Estudo sobre Ibovespa esmiúça sua rentabilidade


O índice volta a se aproximar da faixa de 62.800 pontos, que é uma marca importante (21,4% de correção da tendência iniciada em outubro de 2008). Se cair abaixo deste piso, encontrará um suporte nos 61.341 e outro na região dos 60.000. Perdendo os 60.000, abre caminho para buscar os 38,2% de correção, na casa dos 57.700 pontos. Para cima, tem que ultrapasar primeiro os 64.400 e depois os 66.000 para tentar recuperar a trajetória de alta. Em estudo que realizou sobre o índice Ibovespa, a partir de diferentes fontes, Decio Pecequilo, professor de matemática e operador sênior da TOV Corretora, apurou que, em média, a principal referência do mercado acionário brasileiro se valorizou 31,28% ao ano e 3,26% ao mês, desde a sua implantação, há 42 anos. Isto não quer dizer pura e simplesmente que ações sejam o melhor investimento para qualquer pessoa, em qualquer momento. Na opinião do autor, o perfil do investidor é fundamental para a composição do portfólio e formação da carteira de cada um, além do que, invariavelmente, a sorte termina sendo um fator importante no resultado das aplicações. Pecequilo baseou sua pesquisa na observação de algumas séries que, segundo ele, "dão uma ideia concreta do que é investir no mercado de ações no longo prazo". Criado em 1968, o Ibovespa alternou 26 anos de alta contra 16 de baixa até 2010. Nas suas contas, são sete séries de alta, que, em conjunto, somam 1.310,72% de ganhos. Além dessas sequências, durante a existência do índice foram detectados cinco anos (isolados) nos quais prevaleceu o mercado altista, com valorização total (nos cinco anos), de 457,29%. No conjunto dos 26 anos de alta, portanto, o matemático chegou a um ganho do índice de 1.768,01%, o que resulta em uma média aritmética de 68% de incremento por cada ano de mercado touro.
Com relação aos períodos de baixa, Pecequilo aferiu três séries e oito anos não sequenciais em que o mercado touro prevaleceu. As séries somam perdas de 208,67%, enquanto os anos intercalados causaram, somados, uma queda de 245,65% no Ibovespa. No total de 16 anos baixistas, a bolsa perdeu 454,29%, o que proporciona a média aritmética de 28,39% para cada ano de mercado urso.
Subtraindo, então, 454,29% (total de baixas) de 1.768,01% (total de altas), o analista deduz que, em 42 anos, o índice apresenta um saldo positivo de 1.313,72% (de ganhos), o que, diluídos ao longo de sua existência, atinge a média anual de avanço de 31,28%. Há ainda dois anos cujos resultados, considerados "insignificantes", foram desprezados: recuo de 0,52% em 1986 e aumento de 4,72% em 1973.
Pecequilo adicionou a esses números o resultado do primeiro trimestre de 2010 – no qual o índice teve um desempenho positivo de 5,82% – obtendo uma alta acumulada de 1.773,01% em 26 anos e três meses. Isto proporciona uma média de rentabilidade (positiva) de 5,63% ao mês. Aplicando igual raciocínio aos 16 anos de declínio, foi apurada uma perda média de 2,37% em cada um dos 192 meses. Integrando o tempo de existência do Ibovespa até 31 de março de 2010, o operador conclui que o índice apresentou um ganho médio (mensal), de 3,26%, desde 1968.
O estudo presta grande contribuição ao entendimento de que, numa escala temporal, apesar de sofrer revezes, as ações em geral, ou pelo menos as mais representativas de um país (com maior volume de negócios, que costumam constar dos principais índices), seguem uma tendência altista. Para isso corrobora o fato de que esta valorização – apurada em 42 anos de Ibovespa – cobre diversas crises, mudanças de moedas e planos econômicos dos mais heterodoxos. Pecequilo assinala ainda que, nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores já completou 217 anos, com rendimento nesses mais de dois séculos entre 6,6% e 7% acima da inflação. "Nesse espaço de tempo, um dólar investido em ações e reinvestido teria acumulado US$ 12,7 milhões até 31 de dezembro de 2006", diz o matemático. O autor concorda, porém, que dependendo de quando o investidor entra na bolsa e de quando resolve sair, o risco de perda existe e pode ser expressivo. Outro fator que deve ser considerado é a própria escolha dos papéis. O caso analisado se refere exclusivamente às ações que compõem o Índice Bovespa, com o peso estipulado para cada uma, o que vem mudando constantemente desde 1968. Ou seja, para acompanhar a rentabilidade verificada, o aplicador teria que ir renovando sua carteira, trocando de papéis ao longo dos anos.Renda Fixa x Renda Variável Tomando-se o estudo de Décio Pecequilo como base, assim como a sua recomendação relativa à personalidade e propósito de cada investidor, o ganho mensal de 3,26%, de fato, não deve servir como referência para futuras aplicações, já que a valorização acumulada não é contínua. Ou, visto por outro ângulo, este rendimento teria sido obtido exclusivamente por quem houvesse comprado o índice e o tivesse mantido em seu portfólio (devidamente atualizado) por 42 anos. A inconstância é, justamente, o que caracteriza a aplicação em renda variável e a diferencia da renda fixa. Quem está atrás de uma remuneração pré-definida, ou estabelecida previamente dentro de determinados parâmetros, sem maiores sobressaltos, deve optar por instrumentos de renda fixa, até porque, no Brasil, estes títulos costumam pagar boas remunerações. Na bolsa, um dia pode ser de alta e o seguinte de baixa, assim como um mês pode acumular perda ou ganho, ou um ano pode apresentar resultado positivo ou negativo sobre o investimento (decréscimo ou acréscimo). Como observado no estudo de Pecequilo, embora prevaleçam as sequências anuais de alta, o investidor pode dar o azar de entrar em meio (ou no começo) de uma série baixista, tendo neste caso que aguardar anos para recuperar o montante inicial investido. Isto sem falar que a composição da carteira também influi consideravelmente na rentabilidade (positiva ou negativa). Na aplicação em renda fixa, em contrapartida, o incremento ao valor aplicado é constante, dia após dia.
Convém observar que quem comprou o índice Ibovespa no primeiro semestre de 2008, por exemplo, ainda hoje – dois anos mais tarde – não conseguiu recuperar o montante inicial investido (está perdendo dinheiro), além de ter perdido a remuneração em renda fixa. Na década passada, de 2000 a 2009, enquanto o principal índice da bolsa brasileira galgou 301%, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), balizado pela taxa Selic e referência para aplicações em renda fixa, rendeu 399%. No Japão, quem entrou no índice Nikkei na virada da década de 80 para 90, está há mais de vinte anos esperando sair do vermelho, além de (convém sempre enfatizar), ter perdido a rentabilidade de outras aplicações.
Todas esses casos mostram que, em se tratando de ações, o importante é comprar na baixa e vender na alta. Ficar tentando acertar quando entrar na bolsa, contudo, pode se revelar um exercício fútil. Estatisticamente, pelo menos no Brasil, o tempo tende a ser um aliado do investidor no intuito de alcançar este objetivo, sendo que isto não é uma regra e, provavelmente, ninguém vai querer deixar o seu dinheiro imobilizado pelo resto da vida, na espera de um retorno satisfatório. O exemplo do Japão é clássico, no sentido de ilustrar como a tal espera por uma rentabilidade satisfatória pode se tornar extremamente longa ou mesmo inatingível em vida. Outro detalhe que dificulta o discernimento é que "preços baixos ou altos" são conceitos muito relativos. Normalmente, quando o mercado está indo com consistência em determinado sentido, o consenso espera que ele mantenha a trajetória, exacerbando os preços alvos para cima ou para baixo e dificultando a noção exata dos pontos que seriam boas entradas ou saídas.
Para ilustrar como o fator sorte pode ajudar, Pecequilo cita o exemplo do papel Aços Villares ON, que, de janeiro de 1995 até maio de 2008, valorizou-se impressionantes 48.802% , de acordo com uma pesquisa realizada por Mauricio Carvalho, professor de Finanças no Ibmec-SP (Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa) e publicada no jornal O Globo em julho de 2008. Quem acertou na mosca na compra desta ação e a manteve em carteira durante este período, independente de qualquer análise prévia, é ou não é um felizardo?
Independente da sorte, o operador realça que é de vital importância que o investidor em ações acompanhe suas aplicações constantemente. Para ser bem sucedido, segundo Decio Pecequilo, "é fundamental que se aprenda definitivamente a colecionar dinheiro, como um item qualquer", filosofa.
Fonte: JC

