Se
a péssima qualidade da telefonia móvel celular do Brasil já causa indignação, o
usuário acaba de confirmar o que já suspeitava: além de ruins, as ligações
feitas no país são as mais caras do mundo. É o que revelou estudo realizado
pela União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), agência
da Organização das Nações Unidas (ONU). A ITU pesquisou as tarifas cobradas em
161 países. No Brasil, os preços foram levantados em São Paulo, onde, em média,
o minuto das chamadas entre aparelhos de uma mesma operadora custa US$ 0,71,
chegando a US$ 0,74 no caso de empresas diferentes e também de móvel para fixo.
As mais baratas do mundo são cobradas em Hong Kong (de até US$ 0,01 fora do
horário de pico), ou seja, nada menos do que 70 vezes menos do que as ligações
de celular brasileiras. Aqui se paga cinco vezes mais caro pelo minuto de
conversa ao celular do que é cobrado do usuário espanhol, três vezes mais do
que nos Estados Unidos e em Portugal. Mesmo comparada às tarifas de países
vizinhos, a do Brasil mantém uma distância inexplicável. Na Argentina, por
exemplo, o custo médio das ligações é de US$ 0,36 por minuto, ou seja, menos da
metade do que pagam os usuário brasileiros. Em disputa acirrada com os planos de
saúde pela liderança do campeonato brasileiro de reclamações nos Procons, a
qualidade da telefonia celular não guarda — como confirma a pesquisa da agência
da ONU — a menor relação com o preço cobrado pelo serviço. Com taxas de crescimento
anuais muito acima dos avanços da economia e do aumento da população nos
últimos anos, a explosão do celular no Brasil levou o país rapidamente a
ultrapassar a barreira dos 200 milhões de unidades, ou seja, temos mais
celulares ativos do que cidadãos. O problema é que a vertiginosa multiplicação
do número de usuários não foi acompanhada de investimentos na infraestrutura.
Encarregada de zelar pela qualidade do serviço prestado em concessão pública, a
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem se mostrado incapaz de
exercer fiscalização adequada. As operadoras, livres de qualquer sanção
governamental, acabam vendendo mais do que podem entregar, com óbvias consequências
sobre a qualidade das ligações. É o que torna mais preocupante a constatação da
pesquisa internacional de preço.
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário