Presidente Dilma propôs consulta popular para reforma do
sistema político. Especialistas debatem o que é mais adequado: referendo ou
plebiscito.
Depois
que a presidente Dilma Rousseff desistiu de uma Constituinte exclusiva para
fazer a reforma política cobrada nas ruas pelos brasileiros, mas manteve a
ideia de fazer uma consulta popular sobre o tema, deputados começaram a
discutir qual a melhor forma de questionar a população. Nesta quarta (26), o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que a preferência do governo
é pelo plebiscito, em vez de um referendo. Entenda a seguir:
PLEBISCITO
Plebiscito
é a convocação dos eleitores do país a aprovar ou rejeitar questões relevantes
antes da existência de lei ou do ato administrativo. Assim, a população diz se
quer ou não que ele seja aprovado.
Quem propõe?
A
competência para propor é do Congresso quando se tratar de questões de relevância
nacional. A incorporação de Estados entre si, subdivisão ou desmembramento
também só podem ser aprovadas pelo plebiscito.
Como funciona
É
convocado por decreto legislativo da Câmara ou do Senado, por proposta de um
terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso
Nacional (o referendo pode ser convocado em trinta dias a partir da lei ou
medida administrativa). Depois da votação, o resultado é homologado pelo
Tribunal Superior Eleitoral. O processo ocorre como numa campanha eleitoral,
com tempo de rádio e TV e possibilidade de distribuição de panfletos.
Resultado
Se
a população for a favor, o resultado da consulta é levado para o Congresso, que
terá que acatar a decisão da maioria dos eleitores em relação a cada pergunta.
Caberia aos parlamentares aprovar detalhes da reforma política que não tenham
sido incluídos no plebiscito.
REFERENDO
O
referendo também é uma consulta popular, mas ele é convocado depois que o ato
já foi aprovado, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta.
Quem propõe?
Da mesma forma
que o plebiscito.
Como funciona
Da mesma forma
que o plebiscito.
Resultado
Nesse
caso, os deputados já teriam aprovado o texto da reforma política,
condicionando sua aprovação definitiva à consulta popular. A população diria se
concorda ou não. Se discordar, ela não entra em vigor. O Congresso poderia
começar um novo processo, alterando os temas rejeitados, e novamente submeter
ao crivo popular por referendo. *Ainda segundo especialistas, não há
impedimento para incluir quantas perguntas forem necessárias em um questionário
a ser respondido pela população, tanto no plebiscito como no referendo.
Casos mais recentes
O
último plebiscito realizado no Brasil ocorreu em dezembro de 2011 e abordou a
divisão do Pará. O projeto de decreto legislativo havia sido aprovado em maio
daquele ano. O processo eleitoral levou sete meses para ser organizado. A
população do estado rejeitou a criação dos estados do Carajás e de Tapajós.
Naquela ocasião, a consulta custou R$ 19 milhões. No país, também aconteceram
três referendos. Em 23 de outubro de 2005, o povo brasileiro foi consultado
sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munições e rejeitou alterar a
lei, mantendo o comércio. Em 1993, foi realizado plebiscito para escolher entre
monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. A consulta
consolidou a forma e o sistema de governo atuais.
INICIATIVA POPULAR
É
a outra forma de participação direta da população prevista na Constituição
Federal. Por meio dela, é apresentado um projeto de lei sobre determinado assunto,
assinado por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos
por cinco Estados, e não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. É o que
aconteceu na Lei da Ficha Limpa, que tramitou e foi aprovada por pedido da
população. Três entidades da sociedade civil - Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Movimento de Combate
à Corrupção Eleitoral (MCCE) - apresentaram no dia 24 de junho texto de projeto
de lei de iniciativa popular para reforma política.
Fonte: G1