Receita publicará regras de ajuste da declaração do IR

As regras para a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) deste ano, sobre rendimentos do ano passado, serão praticamente iguais às da última declaração, com inclusão de “pequenos ajustes” decorrentes da correção da tabela de deduções. A informação foi dada pela coordenadora da área de Imposto de Renda da Receita Federal, Cláudia Lúcia Pimentel.A Receita deve publicar instrução normativa até o fim da semana que vem, com o detalhamento decorrente da correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda, que eleva o limite de isenção de R$ 1.566,61 em 2011, para os atuais R$ 1.637,11. Também aumenta o limite para abatimento da renda tributável na declaração simplificada, que passa de R$ 13.317,09 para R$ 13.916,36.A aplicação dos 4,5% corrige também os limites de declaração obrigatória para o assalariado que teve rendimento tributável anual de R$ 22.487,25 em 2010 e passou para R$ 23.499,17 em 2011, e para o produtor rural que obteve rendimentos acima de R$ 112.436,25 em 2010, agora reajustados para R$ 117.495,88. Números que ainda precisam ser confirmados na instrução normativa da Receita.No ano passado, o contribuinte pôde deduzir R$ 1.808,28 por dependente; R$ 2.830,84 com educação e R$ 810,60 com contribuição previdenciária de emprego doméstico. Com a correção de 4,5%, as deduções passam para R$ 1.889,65 por dependente, R$ 2.958,22 com educação e R$ 847,07 nas contribuições de trabalho doméstico para a Previdência Social.Claudia Pimentel entende que a divulgação das regras de declaração do IR precisa ser feita com bastante antecedência para que o contribuinte se prepare para cumprir o prazo de entrega da declaração, nos meses de março e abril.Ressalvou, contudo, que a demora se deve à adaptação da Lei 12.594, do dia 18, que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socieducativo (Sinase), que regulamenta a execução de medidas de apoio a adolescentes que praticam algum tipo de infração. O Artigo 87 permite que doações para fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, nos três níveis de governo, sejam deduzidas do Imposto de Renda, quando devidamente comprovadas, desde que obedecidos os limites de 1% do imposto devido, no caso de pessoa jurídica (empresa), e de 6% quando o doador for pessoa física.A Receita lembra que, como no ano passado, as declarações só serão recebidas por meio eletrônico, via internet, que, além de comodidade para o declarante, oferece mais agilidade e segurança ao processo. Tanto que 24,37 milhões de pessoas cumpriram a obrigação com o Fisco dentro do prazo, no ano passado.

Fonte: JC

Vox populi, vox PT

No período de 17 a 31 de outubro do ano passado, o Senado realizou pesquisa para conhecer a opinião do eleitor sobre a proposta que estabelece a maioridade civil e penal aos 16 anos. A humanidade consagra o dogma segundo o qual “vox populi, vox dei”. Ouvidos 4.109 brasileiros, 87,3% votaram a favor e apenas 12,7%, contra. Ouvida a voz do povo, a Mesa Diretora da Casa incluiu, como primeiro item da pauta de votações, após 13 anos de tramitação, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. A dúvida é se a bancada aliada do governo optará em rejeitar a proposta – ignorando a vontade expressa por nove entre cada dez eleitores – ou vai articular as bases para mantê-la engavetada por mais 13 anos. O relator Demóstenes Torres (GO) entende não haver justificativa para manter a proposta arquivada. E afirma: "O governo tem de assumir o ônus porque sabe que a rejeição é uma medida impopular. Esses crimes de sangue não podem continuar impunes." Líder do DEM, o senador afirma não ter mais sustentação a voz dos petistas de que a violência tem causa social. "Sobretudo depois de a violência ter explodido nas localidades onde houve melhoria de vida", argumenta. Está coberto de razão.



Fonte: JC

Afinal, o que é coaching ?

