberano do Brasil. Um deles é exatamente esse baixo crescimento da economia.
Outro é a deterioração do tamanho da dívida bruta, que deve ficar perto de 60%
do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, enquanto atinge uma média próxima de
35% do PIB para outros países emergentes com rating semelhante. Do lado
positivo, Leos destacou os bons indicadores de contas externas do Brasil, como baixo
endividamento em relação ao volume de US$ 370 bilhões de reservas
internacionais, o que é um sinal importante de que o País não apresenta
vulnerabilidades significativas nessa área. "Isso dá ao Brasil uma melhor condição
do que seus pares com o mesmo nível de rating soberano para lidar com eventuais
choques financeiros externos", destacou.
Classe média
Leos
também ressaltou outros fatores que têm potencial favorável para a nota
soberana do Brasil no médio prazo. Um deles é o aumento da classe média,
surgida com a melhora da distribuição de renda e geração de empregos registrada
na economia desde 2003. Um outro elemento é o programa de concessões em
infraestrutura, que, para ele, pode melhorar as condições de transportes e
logística do País, o que vai ajudar a reduzir custos de produção e melhorar o bem-estar
da população. Leos fez os comentários em São Paulo, em uma palestra promovida pela
Moody’s.
Fonte: JC
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