Vacina Astra-Oxford ainda entre líderes, apesar de atraso nos EUA

Altas taxas de casos e o grande número de participantes em outros ensaios ao redor do mundo devem ajudar a manter o programa de vacinação em andamento

 

A suspensão de sete semanas do ensaio nos Estados Unidos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford tirou a candidata da pole position, mas ainda é uma das primeiras na corrida para a imunização.

As altas taxas de casos, conforme a pandemia recupera força, e o grande número de participantes em outros ensaios ao redor do mundo devem ajudar a manter o programa de vacinação em andamento, de acordo com cientistas.

A FDA, que regula fármacos e alimentos nos EUA, autorizou a retomada do ensaio na sexta-feira, quase dois meses depois que uma pessoa que participava do estudo do Reino Unido ficou doente e semanas após reguladores de outros países liberarem a retomada dos testes.

Um diagnóstico inicial de mielite transversa, uma rara doença neurológica, foi descartado, e a Oxford disse posteriormente que os sintomas da pessoa incluíam fraqueza nos membros, e que era improvável que estivessem relacionados à vacina.

A rápida retomada dos outros ensaios permitirá que autoridades de saúde analisem mais dados à medida que o estudo avança nos EUA. O número crescente de casos na Europa e nos EUA ajuda, porque os participantes dos ensaios precisam ser expostos a uma quantidade suficiente do coronavírus para mostrar diferença significativa nas taxas de infecção entre os que tomaram a injeção e outros que receberam placebo.

“O estudo da AstraZeneca cobre pelo menos quatro países e, à medida que os casos de covid-19 aumentam no mundo todo, isso vai encurtar o tempo para obter dados suficientes de retorno”, disse Gordon Dougan, professor da Universidade de Cambridge, que contribuiu para o desenvolvimento de uma série de vacinas importantes, incluindo algumas para cólera e febre tifoide. “Não acho que a interrupção do ensaio causará um atraso muito grande em termos de prazos.”

Próximas análises

Representantes da FDA e da Astra não quiseram comentar o impacto do atraso. A empresa disse na sexta-feira que espera resultados dos ensaios em estágio final neste ano, dependendo das taxas de infecção. A vacina produziu forte resposta imunológica em adultos mais velhos em um ensaio anterior, disse a empresa na segunda-feira, ecoando dados divulgados anteriormente em voluntários mais jovens.Outros fabricantes de medicamentos correm para produzir uma vacina contra coronavírus eficaz até o fim do ano. Várias empresas buscam enviar dados para aprovação em breve. A Pfizer disse que poderia buscar autorização de uso emergencial nos EUA até o fim de novembro para sua vacina com a parceira alemã BioNTech, enquanto a Moderna também considera a possibilidade de buscar aprovação emergencial em 2020.

Mais de 20 mil voluntários participaram dos testes Astra-Oxford fora dos Estados Unidos, em países como Reino Unido, Brasil e África do Sul, e outros 30 mil devem participar do estudo americano. Durante a pausa, coordenadores do ensaio nos EUA não conseguiram recrutar novos voluntários.

Segunda dose


A interrupção pode ter criado uma pausa no cronograma para o regime de duas doses da vacina, de acordo com Beate Kampmann, professora de infecção pediátrica e imunidade na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, mas como o ensaio havia começado há apenas uma semana antes, o impacto deve ser mínimo.

“É claro que a pausa pode ter afetado o intervalo para a segunda dose da vacina”, o que pode ter impedido alguns voluntários de continuar no ensaio, disse Kampmann. Mas “é mais importante concluir esses ensaios com a diligência prévia necessária do que apressar o cronograma por causa de algumas semanas”.

STJ anula recuperação judicial por fraude no procedimento

Por decisão unânime, a 3ª turma do STJ restabeleceu sentença que anulou recuperação judicial por fraudes perpetradas. A decisão é favorável ao Banco do Nordeste, um dos credores das recuperandas.

O banco alegou na Justiça a ocorrência de "flagrante conluio fraudulento" na recuperação judicial. Conforme o banco, houve atuação de credores via subterfúgios para obterem maior poder de voto em detrimento da instituição.

O juízo de 1º grau anulou a recuperação, a partir do acolhimento das alegações do banco de que foram feitas diversas alterações contratuais objetivando burlar o procedimento com a manipulação da votação na assembleia.

A sentença foi reformada pelo TJ/SE, sob entendimento de que a extinção da recuperação pelo juízo de piso ofendeu a hierarquia das decisões judiciais, pois a Corte já teria decidido a questão relativa a suposta fraude.

O relator, ministro Ricardo Cueva, restabeleceu a sentença, ao concluir pela falha na prestação jurisdicional do Tribunal de origem. O voto de S. Exa. menciona que a matéria da fraude não foi analisada em sua integralidade.

"O acórdão recorrido reformou a sentença essencialmente sob argumento de preclusão da matéria, no sentido de que já teria sido objeto de agravo de instrumento. Essa conclusão é equivocada."

Conforme Cueva, as alterações contratuais não foram analisadas pelo Tribunal sob o enfoque dado na sentença de manipulação da assembleia, o que afasta a conclusão de que a matéria já teria sido objeto de análise em agravo de instrumento.

"A sentença deve ser confirmada tendo em vista a clara utilização do processo de recuperação para a prática de atos consubstanciados no não pagamento de dívida de R$ 110 milhões contraída pelas empresas recuperandas perante o Banco do Nordeste."

A turma acompanhou o relator à unanimidade, com o restabelecimento, também, de multa por litigância de má-fé, sugerida pela ministra Nancy.



Fonte: Migalhas