REFLEXÕES OPORTUNAS ACERCA DA CIA VALE DO RIO DOCE


A Vale do Rio Doce é uma empresa de capital aberto, com a maior parte de suas ações negociadas em bolsas de valores, mesmo antes de sua polêmica e, para muitos, criminosa transferência para as mãos privadas, em meio às privatizações realizadas no governo de FHC.Em 1997, ano da chamada “privatização” da Vale, o que teria ocorrido foi a transferência do bloco controlador da empresa – até então sob controle da União – para um consórcio privado. O bloco controlador da empresa é aquele que detém a maior parte das ações ordinárias da companhia, justamente as ações que dão direito a voto nas assembléias de acionistas e que, portanto, asseguram o controle político da empresa, através da nomeação do seu Conselho de Administração e de sua direção executiva.O bloco controlador – detentor da maior parte das ações ordinárias da empresa – não necessariamente detém a maior parte das ações da sociedade anônima. Tudo depende da forma como a empresa se estrutura acionariamente.No caso da Vale, atualmente a Valepar – que é a controladora da empresa – detém 32,9% do capital total da empresa. Os outros 67,1% estão distribuídos entre investidores brasileiros (25%), investidores estrangeiros (36,7%) e o próprio governo federal (5,4%).Em termos de ações ordinárias, a Valepar detém 53,6% desse capital, enquanto investidores brasileiros (13,7%), estrangeiros (25,9%) e o governo federal (6,8%) ficam com os restantes 46,4%.Mas, quem é afinal a Valepar?Trata-se de um consórcio, atualmente – depois de muitas mudanças e escaramuças judiciais – composto por uma figura jurídica que tem o nome de Litel, uma outra de nome Elétron, além da Bradesco Participações, da empresa japonesa Mitsui, e do BNDESPar.A Litel é a mais importante integrante da Valepar, com 49% das ações do consórcio, e simplesmente é formada pelos fundos de pensão Previ – do Banco do Brasil -; Petros – da Petrobrás –; Funcef, da Caixa Econômica Federal, além da Fundação Cesp. E a Previ é o grande comando da Litel, pois possui 78,4% de suas ações ordinárias. A Elétron – que é na verdade o grupo Opportunity – possui apenas 0,03% da Valepar.A Bradespar, com 21,21%; a Mitsui, com 18,24%; e o Bndespar, com 11,52%, complementam os 100% da Valepar.Fica esclarecido, assim, que sob o ponto de vista acionário a Valepar – controladora da Vale – pode ser controlada pela Litel e pelo Bndespar, pois – juntos - ambos detêm 60,52% de suas ações ordinárias. E o controle político da Litel e do BNDESPar é de responsabilidade direta do governo federal, gestor do BNDES, e com total ascendência sobre o comando dos fundos de pensão, ainda mais em pleno governo do PT, hegemônico na representação sindical dos trabalhadores do Banco do Brasil, da Petrobrás e da Caixa Econômica Federal, e nos seus respectivos fundos de pensão.A Vale do Rio Doce, portanto, é simbólica em todos os sentidos.Não somente das absolutas irregularidades do processo de privatizações, mas das nebulosas relações entre o governo Lula e o Bradesco, um dos principais financiadores da campanha eleitoral do presidente da República.Afinal, por que a Litel – entenda-se, a Previ – e o BNDESPar não exercem os seus direitos e passam a comandar a Vale? Por que delegar o poder a um executivo do Bradesco?Afirma-se a existência de um acordo entre os integrantes da Valepar. Quais os termos desse acordo? Quais as vantagens que a Litel e o BNDESPar podem gozar com uma renúncia de poder dessa natureza?E as próprias relações do Bradesco com o BNDES? No primeiro semestre do ano passado, o BNDES aprovou uma linha de crédito de US$ 7,3 bilhões para a Vale, e logo após essa operação o então chefe de gabinete do presidente do banco transferiu-se para a alta direção da mineradora, passando a ocupar importante função no Comitê Estratégico da empresa. Simples coincidência?Além de todas essas obscuras indagações, é o Bradesco peça-chave para o entendimento de uma das gritantes irregularidades da “privatização” da Vale do Rio Doce. Tendo participado do processo de avaliação e modelagem da venda da empresa, jamais poderia ter se beneficiado do fato de ter interesses associados à CSN, que vieram a lhe permitir se transformar em um dos controladores da mineradora.Aliás, por que o governo Lula não orientou a Advocacia Geral da União a mudar a sua atuação nos diversos processos que defendem a nulidade do ato de venda da Vale, no sentido de passar a defender os interesses nacionais que exigem que a justiça se imponha, conforme o PT e seus dirigentes defendiam à época em que eram oposição? São indagações que, lamentavelmente, ninguém responde.
Reinando completo silêncio.
fonte: P.Passarinho/Ubarros Jr.

