Fatos & versões


Quem se distrair com o noticiário sobre os podres do Congresso ou com as atas do Copom vai perder o pé sobre o que espera a economia neste fim de 2009 e ao longo de 2010, marcado pela probabilidade elevada de fim da recessão em todo mundo. E eleição presidencial.Não se deve fiar nas aparências. É mais acessório que substantivo o esfarinhamento moral do Congresso. Ele é real, mas vem de longe. Não expressa um processo de expiação redentor dos pecados. É mais o resultado de outro capítulo do choque de forças pelo controle do poder, antecedendo, ou querendo influenciar, a decisão do eleitor.A necrose moral da política foi da Câmara. Mais atrás, do governo federal. Hoje, é do Senado, encurvado pela agonia do ex-presidente da República e senador José Sarney, tornado símbolo do "familismo, patriarcalismo e nepotismo", como diria Gilberto Freire, do que há de mais ordinário na política, embora o seu prontuário seja comum à vasta maioria dos políticos. De quem o apóia e de quem o acusa.As atas das reuniões do Banco Central sobre a taxa Selic são como bálsamo diante do odor acre exalado pela política, já que técnicas e, portanto, supostamente racionais. Mas esta última, referente à reunião que cortou a Selic para 8,75% na semana passada, não teve intenções florais. É o que a torna, tal como a política, um dado a mais a considerar, mas com o cuidado de não se superestimar o seu efeito real sobre o comportamento futuro da economia.Para o BC, como que enfastiado pela dieta da Selic desde o último pico de 13,75%, sua posição no início de janeiro, é hora de parar e ver como fica, ainda que reconheça que a "elevada ociosidade" da indústria, como diz a ata, "não deve ser eliminada rapidamente", o que limita as pressões inflacionárias para frente.Mais que isso: tem feito a inflação surpreender os analistas com variações mensais seguidas muito menores que o previsto. Caso em julho do IGP-M, a inflação da FGV fechada no meio de cada mês, que desinflou 0,43% em relação a junho, quando já recuara 0,10%. E do IPCA-15 também. A inflação oficial, medida pelo IBGE, variou 0,22% em julho, acumulando alta de 4,47% em doze meses pela primeira vez desde dezembro de 2007 abaixo da meta anual de 4,5%. Sua queda é constante, vindo de aumento de 0,59% em maio e 0,38% em junho.
Fonte: JC

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