Coaching é o processo de apoiar uma pessoa na identificação de metas e sonhos, acessando e desenvolvendo seus próprios recursos internos e externos. O processo de coaching surgiu através das estratégias de pessoas que atingiram sucesso em suas vidas e suas metodologias foram precisamente avaliadas. Através desta avaliação, surgiu a metodologia coaching. Embasado em sucesso mensurável, o coaching amplia as percepções e os repertórios de estratégias, técnicas e atitudes, tornando, assim, a pessoa o catalisador da mudança. Um ótimo exemplo atual é Eike Batista, que no seu livro o X da Questão revela o seu modelo de negócios para que todos tenham mais escolhas. O coach (profissional de coaching) apoia a pessoa a encontrar estes modelos e a aprender com eles, ensinamentos estes que podem ser implementados no s e u modelo atual de gestão para ser mais assertivo. O coaching pode apoiar o coache e (cliente) em ampliar as suas percepções em relação às metas , estabelecendo ações e desenvolvendo suas competências, fazendo, assim, um planejamento estratégico preciso e levando em consideração inúmeros fatores que contribuem para o sucesso auto sustentável. Tenho certeza que, muitas vezes, você já disse ou ouviu algo assim:“Se eu tivesse levado isso em consideração...” ou “Isso aconteceu porque eu não pensei nisso...”. O coaching é a melhor solução para você atingir sucesso em inúmeras áreas da sua vida, tornando-se um profissional almejado. Sucesso!

* Autor do artigo: Mike Martins é coach e Diretor Executivo da Sociedade Latino Americana de Coaching

Fonte: JC

Extinção do fator previdenciário é defendida pela OAB/RJ

O presidente da Comissão de Previdência Social da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro (OAB/RJ), Leonardo Branco, defendeu hoje (24), Dia do Aposentado, a extinção do fator previdenciário no regime geral da previdência. Essa é, disse Branco, uma das medidas que servirão para impedir que os cerca de 29 milhões de aposentados do país passem a receber apenas um salário mínimo.

A primeira coisa a fazer “é acabar com essa falácia que há um déficit da Previdência Social. Porque, na realidade, o Artigo 197 fala da seguridade social, que engloba saúde, assistência social e a Previdência Social. Então, a Previdência Social está inserida em um pacote de impostos que garantem a seguridade social”, disse Branco.

Segundo o advogado, a seguridade social deixou um superávit para o governo, no ano passado, de R$ 32 bilhões. “Porque você tem alguns impostos, como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Pis/Cofins, a própria contribuição previdenciária, que visam a garantir a seguridade social. Esses valores todos somados, pelos números da Anfip [Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social], deixaram mais de R$ 32 bilhões nos cofres do governo, e ele usou como quis”.

Branco disse que a prioridade na mudança da política da Previdência Social, é a extinção do fator previdenciário, que considera “desvinculado de qualquer coisa”, e que acabou criando uma distorção. “As pessoas foram orientadas a trabalhar mais cedo. Hoje, por trabalhar mais cedo, a pessoa vai se aposentar mais jovem e é penalizada por isso. É um absurdo”.

Na área do servidor público, ele disse que também há distorções que devem ser corrigidas. “Por exemplo, um servidor público que trabalha só cinco anos em uma função e se aposenta com salário integral. Isso deve ser revisto”. Outro problema é o das pensionistas. “Tem gente hoje aplicando golpes na Previdência, com 70 anos e casando com uma pessoa de 20. Quando isso ocorre com a intenção de perpetuar a pensão, causa um déficit na Previdência".

Ainda em relação à Previdência do servidor público, o advogado defendeu que aqueles que entrarem agora devem pagar o teto e receber também o teto, “como todo e qualquer trabalhador. Acho que você começa por aí. E limitar a pessoa também a só ganhar salário integral quando tiver exercido ou contribuído aquele período integral”.

Branco disse que uma pessoa que entra no mercado de trabalho aos 18 anos e começa a descontar para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no teto, por exemplo, aos 53 anos, apesar do fator previdenciário, vai receber R$ 1,8 mil. “Se você pegar esse mesmo valor e pagar uma previdência complementar, a melhor que tem não chega a R$ 1 mil. Por isso, eles querem acabar com a Previdência Social para criar a previdência privada e administrar também esse dinheiro do povo”.

