A virada da Petrobras

Envolvida no pior escândalo de corrupção da história do País, a estatal que perdeu 85% do valor de mercado reage. Em dez meses, a alta de suas ações quebra recordes, a nota de crédito melhora e surgem até parcerias internacionais

No centro dos escândalos de corrupção da Operação Lava Jato, a Petrobras atingiu o fundo do poço. No começo do ano, ela chegou a ser avaliada em US$ 73,7 bilhões – uma fração ínfima dos R$ 510,3 bilhões que teve em valor de mercado um dia (21 de maio de 2008). A estatal virou piada na internet, onde os usuários apostavam de maneira bem humorada o que chegaria antes a R$ 5: o preço da gasolina, a cotação do dólar ou as ações da Petrobras. Embora a gasolina tenha chegado perto disso em alguns postos, o preço médio calculado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) neste ano nunca ultrapassou os R$ 4. O dólar parou nos R$ 4,16 antes de começar a ceder. Já as ações da estatal não só chegaram aos R$ 5 pela primeira vez em 13 anos, como foram além e, em janeiro, alcançaram os R$ 4,20. Naquele ponto, a empresa, já altamente endividada, sofria com as oscilações da crise política nacional e a queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Mas agora esse cenário começa a mudar.
Cotados ao redor de R$ 18, os papéis da Petrobras quadruplicaram de valor no acumulado do ano. Mais confiantes, os investidores viram a agência de classificação de riscos Moody’s elevar a nota de crédito da petroleira e mudar a perspectiva de negativa para estável, num prenúncio de que dias melhores estão por vir. “Essa é definitivamente uma recuperação e ela se baseia em diversos fatores”, afirma Pedro Medeiros, analista de Energia do Citi para América Latina, que destaca a mudança de câmbio no mercado nacional. “O dólar saiu do patamar de R$ 4 e isso foi muito positivo para uma empresa como a Petrobras, que acumulou dívidas majoritariamente na moeda americana”, diz. A redução da dívida da companhia foi acelerada por um programa de desinvestimentos, com a venda de ativos e de participação em outros negócios, e um agressivo programa de corte de custos, promovendo, inclusive, planos de demissão voluntária. “A Petrobras está tentando deixar de ser tudo para ser mais focada em extração, refino e produção”, afirma Ricardo Couto, professor de Finanças do Ibmec/MG.
NOVA GESTÃO
Nesse processo, a entrada do ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente na presidência da estatal teve papel-chave. O mercado entendeu que a interferência do governo federal, enfim, acabaria. “A Petrobras estava sendo utilizada para fazer política econômica, principalmente no controle da inflação”, afirma Couto. Além disso, a nova gestão propôs recentemente uma nova política de preços de combustíveis – mais transparente –, assinou um acordo estratégico com a francesa Total, encerrou quatro ações individuais contra a empresa na Justiça americana e se beneficiou da decisão da Câmara dos Deputados de aprovar o texto-base de um projeto de lei que desobriga a Petrobras de participar da exploração de todos os blocos do pré-sal. Caso seja transformado em lei, segundo os economistas, o projeto permitirá que novos agentes entrem no mercado e isso deverá dinamizar o setor, valorizando os ativos. A mudança ocorreria num momento em que o mercado internacional de óleo e gás retoma a trajetória de alta dos preços dos barris de petróleo. Está longe dos US$ 100 de dois anos atrás, mas aponta para uma perspectiva bem melhor do que no início do ano.


Fonte: Exame.

Governo acumula déficit fiscal de R$ 96,6 bilhões até setembro

Em meio à recessão, resultado é o pior para o período em 20 anos.Somente em setembro, rombo nas contas do governo somou R$ 25 bilhões.

O governo federal registrou déficit (despesas maiores do que receitas sem contar juros da dívida pública) de R$ 96,6 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, o maior rombo em suas contas para o período desde o início da série histórica em 1997, ou seja, em 20 anos.
Os números foram divulgados nesta quinta-feira (27) pela Secretaria do Tesouro Nacional. Antes, o maior rombo para o período de janeiro a setembro havia sido registrado em 2015: R$ 20,81 bilhões.
Somente em setembro, as contas do governo registraram um déficit primário de R$ 25,3 bilhões. Com isso, houve piora frente ao mesmo período do ano passado (-R$ 6,85 bilhões). O resultado também foi o pior para o mês da série histórica.
O forte aumento do rombo fiscal acontece por conta do fraco desempenho da arrecadação, reflexo da crise econômica. Além disso, o governo tem elevado as despesas públicas em um orçamento com um alto grau de vinculações.
Com recessão na economia brasileira, a receita total teve queda real (descontada a inflação) de 7% nos nove primeiros meses deste ano, para R$ 938 bilhões. Sem contar a inflação, houve um aumento nominal de 1,6%. No mesmo período, as despesas públicas totais cresceram, em termos reais, 2% até setembro, para R$ 884 bilhões. Em termos nominais, a alta foi de 11,5%.
Rombo da Previdência
A Secretaria do Tesouro Nacional informou que o rombo da Previdência Social (sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado) avançou de R$ 54,25 bilhões nos nove primeiros meses do ano passado para R$ 112,65 bilhões em igual período de 2016. Um aumento de 107,6%.

