Em setembro, R$ 5,29
bilhões saíram da modalidade de investimentos. Foi a maior retirada para meses
de setembro da série, que começa em 95.
A retirada de recursos superou as aplicações
na caderneta em R$ 53,79 bilhões de janeiro a setembro deste ano, informou o
Banco Central nesta terça-feira (6). É a maior retirada líquida de valores
dessa modalidade de investimento para os nove primeiros meses de um ano desde o
início da série histórica do BC, em 1995. O montante também supera, em muito, o
valor de toda a entrada de recursos registrada no ano de 2014 fechado – que foi
de R$ 24,03 bilhões. A saída de recursos da poupança acontece em um momento de
crise econômica e recessão, com alta de tributos, do desemprego, da inflação e
do endividamento das famílias.
Menos
recursos para a casa própria
A queda do volume de recursos aplicado na
caderneta de poupança também está impactando os financiamentos imobiliários,
uma vez que a modalidade é fonte de recursos para a casa própria. Pelas regras,
os bancos precisam destinar 65% dos saldos da poupança para o crédito
imobiliário. No começo deste mês, ficou caro financiar a casa própria pela
Caixa Econômica Federal, usando recursos da poupança. Foi a terceira alta das
taxas em 2015.
Mês de
setembro e saldo da poupança
Somente em setembro, a saída de recursos da
poupança, ainda de acordo com dados oficiais, somou R$ 5,29 bilhões. Foi a
maior retirada para meses de setembro desde o início da série histórica do BC,
em 1995. Também foi o nono mês consecutivo de saída de valores da poupança. Com
a forte saída de valores da poupança no acumulado deste ano, o volume total de
recursos aplicados na caderneta recuou. No fim do ano passado, o estoque de
recursos na poupança totalizava R$ 662,7 bilhões, passando para R$ 645 bilhões
em agosto. E, em setembro, caiu para R$ 644 bilhões.
Economia
em recessão
A forte evasão de recursos da caderneta
acontece em um momento difícil da economia, de recessão técnica, com queda do
PIB por dois trimestres consecutivos, alta da inflação (que em 12 meses até
agosto acumula alta de 9,53%), e também dos juros básicos da economia – os mais
altos em nove anos. O preço da energia elétrica tem avançado fortemente e a
previsão do BC, para o acumulado de 2015, é de uma alta de 50%. Além disso,
subiram vários tributos neste ano, diminuindo a renda disponível da população.
Avançaram impostos sobre empréstimos, importados, carros, cosméticos, cerveja,
vinhos, destilados, bancos, receitas financeiras das empresas, taxas de
fiscalização de serviços públicos, gasolina e exportações de manufaturados,
entre outros. Também foram promovidas limitações de benefícios sociais, como
seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte, além de
aumento da tributação sobre a folha de pagamentos. Todas estas medidas já
passaram pelo crivo do Congresso Nacional. O desemprego, por sua vez, também
não para de aumentar. A taxa registrada no segundo trimestre deste ano, de
8,3%, é a maior da série histórica, que teve início em 2012. Já o endividamento
das famílias com os bancos, em relação à renda acumulada dos últimos 12 meses,
atingiu 45,8% em junho – patamar historicamente elevado.
Rentabilidade
baixa
Para completar o quadro, a poupança tem
perdido atratividade frente a outros investimentos (veja no vídeo acima). Isso
ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já
o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano,
como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa
Referencial (TR). Com a taxa básica de juros da economia atualmente em 14,25%
ao ano, a caderneta de poupança perde para os fundos de renda fixa na maior
parte das situações, segundo estimativas da Associação Nacional de Executivos
de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo economistas, o
momento também é bom para investir no Tesouro Direto – programa criado em janeiro
de 2002, os investidores pessoa física podem comprar títulos públicos pela
internet, por meio de um banco ou corretora, sem precisar aplicar em um fundo
de investimentos. O Tesouro Direto, inclusive, tem batido vários recordes neste
ano.
Fundo
de reserva
Especialistas avaliam que a caderneta de
poupança, apesar da perda de rendimento com o processo de alta dos juros, ainda
pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos. Pode ser uma boa
alternativa, por exemplo, para pequenos poupadores (com pouco dinheiro
guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou
que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez
que não há incidência do Imposto de Renda. Nos fundos de investimento, ou até
mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela
internet) há cobrança do imposto de renda e, na maior parte dos casos, de taxa
de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide
com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem
aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.
Fonte:
G1
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