Desde agosto, juros
do mercado descolaram referência do BC.
Mesmo passado o mês mais turbulento de 2015
no mercado financeiro, os investidores continuam projetando um aumento da taxa
básica de juros pelos próximos anos. Enquanto o Banco Central afirma que
pretende manter a Selic em 14,25% ao ano, os contratos futuros de juros para
2017 e 2021 operam acima dos 15% — reflexo, segundo analistas, da incerteza
política que fez o dólar ultrapassar os R$ 4.
O mercado de juros futuros incorpora a
expectativa dos investidores quanto ao futuro da Taxa Selic. Esses ativos
viveram sessões de forte estresse em setembro. Os contratos futuros de Depósito
Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 tomaram trajetória de
alta no início de agosto. O contrato encerrou julho aos 13,43% e atingiu 16,47%
em 23 de setembro. Naquele mesmo dia, o DI com vencimento em 2021 também
atingiu o pico, fechando em 16,80%. Mas, desde o fim de julho, a taxa básica de
juros está estável em 14,25% ao ano. — No momento extremo que a gente viveu,
houve uma espécie de ataque especulativo aos DIs, depois de o BC intervir no
câmbio e não conseguir segurá-lo — disse Raphael Figueredo, analista da Clear.
— Foi preciso então, no dia seguinte, o presidente do BC dizer que poderia usar
reservas e que não subirá juros para acalmar o mercado. Os investidores
respeitaram a autarquia. Desde então, os DIs recuaram. O contrato com prazo em
2017 fechou ontem em 15,45%, e o com vencimento em 2021, em 15,20% — ambos,
porém, ainda quase um ponto percentual acima da Selic. — Geralmente, os juros
mais longos são maiores que os mais curtos. O fato de isso não estar
acontecendo hoje mostra o grau de preocupação com a resolução da crise a curto
prazo — acrescentou Figueredo.
Fonte:
O Globo
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