Recentemente, o governo estimou que o déficit da Previdência Social vá somar R$ 148,78 bilhões em todo este ano. Em 2015, a Previdência registrou resultado negativo de R$ 86,81.
A equipe econômica do presidente em exercício, Michel Temer, já informou que pretende levar adiante uma reforma das regras da Previdência Social. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que a proposta contemplará uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres.
Meta fiscal
Por conta do fraco resultado das contas do governo, a equipe econômica enviou ao Congresso e conseguiu aprovar a alteração da meta fiscal para um rombo de até R$ 170,5 bilhões em 2016 – o pior resultado da história, se confirmado.

De acordo com dados oficiais, 2016 será o terceiro ano seguido com as contas no vermelho. Em 2014, houve um déficit de R$ 17,24 bilhões e, em 2015, um rombo recorde de R$ 114,98 bilhões. Para 2017, a estimativa é de um novo déficit fiscal, da ordem de R$ 139 bilhões.
A consequência de déficits fiscais seguidos é a piora da dívida pública e o aumento das pressões inflacionárias.
Por conta do fraco desempenho da economia e da piora do endividamento, o Brasil já perdeu o chamado "grau de investimento" – uma recomendação para investir no país –, retirado pelas três maiores agências de classificação de risco (Standard & Poors, Fitch e Moody´s).
Para tentar equilibrar as contas, a equipe econômica enviou ao Congresso uma proposta de emenda constitucional (PEC) para instituir um teto para os gastos públicos. Pelo projeto, o aumento das despesas, em um ano, fica limitado ao índice de inflação do ano anterior.
A proposta já passou pelo plenário da Câmara em dois turnos e, com isso, foi enviada para análise do Senado Federal.


Fonte: G1.

Vale reverte prejuízo e lucra R$ 1,842 bilhão no 3º trimestre de 2016

No mesmo período de 2015, mineradora teve prejuízo de R$ 6,663 bilhões.
Resultado foi puxado por maior volume de vendas e preços mais altos.

A mineradora Vale informou nesta quinta-feira (27) ter registrado lucro líquido de R$ 1,842 bilhão no terceiro trimestre. O resultado foi puxado por maior volume de vendas e preços mais altos do minério de ferro.
No mesmo período do ano passado, a mineradora havia apresentado prejuízo de R$ 6,663 bilhões. Naquela época, a variação cambial afetou seus resultados.
Já na comparação com o segundo trimestre de 2016, quando o lucro somou R$ 3,585 bilhões,  houve queda de 48,6%, com a mineradora atribuindo essa queda principalmente a variações cambiais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da companhia brasileira somou R$ 9,829 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 6,816 bilhões no mesmo período do ano passado.
A receita líquida da maior produtora global de minério de ferro totalizou R$ 23,772 bilhões no terceiro trimestre, alta de 2% ante o mesmo período do ano passado.
O volume de vendas de minério de ferro (finos) somou 74,231 milhões de toneladas no terceiro trimestre, ante 70,53 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.
A companhia ainda registrou aumento no preço realizado de finos de minério de ferro (CFR/FOB) para US$ 50,95 por tonelada, ante US$ 46,48 no mesmo período do ano passado.


Fonte: G1.

Juro do cartão se aproxima de 500% ao ano em setembro e bate recorde

Taxa do cartão avançou de 475%, em agosto, para 480,3%, em setembro.
No cheque especial, juros subiram para 324,9% ao ano, também recorde.



Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo voltaram a subir em setembro deste ano, quando atingiram o patamar de 480,3% ao ano, novo recorde da série histórica do Banco Central, que tem início em março de 2011. Em agosto, estavam em 475% ao ano.

O mesmo aconteceu com os juros bancários cobrados no cheque especial, que subiram 3,8 pontos percentuais em setembro deste ano, para 324,9% ao ano - novo recorde da série histórica, que neste caso começa em julho de 1994. Em agosto a taxa do cheque especial estava em 321,1% ao ano.