Investimento estrangeiro recorde cobre rombo externo em 2010

Com um movimento extraordinário no último mês do ano, o saldo de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado para o setor produtivo, fechou 2010 com o recorde de US$ 48,46 bilhões. O fluxo positivo para o País de US$ 15,36 bilhões em dezembro, o maior para um único mês em toda a série histórica, causou surpresa e levou o saldo do ano a ser mais que suficiente para cobrir o déficit em conta corrente de 2010, que chegou a US$ 47,52 bilhões e também foi recorde. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes (foto), minimizou o aumento do saldo negativo nas contas externas que, de um ano para o outro, cresceu mais de US$ 23 bilhões. "O déficit aumentou e é recorde em dólares, mas, se comparado ao tamanho da economia, o resultado corresponde a 2,28% do Produto Interno Bruto, abaixo do recorde." Para 2011, o BC não trabalha com um cenário em que o IED sozinho cubra o déficit em conta corrente.
Fonte: JC

Receita amplia fiscalização e pessoa física entra na mira

O regime de fiscalização da Receita Federal, conhecido como acompanhamento diferenciado, que no ano passado rendeu ao Fisco arrecadação de R$ 428,8 bilhões em tributos, deverá ser ampliado em 2011. É que, pela primeira vez, estão na mira da Receita 5,1 mil contribuintes pessoas físicas, incluídos na categoria grandes fortunas, além de 12,1 mil empresas que passarão pelo crivo da fiscalização. Na última sexta-feira, a Receita iniciou o processo de notificação do universo das empresas e pessoas físicas que terá acompanhamento diferenciado. O serviço precisa ser concluído até a próxima segunda-feira, conforme estabelecido por lei. O órgão, contudo, pode esbarrar em um problema estrutural: existem apenas 90 servidores para monitorar os mais de 17 mil contribuintes que estarão na categoria este ano. Em 2010, o valor arrecadado com o regime de monitoramento correspondeu a 65% do total de impostos recolhidos pela Receita Federal. Agora, com a ampliação do número de contribuintes, o governo espera que o percentual suba para 67%. Em dezembro último, os limites que definem quais contribuintes serão supervisionados foram reajustados.
Fonte: JC

Estados Unidos atacam Brasil e exigem mudanças

O governo de Barack Obama fez a mais dura crítica até agora sobre a onda de medidas protecionistas no Brasil e alertou que o governo de Dilma Rousseff terá de promover uma "mudança de atitude" se quiser fechar acordos comerciais. As declarações foram feitas nesta quinta-feira pelo embaixador dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Punke. Segundo ele, as últimas barreiras estabelecidas pelo Brasil são como enfiar "um pau nos olhos dos parceiros comerciais". O Brasil foi o país onde as importações mais cresceram no mundo em 2010, acima de 40%. A valorização do real e o crescimento do mercado doméstico têm sido os principais fatores desse avanço. Em resposta, o governo brasileiro adotou uma série de barreiras contra as importações em alguns setores, além de incentivar a produção local com regras de licitação pública favorecendo empresas nacionais. As críticas diretas ao protecionismo brasileiro se somam à já delicada relação comercial entre os dois países. O Brasil questiona as barreiras ao etanol e acaba de vencer uma disputa no comércio de suco de laranja.
Fonte: JC

Bolsa brasileira ganha força e fica mais perto de recorde

Com o sucesso de Portugal na venda de seus títulos e os bons indicadores divulgados pela zona do euro, a bolsa brasileira teve ontem um dia brilhante e voltou a se aproximar, agora de forma mais consistente, do recorde registrado em maio de 2008, antes do acirramento da crise econômica global. O Ibovespa, principal índice da bolsa nacional, encerrou o pregão regular em alta de 1,72% e chegou aos 71.632 pontos, nível mais elevado em dois meses. O giro financeiro, de R$ 8 bilhões – acima da média diária de R$ 6,24 bilhões de janeiro e muito superior à observada no final do ano passado–, segundo analistas, indica que desta vez o Ibovespa caminha com mais segurança rumo à marca histórica de 73.920 pontos, mesmo que, até chegar lá, ainda passe por algumas baixas, para realização de lucros. A sessão abriu sob a influência positiva da venda de títulos públicos de Portugal, país que tem sofrido pressões para pedir ajuda financeira internacional, mas que ontem conseguiu 1,249 bilhão de euros em dois vencimentos de bônus, com demanda forte. As commodities, valorizadas, empurraram mais o mercado para o campo positivo, assim como a Alemanha, que mostrou seu melhor desempenho econômico desde a reunificação.
Fonte: JC