Cheque especial: taxa de juros sobe em abril para 7,40% ao mês

A taxa de juros do cheque especial voltou a subir em abril. Segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa mensal passou dos 7,34% ao mês (133,96% ao ano) registrados em março para 7,40% a.m. (135,53% ao ano) em abril.
É importante lembrar que as taxas variam - e muito - de banco para banco, o que faz com que o gasto com juros seja muito diferente no uso do cheque especial.
DescontroleMesmo com os altos juros e havendo outras alternativas disponíveis, uma parcela grande dos brasileiros ainda usa o cheque especial para fechar as contas ao final do mês. Muitos deles consideram o limite do cheque especial parte de sua renda, o que pode acabar levando ao descontrole e, consequentemente, ao endividamento.
Especialistas salientam que as menores taxas costumam estar disponíveis para clientes de alta renda. Portanto, ao precisar de um dinheiro extra, só se deve recorrer ao cheque especial quando não houver outra saída. Alternativas como desconto em folha (empréstimo consignado) e crédito pessoal costumam ser mais baratas.Saindo das dívidasPara quem já possui dívidas no cheque especial, o empréstimo consignado ou crédito pessoal podem ser uma forma de “trocar a dívida cara por uma mais barata”, com taxa de juros menores. Quem fizer essa opção deve analisar com atenção o contrato feito com o banco e o valor da taxa cobrada pelo empréstimo.Outra forma de evitar novos problemas é pedir que a instituição cancele essa linha de crédito, encerrando o limite do cheque especial. Para isso, porém, é necessário que o cliente negocie seus débitos atuais com a instituição financeira.
fonte: infomoney