De acordo com
pesquisa, contração deve ter atingido 1,2% no terceiro trimestre do ano ante o
segundo e 4,1% em relação ao período julho/setembro de 2014, o maior recuo
interanual desde o início da série história do IBGE, em 1996.
A recessão no Brasil provavelmente aprofundou
ainda mais no terceiro trimestre, com a queda anual da economia alcançando o
maior ritmo já visto. em meio à crise política e econômica, segundo pesquisa
divulgada pela Reuters. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter caído
1,2% no terceiro trimestre ante o segundo, com ajuste sazonal, após baixa de
1,9% entre abril e junho, segundo a mediana de 33 estimativas na pesquisa, que
foi de queda de 2,4% a 0,5%. Em relação ao terceiro trimestre de 2014, o PIB deve
ter contraído 4,1%, maior queda interanual desde o início da série histórica do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996. Neste caso, a
mediana das estimativas foram de recuo de 5,1% a 2,1%. Mais de 1 milhão de
pessoas já perderam o emprego formal nos últimos 12 meses, no início do que
deve ser a recessão mais longa do Brasil desde os anos 1930. Com a confiança em
mínimas recordes e os investimentos praticamente paralisados, os economistas
continuam revisando para baixo as suas projeções. E muitos alertam que o pior
ainda pode estar por vir. “É difícil visualizar melhora nos fundamentos da
economia brasileira, mesmo com o uso de binóculos poderosos”, afirmaram
economistas da MCM Consultores em relatório. “A dívida cresce e vai romper o
limite psicológico de 70% do PIB; as agências de risco provavelmente vão
continuar rebaixando o País, o que acelera a piora da dinâmica da dívida; e o
governo enfrenta dificuldades hercúleas para gerar superávits primários. Todos
esses fatores se retroalimentam num perigoso círculo vicioso”, acrescentaram. A
produção deve ter encolhido em praticamente toda a economia no terceiro
trimestre, segundo economistas ouvidos na pesquisa. Os investimentos devem ter
caído pelo nono trimestre seguido e o consumo das famílias pode ter recuado
mais de 1% ante o segundo trimestre, segundo o economista do Itaú Unibanco
Rodrigo Miyamoto. A disparada do dólar ante o real – de cerca de 40% neste ano
– pode ter ajudado ao reduzir as importações, mas provavelmente não muito,
segundo Miyamoto. Ele estimou contribuição externa positiva de cerca de 0,7
ponto percentual no período, quando o dó- lar subia a níveis recordes. Outros
países emergentes como a África do Sul também têm passado por dificuldades em
2015 com a perspectiva de juros maiores nos Estados Unidos e a desaceleração
gradual da economia chinesa. Nenhum, porém, teve queda tão dramática quanto o
Brasil, a ponto de perder o grau de investimento e com várias de suas
principais empresas em sérios problemas. Petrobras, BTG Pactual e Odebrecht,
por exemplo, são algumas das empresas citadas no escândalo da Lava-Jato.
Enquanto isso, a mineradora Vale enfrenta as consequências do desastre
ambiental de Mariana. O cenário de contração econômica vem também em meio à
inflação elevada, com perspectivas de que suba tanto que estoure a meta do
governo – de 4,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos – tanto em 2015 quanto
em 2016. Diante disso, o Banco Central já deu sinais que deve elevar em breve a
taxa básica de juros, hoje em 14,25% ao ano, para conter a escalada nos preços.
Porém, ao limitar o consumo por meio do encarecimento do crédito, o movimento
pode impactar ainda mais a atividade. O IBGE divulga o resultado do PIB
brasileiro do terceiro trimestre no próximo dia 1º de dezembro.
Fonte:
JC