Ele salientou que o povo deve lutar contra a privatização da Previdência Social. “Sempre que cai na mão do capitalista, ele vai destroçar, como fez com a saúde e a educação. Hoje, estão totalmente privatizadas”.


Fonte: JB

China detém 15% da produção brasileira de Nióbio, metal raro e estratégico

Em setembro de 2011, um consórcio chinês formado pelo Taiyuan Iron and Steel Group, o conglomerado financeiro do Citic Group e o Baosteel Group adquiriu, por US$ 1,95 bilhão, 15% da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtor mundial de nióbio, um metal abundante no Brasil e utilizado em indústrias de automação, nuclear e defesa. A CBMM fica localizada em Araxá, em Minas Gerais.Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Brasil concentra quase 100% da oferta mundial de nióbio. A posição estratégica do país na produção do metal, e a negociação envolvendo a CBMM, levantam a questão a respeito de como o governo e as nacionais lidam com as riquezas naturais brasileiras, levando em conta os próprios interesses es empresas tratégicos. O négócio fechado com a China, apesar de polêmico, gerou quase nenhum questionamento em Minas Gerais, ao contrário, por exemplo, da privatização da Vale, ocorrida em 1997, e alvo de um verdadeiro levante popular. A reportagem do Jornal do Brasil entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia (MME) para saber se, com a negocição da CBMM, os interesses nacionais não estariam sendo contrariados. A assessoria de imprensa do MME não respondeu até o momento. Já o governo de Minas Gerais, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não foi comunicado sobre a venda "por se tratar de uma operação entre entidades privadas". A reportagem também buscou o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão diretamente vinculado à atividade mineradora. A assessoria de imprensa do DNPM disse que retornaria com informações, mas ainda não o fez.
Questões econômicas e políticas
Segundo o artigo "A questão do nióbio", do administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacional, Ronaldo Schlichting, publicado pelo jornal A nova democracia, o Brasil se subjuga, e deveria dar mais valor às suas riquezas naturais. Ele lembra que o país detém 98% das reservas mundiais exploráveis de nióbio, e o mundo consome, anualmente, cerca de 37 mil toneladas do minério, totalmente retiradas do território nacional. Em sua opinião, o preço do nióbio refinado, com 99,9% de pureza, tem um preço na Bolsa de Metais de Londres meramente simbólico, já que o Brasil praticamente é o único produtor mundial. Ele chega a dizer que o metal, a este preço, é como "um barril de petróleo vendido a US$ 1". No texto, Schlichting acusa o governo brasileiro de "negligência com a seriedade das questões", e diz ainda que supostos interesses "escusos" estariam moldando a forma de lidar com o valor do nióbio. Ao fim de seu artigo, o empresário afirma que "o Brasil está pagando para ter todo o seu nióbio roubado, e que os nossos últimos 'governantes', para não perderem os seus assentos em Davos, Washington, Zurick, Frankfurt, Nova Iorque, Amsterdã e..., vão continuar fiéis discípulos e feitores da pavorosa doutrina da subjugação nacional".
Ásia no Brasil
A CBMM começou a operar em 1955, e pertence ao grupo Moreira Salles. Ela é pioneira na extração, utilização e nas tecnologias do nióbio. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a China aumentou suas importações do metal a uma velocidade anual de 10%, por isso, os negócios duplicaram nos últimos 4 anos.Ainda, a China compete na compra de nióbio e outros recursos naturais com outros gigantes asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, que, em março de 2011, já haviam formado um consórcio de companhias (JFE Holdings, Nippon Steel e Posco, entre outras) para comprar 15% da CBMM por US$ 1,8 bilhão.
Nióbio
O nióbio é um metal bastante raro no mundo, mas abundante no Brasil, e de extrema importância para muitas indústrias. Sua utilização varia, mas a aplicação mais importante do nióbio é como elemento de liga para melhorar propriedades em produtos de aço, especialmente nos aços de alta resistência e baixa liga, além de superligas que operam a altas temperaturas em turbinas das aeronaves a jato. Existem somente três minas de nióbio em todo o mundo.


