Resultado negativo
de US$ 2,350 bilhões em novembro foi pior em 20 anos. Desde 2000, não há
registro de déficit da balança para um ano fechado.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC) mudou sua estimativa de superávit da balança comercial
em 2014 para resultado negativo (déficit). A informação foi confirmada pelo
diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação da pasta, Roberto
Dantas, em coletiva concedida nesta segunda-feira (01). É a primeira vez que o
governo admite que a balança pode fechar com déficit em 2014. O motivo da
revisão foi o déficit de US$ 2,350 bilhões da balança em novembro, o pior
resultado para o mês nos últimos 20 anos. O Brasil exportou US$ 15,6 bilhões no
mês passado, uma redução de 25%, pela média, ante o mesmo mês do ano passado. Até
então, o pior resultado para meses de novembro havia sido registrado em 1997 –
quando houve déficit comercial de US$ 1,28 bilhão. Em novembro do ano passado,
as exportações superaram as importações, resultando em superávit comercial, em
US$ 1,73 bilhão. “O resultado de novembro, conforme dito antes, seria um
divisor de águas. Diante deste resultado, o Ministério revisou a sua previsão
de um pequeno superávit para uma perspectiva de déficit para o encerramento de
2014”, disse Dantas. Até o início de novembro, o governo trabalhava com a
expectativa de superávit em todo o ano de 2014. Pela série histórica do
Ministério do Desenvolvimento, não é registrado um déficit na balança comercial
brasileira, para um ano fechado, desde 2000 – quando as importações superaram
as compras exterior em US$ 731 milhões.
Exportações
e importações em novembro
Em novembro, as vendas para o exterior
somaram US$ 15,64 bilhões e, com isso, despencaram 25% sobre novembro de 2013.
Todas as categorias de produtos tiveram retração de exportações nessa
comparação. As vendas de produtos básicos recuaram 25%; os manufaturados
registraram queda de 31,7%; e as exportações de semimanufaturados caíram 6,2%. Ao
mesmo tempo, as importações somaram US$ 17,99 bilhões em novembro, com queda de
5,9% sobre o mesmo mês de 2013. Nesta comparação, caíram os gastos de bens de
consumo (-9,3%), de matérias-primas e intermediários (-8,3%) e de bens de
capital, que são as máquinas e equipamentos para produção (-8,1%). Ao mesmo
tempo, cresceram as importações de combustíveis e lubrificantes (+9,8%).
Acumulado
do ano também está no vermelho
Nos onze primeiros meses deste ano, informou
o governo, foi contabilizado um déficit de US$ 4,22 bilhões na balança
comercial brasileira. Com isso, o saldo deste ano teve piora frente ao mesmo
período do ano passado, quando foi registrado um déficit (importações maiores
do que exportações) de US$ 268 milhões. Também foi o pior resultado, para o
período de janeiro a novembro, desde 1998 – quando foi registrado um déficit
comercial de US$ 6,11 bilhões. No acumulado de 2014, as exportações somaram US$
207,61 bilhões, com média diária de US$ 898 milhões (queda de 5,7% sobre o
mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, totalizaram US$
211,83 bilhões, ou US$ 917 milhões por dia útil, uma queda de 3,9% em relação
ao mesmo período de 2013. Com o fraco resultado da balança comercial no
acumulado deste ano, fica muito difícil a confirmação da expectativa do governo
federal de que haja superávit em todo ano de 2014. Essa previsão foi divulgada,
novamente, pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Daniel Godinho, no início de novembro. Pela série histórica do
Ministério do Desenvolvimento, não é registrado um déficit na balança comercial
brasileira, para um ano fechado, desde 2000 - quando as importações superaram
as compras exterior em US$ 731 milhões.
Resultado
de 2013 e previsões para este ano
Em 2013, a balança comercial brasileira teve
superávit de US$ 2,56 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 2000,
quando houve déficit de US$ 731 milhões. De acordo com o governo, a piora do
resultado comercial do ano passado aconteceu, principalmente, por conta do
serviço de manutenção de plataformas de petróleo no Brasil, que resultou na
queda da produção ao longo de 2013, e pelo aumento da importação de
combustíveis para atender à demanda da economia brasileira. A expectativa do
mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central
com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de piora do saldo
comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um saldo zero nas
transações comerciais do país com o exterior. Já o BC prevê um superávit da
balança comercial de US$ 3 bilhões para 2014, com exportações em US$ 240
bilhões e compras do exterior no valor de US$ 237 bilhões.
Novo
ministro destacou competitividade
Nesta segunda, o ministro indicado do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, declarou
que a promoção da competitividade na economia é o "desafio central"
para avançar em uma "economia mundial cada vez mais integrada" e
avaliou que a indústria tem um papel decisivo no crescimento do país. "O
desafio central é promover a competitividade. O que significa reduzir custos
sistêmicos e elevar a produtividade. A agenda da competitividade envolve várias
áreas dentro do governo e demanda intensa articulação e coordenação. É papel
primordial do Ministério do Desenvolvimento realizar essa tarefa. E colocar o
tema da competitividade no centro da agenda política do país",
acrescentou.
Fonte:
G1