Selic cai para 5% ao ano: como ficam os retornos das aplicações em renda fixa?




O ambiente de juros baixos parece que veio para ficar no Brasil e o investidor, que já estava com dificuldade para ganhar dinheiro na renda fixa, agora vai ver suas aplicações conservadoras rendendo ainda menos.

Isso porque o Banco Central decidiu hoje cortar a taxa Selic pela terceira vez neste ano e, novamente, em meio ponto percentual, de 5,5% para 5,0% ao ano – o menor nível histórico e em linha com o esperado pelo mercado financeiro. Mais importante do que esta decisão, tudo indica que há espaço para uma taxa básica de juros ainda menor, com previsões de Selic a 4,0% ao fim do ciclo.

Com o movimento de flexibilização monetária em curso, os retornos das aplicações indexadas ao CDI estão naturalmente cada vez menores, assim como a rentabilidade da caderneta de poupança, que tem diminuído, dado que ela está atrelada à Selic. Com a taxa básica de juros igual ou abaixo de 8,5%, a remuneração da poupança equivale a 70% da Selic anualizada acrescida da Taxa Referencial (TR), que esteve zerada nos últimos dois anos.

Em 12 meses até setembro, a caderneta rendeu 6,17%. Agora, com a Selic em 5,0% ao ano, o retorno da poupança passaria a ser de 3,5% ao ano e continuaria perdendo para aplicações atreladas ao CDI, como o título público Tesouro Selic. Mais importante do que a redução de rentabilidade, o investidor precisa se atentar à variação da inflação, que pode corroer seus rendimentos. Para 2020, é esperado uma inflação de 3,60%, o que, no cenário atual, levaria à perda de dinheiro na caderneta.

Confira a seguir como R$ 10 mil renderiam no próximo ano, considerando três cenários para a Selic: com taxa mantida em 5%, em 4,5% e em 4% ao ano ao longo dos próximos 12 meses.

Nesses exemplos, os recursos seriam investidos na caderneta de poupança ou em aplicações que rendessem 100% e 120% do CDI, como CDBs, LCIs e LCAs. Os valores já são líquidos de Imposto de Renda, considerando uma alíquota de 17,5%.

Como investir com juros baixos?

Com as sinalizações de que os juros devem continuar baixos por um período maior de tempo, como o investidor deve organizar sua carteira? De acordo com especialistas consultados pelo InfoMoney para ter um retorno mais alto, o investidor vai ter que abrir mão de liquidez no curto prazo e fazer aplicações pensando em um horizonte maior de tempo, de três a cinco anos.

“As taxas devem continuar a cair ou ficar baixas por um período mais longo. Isso quer dizer que o investimento de curto prazo vai ser penalizado e o custo da liquidez estará mais alto”, afirma Mauro Silveira, sócio do escritório Messem Investimentos.

Bruno Ponciano, assessor de investimentos no escritório Aequilibrium, diz enxergar uma “gordura” nos títulos públicos prefixados, como o com vencimento em 2025, ofertado no Tesouro Direto. Segundo ele, o papel pode ser interessante tanto para o investidor que quer ficar até o vencimento (considerando que a inflação permaneça baixa), como para aquele que deseja vender antes do prazo final, embolsando ganhos com a queda dos juros. Hoje, o papel é negociado com retorno anual de 6,10% e, no ano, tem rendido 23%.

Para Alexandre Hishi, responsável pela gestão de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, oportunidades podem ser encontradas em títulos públicos atrelados à inflação com vencimentos mais longos, de 2035 e 2050, por ainda oferecerem bons retornos reais. “Nas NTN-Bs longas, a duration equivale a uma renda variável em termos de níveis de volatilidade, mas o investidor tem que entender que, no longo prazo, a remuneração é interessante”, diz.

Segundo Hishi, embora estejamos em um cenário de juros baixos, as taxas brasileiras ainda são altas quando comparadas às de outros países. “No Chile, por exemplo, a NTN-B remunera próxima de zero”, assinala. Nesta quarta-feira, o Tesouro IPCA+ 2035 oferecia um prêmio anual de 3,07%, enquanto o Tesouro IPCA+ com juros semestrais e prazo em 2050 pagava 3,28% ao ano. Em 2019, os papéis já renderam 39% e 28%, respectivamente.