No acumulado de 2016, os juros do cartão de crédito rotativo subiram 48,9 pontos percentuais - estavam em 431,4% ao ano no fechamento de 2015.
Já a taxa cobrada nas operações com cheque especial avançou 37,9 pontos percentuais em 2016, pois somavam 287% ao ano no fim de 2015.

Os juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo estão entre os mais altos do mercado. Esses empréstimos, alertam os especialistas, só devem ser utilizados em momentos de emergência e por um prazo curto de tempo.

No caso do cartão de crédito, a recomendação dos economistas é que os clientes bancários paguem toda a fatura no vencimento para não deixar saldo devedor e evitar pagar juros.

Juros do Cartão de Crédito
Em % ao ano
334,61342,65345,84347,35360,3371,52394,44403,45414,24405,15415,32431,38439,46443,93449,35452,38471,53470,87471,73474,99480,28%jan/15fev/15mar/15abr/15mai/15jun/15jul/15ago/15set/15out/15nov/15dez/15jan/16fev/16mar/16abr/16mai/16jun/16jul/16ago/16set/16350400450500300
Fonte: Banco Central



Consignado, pessoal e veículos

No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), a taxa média de juros cobrada pelos bancos somou 135,1% ao ano em setembro, contra 132,3% em agosto.

Nesse caso, houve uma alta de 2,8 ponto percentual em setembro, mas, no ano, ocorreu um aumento de 17,4 pontos percentuais.

Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 29,3% ao ano em setembro – o que representa estabilidade em relação a agosto.

No ano, a taxa para o consignado subiu 0,5 ponto percentual e, em doze meses, houve um aumento de 1,7 ponto percentual.

A recomendação dos economistas é de que os correntistas substituam, se possível, os empréstimos do cartão de crédito e do cheque especial pelo crédito consignado.

Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 26,1% ao ano em setembro - com queda de 0,1 ponto percentual em relação a agosto deste ano. Na parcial de 2016, essa taxa subiu 0,1 ponto percentual.

Juro Cheque Especial
Em % ao ano
208,95214,23220,35225,94231,96241,3246,91253,19263,73278,13284,87287,02292,34293,9300,76308,67311,48315,71318,43321,07324,9%jan/15fev/15mar/15abr/15mai/15jun/15jul/15ago/15set/15out/15nov/15dez/15jan/16fev/16mar/16abr/16mai/16jun/16jul/16ago/16set/16200225250275300325350
Fonte: Banco Central


Taxas de juros no Brasil

Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”, no fim de 2014, informou que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os cartões de crédito.

Estudo da consultoria Economática, divulgado em março de 2016, informa que a mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) de todos os bancos brasileiros de capital aberto no ano de 2015 foi de 10,78%, contra 7,92% dos bancos dos Estados Unidos.

Quando se considera apenas os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões (Itau-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander), a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos brasileiros foi maior ainda: de 20,06% em 2015.

Rombo nas contas externas é o menor para setembro em 9 anos


No mês passado, déficit em transações correntes somou US$ 465 milhões.
No acumulado do ano, rombo foi de US$ 13,58 bilhões, o menor em 7 anos.

O déficit em transações correntes somou US$ 465 milhões em setembro, informou o Banco Central nesta terça-feira (25). Trata-se do menor rombo para o mês desde 2007. Em setembro do ano passado, o déficit foi de US$ 3,05 bilhões.

A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior). Trata-se de um dos principais indicadores do setor externo brasileiro.

Já no acumulado dos nove primeiros meses deste ano, o rombo das contas externas somou US$ 13,58 bilhões, o que representa uma queda de 72,4% frente ao mesmo período do ano passado, quando o déficit totalizou US$ 49,21 bilhões.

De acordo com BC, é o menor rombo para os nove primeiros meses do ano desde 2007 (+US$ 2,75 bilhões).

A principal explicação para a melhora nas contas externas neste ano é a recessão na economia brasileira, que provocou a redução da importação de produtos e serviços. Além disso, o dólar ficou relativamente alto na maior parte de 2016, o que encareceu importados e barateou as exportações brasileiras - contribuindo para melhorar o saldo da balança comercial.

Para todo este ano, o Banco Central estima um déficit em transações correntes de US$ 18 bilhões, o que, se confirmado, será o menor resultado negativo para um ano fechado desde 2007, quando foi registrado um superávit de US$ 408 milhões.

Investimento direto

O Banco Central informou ainda que os investimentos diretos na economia brasileira somaram US$ 5,23 bilhões em setembro - com queda frente ao mesmo mês do ano passado (US$ 6,03 bilhões).