Fonte: JB


Impostos para o bem ou para o mal

Estados cujos orçamentos e dívidas explodem não é uma excentricidade do século XXI. Também não é novidade o fato de a constatação dessa insustentabilidade fiscal coincidir com períodos de aprofundamento de crises econômicas. Se há algo de novo, em que a situação atual se distingue do passado, pode-se arriscar que esse fator se chama globalização. Afinal, são vários os países que se encontram na pindaíba, ao mesmo tempo. Por força das circunstâncias, tal discussão vai se impondo como pauta global: a função da arrecadação e gestão de tributos, sua legalidade, equidade, limites, objetivos, eficiência e desvirtuações. A Europa empreende um primeiro experimento de tratamento do tema a nível supranacional, visto que, no mundo atual, o desequilíbrio de um afeta a todos. Os mercados estão atentos e cada vez mais intolerantes. A própria população parece buscar mecanismos que permitam maior controle e participação na forma de gerar e administrar recursos públicos.
No decorrer da história, a cobrança de impostos esteve no cerne, repetidamente, de sérios embates, revoltas e revoluções. Entre os episódios mais célebres, pode-se citar a Revolução Francesa (1789), cujas origens estão na crescente incapacidade de manutenção do Estado (cada vez mais oneroso) e na pesada taxação da indústria. Antes, a Revolução Inglesa do século XVII também teve como uma de suas maiores motivações o abuso por parte da monarquia na imposição de tributos. O processo instaurou o regime parlamentarista e plantou as condições essenciais para a Revolução Industrial no século seguinte, abrindo caminho para o avanço do capitalismo. No Brasil, vale lembrar que a Derrama, imposto instituído pela coroa portuguesa nas regiões produtoras de ouro na então capitania de Minas Gerais, foi causa imediata da Inconfidência Mineira, em 1789.

Entre os vários países que andam hoje as voltas com rombos estratosféricos nas contas públicas, provavelmente o caso mais emblemático seja o dos Estados Unidos, tanto por representarem cerca de 23% do PIB mundial, quanto por serem os maiores ícones da sociedade capitalista. Republicanos e democratas são incapazes de chegar a qualquer acordo para debelar o déficit fiscal, para reformar o sistema tributário do país, ou mesmo para prolongar deduções concedidas na administração Bush. Obama, principal porta-voz do Partido Democrata, quer mexer nas alíquotas sobre aplicações financeiras e aumentar a taxação a milionários (aqueles com renda anual tributável superior a US$ 1 milhão) e corporações. O presidente vem se referindo à sua proposta como Lei de Buffet (Buffet Rule), numa menção a Warren Buffett, que se posicionou a favor de um aumento dos impostos para classes abastadas. O megainvestidor declarou achar um contra-senso que em 2010 ele tenha recolhido 17,4% de sua renda (entre salário e aplicações financeiras) aos cofres do Tesouro, enquanto muitos funcionários de sua empresa de investimentos – a Berkshire Hathaway – pagaram 36%.

Existem seis patamares de tributação individual marginal (antes das deduções) nos EUA: 10%, 15%, 25%, 28%, 33% e 35%. Há também uma contribuição específica para a Previdência Social (Social Security) para quem perfaz até US$ 106.800 anuais. As classes de maior rendimento estão dispensadas da contribuição para a Previdência, haja visto que, a priori, não utilizam as redes de proteção social. Quanto mais alta é a renda do contribuinte, mais pesada fica a contribuição marginal. Ocorre que são previstas numerosas deduções, favorecendo principalmente as classes mais endinheiradas, o que acaba reduzindo seus impostos significantemente. Além disso, investidores como Buffett são taxados em no máximo 15% sobre ganhos de capital, dividendos e compensações recebidas como gerentes de investimentos ou sócios de fundos de hedge. Contribuintes da classe média normalmente pagam alíquotas de 15% ou 25% sobre o que recebem, ou seja, a taxação sobre salários é mais alta do que a que incide sobre ganhos em investimentos.