Mais risco, mais retorno

Para diversificar a carteira, mesmo os clientes conservadores da Messem já têm uma exposição à renda variável, ainda que inferior a 5% e por meio de fundos de ações. Esse percentual aumenta para até 10% nas carteiras moderadas e para 25%, nas arrojadas.

Fundos multimercados também entram nas recomendações para os clientes, embora de maneira segregada da alocação em renda variável. Investidores com perfil conservador têm até 15% de exposição ao produto na Messem. “Não tenho que mudar o perfil do cliente se o juro cair, mas realocar o risco dentro da carteira de maneira que ele consiga ter uma remuneração mais atraente”, destaca Silveira.

Ponciano, da Aequilibrium, defende que o investidor conservador no Brasil precisa mudar, de forma a tolerar mais risco. Nos EUA, pontua, carteiras desse perfil têm, no mínimo, 10% em Bolsa, enquanto, no Brasil, ainda são basicamente compostas por renda fixa, com ativos pós-fixados.

“O que vivemos hoje é um ponto de virada. Tudo é novidade, então o investidor vai ter que se acostumar. E o investidor imediatista precisa mudar de visão ou se habituar a ter retornos mais baixos”, diz.



Fonte: InfoMoney

Fundo soberano da Arábia Saudita fará investimento de até US$ 10 bilhões no Brasil





O fundo soberano da Arábia Saudita investirá até US$ 10 bilhões – ou cerca de R$ 40 bilhões – no Brasil, conforme declaração conjunta feita pelos dois países nesta terça-feira (29). O comunicado foi emitido logo após a reunião do presidente Jair Bolsonaro com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Ainda não há prazo nem setores de destino para os investimentos. Segundo Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, para que aconteça isso, um conselho será formado nos próximos meses com participação de representantes dos governos e da iniciativa privada dos dois países.

Já Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, destacou que o Brasil é o sexto país a receber investimento do fundo soberano. Os demais são: Estados Unidos, Japão, França, África do Sul e Rússia. Apesar de não darem mais detalhes, Araújo e Lorenzoni afirmaram que o dinheiro provavelmente será direcionado para projetos de infraestrutura e agronegócio.

Bolsonaro está na Arábia Saudita, depois de passar por Catar e Emirados Árabes UnidosNo Oriente Médio, o objetivo do presidente e sua comitiva de ministros é justamente atrair os investidores, em especial para os projetos de concessões e privatizações do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Os países dessa região são donos de grandes fundos soberanos em busca de oportunidades em países emergentes. Eles também são grandes compradores de produtos do agronegócio brasileiro e compradores promissores de produtos de defesa.

Amanhã (30), antes da viagem de volta ao Brasil, o presidente ainda deve participar de um fórum sobre investimentos futuros. A previsão é que ele chegue na quinta-feira (31) pela manhã em Brasília. O presidente viajou no dia 19 e passou por cinco países da Ásia e Oriente Médio: Japão, China, Amirados Árabes Unidos, Catar e, por último, a Arábia Saudita.

Confira a declaração conjunta:

Por ocasião da visita oficial do Presidente da República Federativa do Brasil ao Reino da Arábia Saudita, Sua Excelência, o Senhor Jair Bolsonaro, e Sua Alteza Real, o Príncipe Mohammed bin Salman, discutiram perspectivas para o fortalecimento de investimentos bilaterais entre o Brasil e a Arábia Saudita.

Os dois lados expressaram seu apoio à concordância do Fundo de Investimento Público saudita (PIF) em explorar potenciais oportunidades de investimentos mutuamente benéficos em até US$ 10 bilhões, em parceria com a República Federativa do Brasil.

O lado brasileiro expressou seu compromisso para trabalhar juntamente com o PIF para auxiliar na facilitação da iniciativa, incluindo no esclarecimento acerca do marco legal e institucional mais apropriado para investimentos na economia brasileira.

Os dois lados fizeram referência às reformas econômicas estruturais e iniciativas promovidas pelo Governo do Presidente Jair Bolsonaro com vistas ao aprimoramento do ambiente de negócios, de modo a aumentar a atratividade da economia brasileira para investidores estrangeiros. Indicaram, ademais, as potenciais oportunidades para investimentos expressivos e com retornos de grande atratividade para o mercado, em projetos inseridos no Programa de Parcerias de Investimentos do Governo Federal do Brasil.