Total de falências em 2010 é o menor em 5 anos


O número de falências decretadas no Brasil em 2010 foi o menor desde 2005, ano em que foi editada a nova lei de falências. No acumulado dos 12 meses de 2010, houve 732 decretos, segundo informou nesta quinta-feira, 6, a Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. As micro e pequenas empresas foram as que apresentaram o maior recuo no número de falências decretadas no período. De janeiro a dezembro de 2010, houve 653 decretos, enquanto em 2009 foram 831. Já as médias empresas somaram 64 decretos em 2010, seis a mais que em 2009. As grandes empresas, por sua vez, tiveram 15 falências decretadas, número inferior às 19 verificadas em 2009.
Na avaliação dos economistas da Serasa Experian, os indicadores de insolvência das empresas recuaram em 2010 em decorrência do ambiente econômico favorável. Os principais motivos para isso foram o mercado interno aquecido, as políticas de estímulo econômico, a recuperação da oferta de crédito, o alongamento dos prazos de financiamento e a maior disponibilidade de recursos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Além disso, o recuo da inadimplência e o desenvolvimento de obras de infraestrutura favoreceram a geração de receitas, segundo a análise da Serasa Experian. A exceção continua com as empresas exclusivamente exportadoras que, com o real valorizado e a lenta recuperação das economias desenvolvidas, encontram dificuldades em colocar seus produtos nos mercados, o que afeta seus resultados financeiros.
Em 2011, a Serasa Experian avalia que as finanças empresariais não serão comprometidas e que podem ocorrer novas quedas nos indicadores de insolvência. No entanto, segundo os economistas da instituição, a economia deve crescer menos em razão da política monetária restritiva, voltada para o controle da inflação e do ajuste do crescimento do País. A Serasa Experian chama ainda atenção para o câmbio e para a valorização do real, que têm levado a um rápido crescimento das importações e aumentado a concorrência para alguns setores industriais.
O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações é construído a partir do levantamento mensal das estatísticas de falências - requeridas e decretadas - e das recuperações judiciais e extrajudiciais registradas na base de dados da Serasa Experian.
Fonte: A. Estado

Compras de dólar pelo BC chegam a US$ 41,4 bilhões

No esforço de tentar conter o derretimento da cotação do dólar no Brasil, o Banco Central acelerou a compra da moeda estrangeira em 2010. Nos leilões realizados diariamente, a instituição ficou com US$ 41,4 bilhões no ano passado, ou cerca de US$ 165,6 milhões a cada dia útil. O valor total se aproxima do dobro dos recursos que entraram no Brasil. Ou seja, o BC comprou todos os dólares que ingressaram no País e ainda uma parte da moeda que estava no caixa dos bancos. Ao todo, o valor adquirido foi 72% maior que o registrado em 2009. Em um ano marcado pela recuperação acelerada da economia brasileira e o interesse crescente de investidores estrangeiros pelo País, o Brasil foi um verdadeiro ímã para a moeda americana. Em 2010, transferências para compra de ações e títulos de renda fixa, investimentos produtivos, empréstimos e remessas de lucros (a chamada conta financeira) trouxeram US$ 26 bilhões ao mercado, cifra 38% maior que o recorde anterior, de 2009. Boa parte desses recursos ingressou para aplicações financeiras, além de investimentos produtivos. Com tantos dólares disponíveis, o preço da moeda norte-americana caiu seguidamente no Brasil.
Fonte: JC

Fusões e aquisições crescem 76% no Brasil e atingem US$ 120,6 bi

A atividade em fusões corporativas disparou em 2010 no Brasil, que, ao lado da China, levou o mundo emergente a responder por um terço do movimento global do setor no período, um recorde absoluto. Segundo levantamento da Thomson Reuters, as operações envolvendo empresas do Brasil movimentaram US$ 120,6 bilhões em 2009, salto de 76,1%. O setor de energia liderou as transações, com destaque para a compra de 40% dos ativos da Repsol no Brasil pela chinesa Sinopec, e a criação de uma joint venture reunindo parte dos ativos da anglo-holandesa Shell e da Cosan. Matérias-primas e telefonia ficaram em segundo e terceiro lugares. Para especialistas, por ser forte nas áreas de energia e mineração e ter a perspectiva de elevado crescimento econômico nos próximos anos, o Brasil seguirá como um dos países mais ativos do mercado em 2011. Os demais membros do Bric – China (US$ 189,7 bilhões), Rússia (US$ 97,3 bilhões) e Índia (US$ 70,1 bilhões) – completaram o time que liderou o crescimento de 76,2% nos mercados emergentes, que somou US$ 806,3 bilhões.
Fonte: JC

Ministro promete rigor na questão cambial

O governo não ficará passivo diante de um fortalecimento do real, disse ontem o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, em sua primeira coletiva após assumir a pasta. Além do combate à guerra cambial, o ministro elegeu como prioridades a redução das taxas de juros, a elevação dos investimentos em infraestrutura e a redução da carga tributária. Na contramão dos planos do novo ministro, o dólar terminou a sessão de ontem no menor patamar em mais de dois anos frente ao real. A moeda norte-americana caiu 0,78%, a R$ 1,649 na compra e a R$ 1,651 na venda, o menor nível desde 1º de setembro de 2008.
Fonte: JC