O Partido Republicano, por sua vez, acusa Obama de fomentar uma ‘guerra de classes’. Os argumentos da oposição se baseiam na asserção de que a elevação de impostos aos mais abonados desencorajaria investimentos, o que atravancaria ainda mais a economia. Em vez disso, o partido defende que o déficit fiscal seja atacado por meio, principalmente, de uma diminuição das verbas destinadas à assistência médica e à previdência. Esta opinião se fundamenta no fato de que ricos são empreendedores e investidores. A destinação de sua renda a negócios ou a aplicações financeiras – que teoricamente financiam a produção –, portanto, seria a principal mola propulsora da economia. De acordo com esse raciocínio, a justificativa para a classe média trabalhadora estar pagando mais impostos seria, então, garantir o seu próprio ganha-pão, ao possibilitar a diminuição da carga sobre empreendedores e investidores. Sob outro prisma, porém, quanto menor é o tributo incidente sobre a massa trabalhadora, mais dinheiro sobra para o consumo, o que, por sua vez, também impulsiona o crescimento econômico.

Em recente entrevista à revista Conjuntura Econômica, da FGV, o ex-ministro Antônio Delfim Netto disparou a seguinte pérola: “(...) Pela primeira vez se tem consciência de que não cabem na Terra dez bilhões de pessoas com renda per capita de US$ 20 mil. Há de se acomodar isso da melhor maneira possível.” Aprofundando-se sobre o processo evolutivo da organização socioeconômica humana, ele acrescenta: “(....) Trata-se de um processo altamente competitivo, uma corrida que, para ser honesta, deve permitir que todos se alinhem no mesmo ponto de partida, não importa se você nasceu na suíte presidencial do Waldorf Astoria ou foi fabricado na Lapa. É um processo civilizatório, de justiça dentro do capitalismo.”

O equilíbrio ideal entre essas duas premissas tão bem resumidas por Delfim Netto está no âmago da questão tributária. Tudo indica que os republicanos norte-americanos focam, essencialmente, na continuidade ad æternum da expansão da produção e da renda, sem atentar para essas duas condições básicas, que vão impondo severas limitações à expansão da renda, ao crescimento econômico, e ao bem estar social.

Brasil é referência de ineficiência estatal (Maria Carolina Ferreira)

É de se esperar que o aumento na arrecadação de tributos tenha como consequência a melhoria substancial dos serviços públicos, especialmente quando a economia em questão passa por vigoroso ciclo de expansão, como vem sendo o caso do Brasil. Dezessete anos depois do lançamento do Plano Real, que estabilizou a moeda e inseriu o País no quadro desenvolvimentista emergente, contudo, o que se evidencia tem a forte marca de uma antiga incongruência: a qualidade dos benefícios prestados pelo governo segue muito aquém dos exorbitantes volumes transferidos aos cofres públicos via tributos.

A precariedade da educação e da saúde oferecidas aos brasileiros, conta que também inclui a atuação da iniciativa privada, foi uma das razões que rendeu ao Brasil a simplória 84ª posição no relatório de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011, atrás dos vizinhos Chile (43ª) e Argentina (44ª), além de nações como Cazaquistão (68ª) e Bósnia (74ª). É muito pouco para uma economia que acaba de tomar o lugar do Reino Unido como a sexta maior do mundo e cujo crescimento da carga tributária atingiu 264,49% de 2001 a 2010. A taxa é superior ao ritmo de disparada do PIB brasileiro, que galgou 212,32% no mesmo período, de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). “Isso mostra que o governo se expandiu mais que a própria economia”, conclui o diretor do IBPT Fernando Steinbruch. Ele lembra que o levantamento recente, no qual o instituto pondera o IDH e a arrecadação nos 30 países com as maiores cargas tributárias do mundo, o brasileiro é o contribuinte que tem o pior retorno em benefícios, em proporção ao volume de impostos que paga.

