A América Latina deve registrar em 2014 a
menor taxa de crescimento econômico dos últimos cinco anos. A previsão da Cepal
(Comissão Econômica para América Latina e Caribe) mostra que a moderação da
atividade no Brasil e o encolhimento de Argentina e Venezuela estão puxando
para baixo o desempenho regional. Assim, a região deve obter o pior resultado
desde 2009, auge da crise financeira global. O Brasil é a maior economia do
grupo de 33 países que são monitorados pela Cepal. Argentina e Venezuela são a
terceira e a quinta. Os três estão na lanterna de crescimento da região neste
ano. A redução do investimento, em curso desde 2011, é um dos fatores que
explicam a desaceleração do grupo. Os gastos com máquinas e construção civil
–chamados de formação fixa no jargão econômico– recuaram, em média, 3% na
região em 2014.
A queda ocorreu principalmente em Argentina,
Brasil, Chile e Venezuela. Na última semana, o IBGE divulgou que o investimento
caiu 7,4% neste ano (até o terceiro trimestre) ante o mesmo de 2013. Segundo
Daniel Titelman, diretor de estudos para o desenvolvimento da Cepal, trata-se
de um fator preocupante, que compromete o desempenho dos países também no longo
prazo. Titelman observa que desde 2010, quando a região saiu da crise global, o
investimento vinha contribuindo para impulsionar o crescimento. Em 2014, ao
contrário, não haverá essa ajuda. A Cepal nota, por outro lado, que Colômbia,
Bolívia, Equador e Panamá aumentaram seus investimentos. "As economias que
mais cresceram ou as que menos desaceleraram foram as que tiveram as melhores
taxas de investimento", diz Titelman. Outra contribuição negativa veio da
queda dos preços das matérias-primas, que entraram em declínio mais acentuado
desde a metade do ano passado. Os preços das commodities metálicas e agrícolas
recuaram 2,3% e 6,9%, em média, neste ano. Já os de energia (petróleo e gás)
caíram 17% nas contas da Cepal. Isso afeta o desempenho, principalmente, de
Venezuela, México e Colômbia, grandes exportadores de petróleo. Além da redução
das receitas em dólares, a queda dos preços também afeta a arrecadação de
impostos nos países. México e Colômbia foram menos prejudicados devido à
recuperação dos EUA, país com o qual mantêm acordos de preferência em comércio.
A previsão da Cepal, tradicionalmente identificada com economistas
desenvolvimentistas, é que o crescimento na região melhore em 2015. Para o
Brasil, a estimativa é de expansão de 1,3%, acima do que esperam os analistas
brasileiros consultados pelo Banco Central (a aposta central é 0,77%).
Fonte:
Folha SP
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