Nos nove primeiros meses deste ano, por sua vez, os investimentos estrangeiros totalizaram US$ 46,35 bilhões. Nesse caso, também houve recuo frente ao mesmo período de 2015, quando os investimentos diretos somaram US$ 48,21 bilhões.

Apesar da queda, os investimentos diretos foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas brasileiras no período, que foi de US$ 13,58 bilhões

Para 2016, o Banco Central estima o ingresso de US$ 70 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, valor menor que o registrado no ano passado (US$ 75 bilhões).

Entretanto, os investimentos continuariam suficientes para "financiar" em sua totalidade o déficit das contas externas do período – cuja estimativa do BC é de US$ 18 bilhões em 2016.

Componentes das contas externas
De janeiro a setembro deste ano, a balança comercial registrou um superávit de US$ 34,19 bilhões, contra um saldo positivo de US$ 8,93 bilhões nos nove primeiros meses de 2015, informou o Banco Central. A metodologia do BC é diferente da utilizada pelo Ministério do Desenvolvimento para o cálculo da balança.

Para todo este ano, o BC projeta um saldo positivo de US$ 49 bilhões para a balança comercial brasileira.

As contas de rendas (que inclui as remessas de lucros e dividendos) e de serviços, que também compõem as contas externas, tiveram evolução positiva. A conta de serviços abrange viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros.

No caso das rendas primárias, o BC informou que houve um déficit de US$ 27,94 bilhões nos primeiros nove meses do ano, contra um resultado negativo de US$ 30,63 bilhões no mesmo período do ano passado. Para todo ano de 2016, a autoridade monetária estima um déficit de US$ 39,9 bilhões para as rendas primárias.

A conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$ 21,94 bilhões de janeiro a setembro deste ano, contra um resultado negativo de US$ 29,28 bilhões no mesmo período de 2015. Para todo este ano, o BC projeta um déficit de US$ 29,9 bilhões nessa conta.



Fonte: G1.

Dívida pública sobe em setembro e atinge patamar inédito de R$ 3 trilhões

No mês passado, dívida subiu 3,1% com emissão líquida de 62 bilhões.
Tesouro Nacional estima que dívida poderá atingir R$ 3,3 trilhões em 2016.

A dívida pública federal brasileira, que inclui os endividamentos interno e externo do governo, registrou alta de 3,1% em setembro deste ano, para R$ 3,04 trilhões. A informação foi divulgada nesta terça-feira (25) pelo Tesouro Nacional. Em agosto, o endividamento público somava R$ 2,95 trilhões. Foi a primeira vez que a dívida superou o patamar de R$ 3 trilhões.
De acordo com o governo, o aumento da dívida pública em setembro está relacionado com a emissão líquida, ou seja, colocação de títulos públicos no mercado acima do volume de vencimentos, além das despesas com juros.
Em setembro, o Tesouro Nacional informou que as emissões de títulos públicos somaram R$ 78,34 bilhões, ao mesmo tempo em que os vencimentos (resgates de papéis) totalizaram R$ 16,36 bilhões. Com isso, a dívida aumentou em R$ 62 bilhões somente por conta da colocação de títulos no mercado financeiro.
Além disso, também houve, no mês passado, uma despesa com juros de R$ 29,74 bilhões - que contribuiu para elevar a dívida em igual proporção.

Programação para 2016
O atingimento da marca de R$ 3 trilhões para a dívida pública, que ocorreu em setembro, já era esperada pelo Tesouro Nacional. A expectativa da instituição, divulgada no início deste ano, é de que a dívida pública continuará avançando em 2016 e poderá chegar a R$ 3,3 trilhões no fim do ano.
Segundo o Tesouro, as necessidades brutas de financiamento da dívida pública neste ano, por meio da emissão de títulos, são de R$ 698 bilhões, mas estão previstos R$ 108 bilhões em recursos orçamentários. Com isso, a necessidade líquida de financiamento é de R$ 589 bilhões.

Dívida interna X externa
No caso da dívida interna, houve aumento de 3,21% em setembro, para R$ 2,92 trilhões. A queda decorre do emissão líquida de papéis (acima dos vencimentos) no período e das despesas com juros - que impulsionaram a dívida para cima em setembro.
No caso do endividamento externo, houve uma alta de 0,81% no mês passado, para R$ 126 bilhões. O aumento ocorreu devido às despesas com juros, que somaram R$ 1,15 bilhão, que foram em parte compensadas pelo resgate líquido de R$ 140 milhões em títulos da dívida externa.