O peso dos tributos sobre a sociedade no Brasil ficou em 35,13% no ano passado, contra os 34,41% do exercício anterior, segundo cálculos dos IBPT. A estimativa do instituto é de que a razão subirá de 0,8 a 1 ponto percentual no País, com o volume recolhido pelo governo aumentando para R$ 1,5 trilhão em 2011, de R$ 1,29 trilhão em 2010. Com uma receita tributária tão expressiva, como se explica o fato de a contrapartida prestada pelo estado brasileiro continuar deixando tanto a desejar? Sem hesitar, o professor do Ibmec Gilberto Braga localiza a resposta na histórica ineficiência da máquina pública, que sofre de corrupção crônica. “A má administração dos recursos impõem duplo custo à boa parte dos brasileiros, que paga uma primeira vez ao governo por benefícios que não utiliza e uma segunda à iniciativa privada, para realmente ter acesso aos serviços”, lamenta.

Além do ponto levantado por Braga, o chefe do departamento Tributário do escritório Almeida Advogados, Fernando Vaisman, identifica a complexidade do modelo nacional como outro aspecto problemático na relação fisco/contribuinte. “Associada ao estratosférico tamanho das alíquotas praticadas no País, a complicada natureza do nosso padrão desestimula o investimento ao mesmo tempo em que estimula a sonegação”, explica. O retrato da restrição que a estrutura local impõe à execução de novos aportes na economia brasileira ficou claro no último relatório de competitividade realizado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Em um grupo de 142 nações, o Brasil aparece como a mais afetada pelo sistema tributário, como fator limitante da intenção de corporações de atuar e investir no país.
Ibovespa
O índice está encontrando muita dificuldade para superar a faixa dos 60.000 pontos. Os indicadores chineses que serão divulgados no início da semana podem dar o impulso que falta, ou fazê-lo recuar com mais ímpeto. Acima dos 60.500, passará a mirar em 63.890 pontos. Na parte de baixo, os próximos suportes estão em 57.960, 56.312, e 55.300 pontos.



Fonte: JC


Corte na Selic é unanimidade, mas fim do ciclo ainda causa dúvidas

A expectativa de uma inflação menor em 2012 e a perda de fôlego da atividade econômica brasileira, que ficou estagnada no terceiro trimestre em relação ao segundo, oferecem supor te para que o Comitê de Política Monetário (Copom) corte a taxa básica de juros (Selic) de 11% para 10,5% ao ano, na reunião de terça e quarta-feira, conforme projetam os 28 analistas consultados pelo Jornal do Commercio e pela Bloomberg. Apesar de concordarem em que o corte de 0,5 ponto percentual não deverá marcar o encerramento do ciclo de afrouxamento iniciado em agosto de 2011, os especialistas divergem quanto ao piso que a taxa poderá atingir. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o Banco Central (BC) teria margem para seguir com a política de cortes graduais até 8%, embora considere que a autoridade monetária preferirá, por cautela, parar em 10%, ou seja, faria apenas mais um redução, também de 0,5 ponto, na segunda reunião do ano, em 6 e 7 de março. Outros economistas avaliam que o BC continuará com os cortes até abril, deixando a taxa mais próxima dos 9% ao ano pretendidos pelo Palácio do Planalto.

