Standard &
Poor’s reduz perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para negativa.
É o primeiro passo na direção do rebaixamento da nota de crédito do País, algo
que poderá ocorrer ao longo dos próximos dois anos, segundo a agência.
Cinco
anos após ser elevado à categoria de grau de investimento pelas agências de
classificação de risco, o Brasil recebeu um duro golpe nesta quinta-feira. Motivos:
baixo crescimento e gastos do governo. Primeira a promover o País, em abril de
2008, a Standard & Poor’s (S&P) também foi a primeira a reduzir a
perspectiva positiva das condições macroeconômicas brasileiras, antes "estável"
para "negativa". É o primeiro passo na direção do rebaixamento da
nota de crédito do País, algo que pode ocorrer ao longo dos próximos dois anos,
segundo a S&P. A nota dada pelas agências de rating funciona como um selo
de qualidade para o investidor estrangeiro aplicar os seus recursos no País. O
movimento da S&P acontece poucos dias depois de o governo mudar a
tributação sobre o capital externo para trazer mais recursos para o Brasil. A
decisão da S&P foi sustentada, segundo comunicado oficial da agência de
rating, pelo baixo ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos
últimos anos, aliado a uma política de expansão do gasto público. De acordo com
o comunicado assinado por Sebastian Briozzo, analista de crédito da S&P,
essa dinâmica recente do País resulta em "sinais ambíguos" do governo
federal, que reduzem a confiança do investidor estrangeiro. Pessimismo O
mercado reagiu à notícia com pessimismo e um sinal de alerta quanto aos rumos
da política econômica brasileira. Ao mesmo tempo, analistas destacaram que o
movimento iniciado pela S&P confirma, de certa forma, a percepção dos
investidores diante da falta de dinamismo da atividade econômica brasileira. A
agência não deixou passar despercebido o último resultado do Produto Interno Bruto
(PIB) trimestral, divulgado na semana passada. De acordo com dados oficiais, a economia
cresceu apenas 0,6% entre o quarto trimestre de 2012 e os primeiros três meses
de 2013. A agência destacou o fraco resultado do consumo das famílias neste período
- um avanço de apenas 0,1%. Até então, o PIB brasileiro vinha sendo sustentado justamente
pela demanda das famílias. Depois de crescer 2,7% em 2011 e 0,9% em 2012, o
próprio governo trabalha, internamente, com um avanço inferior a 3%. A S&P
citou, também, o desempenho modesto das exportações e o investimento declinante
do setor privado, apesar das enormes necessidades de melhorias logísticas no
País. "Os ratings também incorporam a dívida governamental e as
necessidades de refinanciamento relativamente grandes", disse Briozzo em
seu relatório. Além disso, destacou o analista, "uma elevação substancial no
crédito por parte dos bancos controlados pelo governo para estimular a demanda doméstica
poderia apresentar problemas de qualidade de ativos para o sistema financeiro, especialmente
em meio a um crescimento do PIB continuamente fraco". O governo federal,
no entanto, minimizou a notícia. Segundo o secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, Márcio Holland, essas mudanças na perspectiva da nota em
função dos ciclos da economia são naturais. "Aconteceu até com os Estados
Unidos", afirmou. "É natural", insistiu. Holland disse que o
Brasil tem tido um crescimento acima da média dos países mundiais no período
pós-crise e também, nos últimos três anos. De acordo com ele, entre 2007 e
2012, a taxa média de crescimento do Brasil foi de 3,7%, enquanto dos outros países
atingiu 3,3%. Em relação à política fiscal, o secretário disse que não houve
mudança. "A política fiscal continua como sempre. Não há mudança nem na
política fiscal e nem na política econômica." A possibilidade de
rebaixamento de rating do Brasil também atingiu duas das principais empresas do
País. A perspectiva de crédito da Petrobras e da Eletrobras também foram
revistas pela agência para "negativa". No comunicado, a S&P
destacou que a necessidade de ajuda estatal para a Eletrobras é "quase
certa", e "muito alta", no caso da Petrobras. "Ambas as
empresas serão rebaixadas se uma medida semelhante for adotada para o rating
soberano (em referência ao Brasil)." Foi mais um golpe para a credibilidade
da economia brasileira depois de, em março, a agência Moody’s ter rebaixado os
ratings da Caixa, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) e sua subsidiária BNDESPar. As estatais perderam credibilidade, conforme
a agência, após as manobras contábeis adotadas pelo governo no fim de 2012 para
cumprir a meta fiscal do ano passado.
Fonte: JC
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