Compradores
Os números do Tesouro Nacional também revelam que a participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna voltou a cair em setembro. No mês passado, os investidores não residentes detinham 14,97% do total da dívida interna (R$ 437 bilhões), contra 15,67% (R$ 443 bilhões) em agosto.
Com isso, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna em setembro, atrás dos fundos de previdência (24,26%, ou R$ 708 bilhões) - que seguem na liderança -, das instituições financeiras (24,14% do total, ou R$ 704 bilhões), e dos fundos de investimento (21,4% do total, ou R$ 625 bilhões).

Perfil da dívida
O Tesouro Nacional informou ainda que o estoque de títulos prefixados (papéis que têm a correção determinada no momento do leilão) somou R$ 1,13 trilhão em setembro, ou 38,9% do total, contra R$ 1,07 trilhão, ou 38,1% do total, em agosto. O cálculo foi feito após a contabilização dos contratos de swap cambial.
Os títulos atrelados aos juros básicos da economia (os pós-fixados) também tiveram sua participação elevada em setembro. No fim do mês passado, estes títulos públicos representavam 24% do volume total da dívida interna em mercado, ou R$ 701 bilhões, contra 23,6% do total (R$ 668 bilhões) em agosto.
A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação) somou 32,8% do total em setembro deste ano, ou R$ 958 bilhões, contra 33,2% do total em agosto de 2016 – o equivalente a também a R$ 940 bilhões.

Contratos de swap
Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 4,2% do total (R$ 122 bilhões) em setembro, contra R$ 143 bilhões (5,06% do total) em agosto deste ano.
Esta dívida atrelada ao dólar se deve à emissão, pelo Banco Central, de contratos de swap cambial – que funcionam como uma venda de dólares no mercado futuro (derivativos) para evitar uma alta maior na cotação do dólar.
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Recentemente, a instituição informou que pretende emitir menos destes contratos, o que tende a baixar o patamar da dívida atrelada à variação da taxa de câmbio.



Fonte: G1

Dólar tem uma das maiores quedas do real – e baixa deve continuar

Para especialistas, desvalorização da moeda americana é influenciada pelo regime de regularização e pela atratividade do país em relação a outros emergentes

Além da melhora do ambiente interno e do cenário internacional favorável aos países emergentes, o dinheiro decorrente do programa de repatriação de recursos deve ter contribuído para a forte queda do dólar neste ano – e que pode ser ainda maior até dezembro. A moeda americana recuou mais de 19% de janeiro a 21 de outubro, o segundo maior recuo desde o início do Plano Real, segundo levantamento da Economatica. Nesse período, o dólar caiu de 3,90 reais a 3,15 reais.
A desvalorização acumulada em 2016 só é superada pela de 2009, ano seguinte à quebra do banco americano Lehman Brothers, o que desencadeou uma crise econômica global. Nesta segunda-feira, a moeda americana recuou 1,26%, a 3,12 reais, seu menor valor desde julho de 2015.
Segundo dados da Receita Federal, o volume de recursos declarados no exterior até o dia 19 deste mês era de 61,3 bilhões de reais. A ideia do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária é permitir que dinheiro, bens ou direitos mantidos no exterior e que não estivessem regularizados sejam trazidos para o país, pagando-se uma multa, mas sem demais penalidades.
Para o analista da consultoria GO Associados, Luiz Fernando Castelli, a entrada de recursos provenientes do exterior, que pressiona o dólar para baixo, deve aumentar. “A repatriação tem aumentado o fluxo. Isso deve continuar pressionando até o fim do prazo”, avalia. O limite para aderir ao programa é o dia 31 de outubro, mas a Receita prorrogou o prazo de uma das etapas no procedimento para 31 de dezembro.

Cenário interno e externo

Outro fator apontado por analistas é que as reformas feitas pela equipe econômica, como a proposição de um limite anual de gasto público e a recuperação de estatais como a Petrobras, deixou o país mais atrativo ao investidor. Para o estrategista-chefe da corretora XP, Celson Plácido, houve uma mudança positiva nas expectativas em relação ao país. “Não está um ‘céu de brigadeiro’ para o investidor, mas está melhor que outros emergentes”, compara.
Os juros muito baixos em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, faz com que o Brasil receba mais recursos. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o cenário de queda do dólar deve ser visto com cautela, já que é provável que o Federal Reserve (o banco central americano), que há tempos vem dando indicações  de que vai elevar sua taxa, o faça em breve. “Não tem como chegar no fim do ano sem aumentar 0,25 ponto percentual”, diz.


Fonte: Veja