Fonte: JC

Empreender é preciso

Ao que tudo indica, o filósofo e escritor chinês Lao Tse – que conforme se presume teria vivido entre os anos 700 e 400 a.C. – foi um dos primeiros pensadores a identificar o empreendedorismo como característica essencial do homem e sugerir uma regra básica para a organização social nele fundamentada. Consta de seus célebres textos: "O sábio (governante) não interfere com o povo, e ele (o povo) irá se transformar espontaneamente e ao mundo (...)" Hoje, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a atividade empreendedora pode ser definida como "a ação empresarial humana na busca por geração de valor, por meio da criação ou expansão da atividade econômica, ao identificar e explorar novos produtos, processos ou mercados." Considerando-se somente esse conceito, estimular o empreendedorismo seria uma estratégia imperativa no atual momento global.
A própria OCDE reconhece, porém, que para ser bem sucedido, qualquer plano traçado com vistas ao aprimoramento de um ecossistema empreendedor deve levar em conta uma série de fatores, os quais não são tão simples de serem avaliados ou diagnosticados. Com o objetivo de facilitar essa análise, o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) desenvolveu uma metodologia, pela qual associa o nível de desenvolvimento de um país ao tipo de empreendedorismo predominante e às políticas públicas que seriam mais eficazes, com fins de se impulsionar e sustentar o empreendedorismo local.

O WEF divide os países, de acordo com o estágio de desenvolvimento, em três grupos. Países 'Factor Driven' são os mais atrasados, dentro de um critério que leva em conta o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e o percentual de bens primários na pauta de exportações. A economia desse grupo é focada na agricultura de subsistência e no extrativismo, com relevante utilização de mão-de-obra em todas as etapas do processo produtivo. Classificadas em uma fase intermediária, nações 'Efficiency Driven' são industrializadas, com maior dependência de economias de escala e marcadas pelo uso de capital intensivo no meio empresarial. No topo da pirâmide, estão os países 'Innovation Driven', nos quais o ambiente econômico é voltado para a inovação. Nesta fase, o setor de serviços ganha peso e as companhias priorizam o investimento em conhecimento.

O professor de finanças do Ibmec-RJ e consultor da Probatus Consultoria Marcelo Henriques de Brito chama atenção para o fato de existirem, basicamente, dois tipos de empreendedores: os que o fazem por necessidade, na luta pela sobrevivência, comumente possuidores de baixa escolaridade, mas com elevado tino comercial; e aqueles que partem da identificação de alguma oportunidade específica para a criação de novos produtos, serviços, ou ainda, para a exploração de novos mercados, apesar de possuírem boas alternativas de emprego e de renda. Esse último perfil é predominante em países com maior grau de desenvolvimento (e maior renda per capita), ou seja, naqueles que estariam entre as fases 'Efficiency Driven' e 'Innovation Driven'. Já em nações mais atrasadas, a motivação mais forte para empreender decorreria das dificuldades de inserção no mercado de trabalho, além das condições de emprego mais precárias. Se por um lado, o empreendedor por oportunidade usualmente elabora um planejamento, correndo riscos calculados, é comum que empreendedores por necessidade se lancem no mercado de maneira intempestiva e improvisada, reduzindo as chances de êxito.

Henriques de Brito ressalta que, além de o ambiente incentivar o surgimento de determinado tipo de empreendedorismo, as características locais também tendem a atrair empreendedores com diferentes perfis. "Assim como imigrantes europeus no início do século XX foram muito bem sucedidos em países desestruturados, o empreendedorismo por necessidade continua sendo mais viável em locais com procedimentos confusos e arbitrários, onde a economia informal e ilegal consegue se estabelecer. Em contrapartida, países marcados pela liberdade política e empresarial, por sistemas tributários não inibidores e desburocratizados, pela clareza das leis, solidez das instituições, com centros intelectualmente estimulantes e fontes de financiamento que prezam o mérito, estes locais costumam atrair empreendedores mais qualificados, que vão atrás da realização de seus sonhos. É o caso do Vale do Silício nos Estados Unidos e de certas regiões na Europa, para onde ocorreu uma verdadeira fuga de talentos (brain drain) de nações com baixas taxas de produtividade e inovação."


Fonte:JC

Brasil tem o segundo maior ingresso de dólares da história em 2011

No ano, entraram US$ 65 bilhões, alta de 168% sobre 2010.

Investimentos estrangeiros foram os principais responsáveis, mostra BC. A entrada de dólares na economia brasileira superou a saída da moeda em US$ US$ 65,27 bilhões em todo o ano de 2011, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (4). O valor representa o segundo maior ingresso anual de dólares da história, perdendo apenas para 2007, quando entraram US$ 87,45 bilhões no país. Na comparação com o ano passado, o crescimento foi de 168%, uma vez que a entrada líquida de dólares somou US$ 24,35 bilhões em 2010. O Banco Central lembra que em 2011, até novembro, houve o ingresso de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira. Os juros altos (a taxa brasileira real, ou seja, descontada a inflação, ainda é a mais alta do mundo) também contribuem para a entrada de divisas no país, segundo analistas.
Impacto na cotação do dólar
O ingresso de recursos no país, que foi registrado em todo ano passado, teoricamente favorece a queda do dólar, segundo analistas. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar mais baixo. Entretanto, a maior parte dos dólares que ingressou na economia brasileira foi absorvida pelo próprio Banco Central, por meio de operações de compra de divisas nos mercados à vista e a termo. A autoridade monetária adquiriu US$ 50,1 bilhões no ano passado. Os recursos adquiridos vão para as reservas internacionais brasileiras, que subiram US$ 63 bilhões em 2011. Sem as aquisições de divisas por parte da autoridade monetária, a moeda norte-americana possivelmente teria operado abaixo de R$ 1,50 no primeiro semestre do ano passado – prejudicando as exportações brasileiras, que se tornam mais caras com a queda da cotação do dólar.
Efeito da crise
Apesar do ingresso de recursos na economia, quase totalmente absorvido pelo BC, a moeda norte-americana encerrou o ano de 2011 com alta de 12,15%, a maior desde 2008. A disparada do dólar aconteceu nos últimos meses do ano passado por conta dos efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Foi a segunda maior valorização entre sete países da América Latina. Em momentos de crise, tradicionalmente investidores retiram recursos de países emergentes para cobrir resultados negativos em outros lugares, ou optam por investimentos considerados mais "seguros", como títulos da dívida norte-americana.
Previsão para 2012
Para o economista Sidnei Moura Nehme, da NGO Corretora, especialista no mercado de câmbio, o fluxo cambial deve ficar neutro em 2012, ou seja, sem um forte ingresso de recursos, ao contrário do registrado no ano passado. Com isso, ele espera que a taxa de câmbio, atualmente por volta de R$ 1,82 por dólar, suba para um patamar entre R$ 2,15 e R$ 2,20 por dólar no fechamento deste ano."O câmbio pode ser grande vilão para a tendência do governo reduzir mais a Selic. Neste nível [por volta de R$ 2,15], pode exercer alguma pressão inflacionária. Mas também pode contribuir de forma indireta para o crescimento do PIB. Se o dólar sobe, isso inibe a importação de insumos importados e aumenta o grau de nacionalização dos produtos", declarou ele.
Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira - que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros. Os dados da autoridade monetária mostram que houve a entrada de US$ 21,32 bilhões pela conta financeira em todo ano de 2011. Estes recursos ingressaram, principalmente, nos primeiros meses do ano passado. Nos cinco últimos meses de 2011, houve mais saída do que entrada de dólares pela conta financeira - por conta da crise externa. Em 2010, US$ 26 bilhões haviam ingressado no Brasil por esta conta. Já pela conta comercial, segundo o BC, foi registrado um ingresso de recursos no valor de US$ 43,95 bilhões em todo ano passado. Ao contrário da conta financeira, os dólares começaram a entrar no Brasil com mais intensidade, pela conta comercial, no fim de 2011 - quando a cotação da moeda norte-americana disparou. A explicação é que, com a subida da cotação do dólar, exportadores podem ter aproveitado para "internalizar" os recursos e obter mais reais. Em 2010, US$ 1,65 bilhão deixaram a economia brasileira por esta conta.

Fonte: G1