Fonte: InfoMoney

Eleições na Argentina: por que você deveria estar preocupado




Neste domingo, os argentinos foram às urnas e elegeram presidente o candidato Alberto Fernández, peronista que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. A possível volta do intervencionismo já provocou sustos no mercado e deixou investidores em alerta.

Depois de Fernández aparecer 15 pontos percentuais à frente do liberal Mauricio Macri nas primárias, em agosto, a bolsa da Argentina caiu 30% e o dólar disparou 35,6%. No ano, a depreciação cambial é de 58,2%.



O resultado da eleição deverá gerar impactos significativos para o Brasil, na opinião de especialistas consultados pelo InfoMoney.

Em um artigo recente, o economista Alexandre Schwartsman mostrou o impacto que a recessão argentina gerou na economia brasileira, especialmente na indústria. Segundo ele, há pouco mais de um ano, a Argentina era o destino de cerca de 20% das exportações brasileiras de manufaturas. Hoje, a fatia caiu para 12%.

Em relatório, o Bradesco destaca que a recessão prolongada na Argentina contribuiu para que, nos últimos 12 meses, as exportações brasileiras para o país acumulassem queda de 40%, uma perda de US$ 7 bilhões, com destaque para o complexo automotivo, que representa mais de 30% da pauta.

Em outubro, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), revisou suas projeções para as exportações de automóveis em 2019, de uma queda de 6% para uma retração mais elevada, de 33,2%.

“É o nosso mercado externo mais importante, que sozinho representa 175 mil veículos exportados a menos em 2019”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.

Segundo Margarida Gutierrez, professora do Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “há estudos apontando que o PIB brasileiro poderia ser 0,5 ponto percentual mais alto se não fosse a crise argentina.”

Além do impacto sobre as exportações brasileiras, Margarida destaca dificuldades no âmbito do Mercosul. “É preciso uma convergência na união aduaneira e o presidente Jair Bolsonaro já avisou que não negociaria com eles. Pode ser um grande problema até para o acordo do bloco com a União Europeia”, avalia.

Um impacto ainda maior no setor pode ser visto caso o Brasil decida sair do Mercosul. Estudos preliminares da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que uma eventual saída poderia gerar uma perda de 2,4 milhões de empregos e R$ 52 bilhões de massa salarial.

Como ficam os investimentos

A vitória de Fernández já estava precificada nos preços de títulos, ações e taxa de câmbio, afirmou à Bloomberg, antes do resultado deste domingo, Carolina Gialdi, estrategista-sênior de renda fixa do BTG Pactual.

Segundo ela, há tempo para os investidores digerirem os planos de Fernández antes de ele assumir o cargo, em dezembro.

“A rejeição populista à agenda de Macri já provocou um impacto lá: renegociação da dívida, o peso sob pressão, menos investimentos. A população nas primárias rejeitou Macri e o que ele representa”, afirma Tom Wilson, diretor de renda variável para mercados emergentes da Schroders.

Sobre o novo governo de Fernández, Wilson avalia que ainda é muito cedo para riscar a Argentina do mapa dos investimentos. “Será interessante saber como vai ser a agenda dele. Vamos esperar para ver o quanto ela será pragmática.”

Uma pesquisa do banco suíço UBS com 125 investidores e 51 empreendedores argentinos com pelo menos US$ 1 milhão em ativos mostrou que 65% deles planejam aumentar sua alocação em ativos seguros.

Realizado entre 20 de setembro e 8 de outubro, o levantamento revelou ainda que apenas 40% estão otimistas com a economia e com as ações locais.


Na Bolsa brasileira, o investidor também deve acompanhar de perto o impacto das eleições nos papéis de companhias com exposição no país, seja por meio de braços de subsidiárias na Argentina, seja pela grande representatividade das exportações nas receitas.

É o caso de empresas como CVC, Mahle Metal Leve, Randon, Marfrig, Minerva, Banco do Brasil, Usiminas, Grupo Pão de Açúcar, Alpargatas, Ambev e Marcopolo. 

Já Paulo Clini, diretor de investimentos da Western Asset no Brasil, descarta o risco de contágio, que poderia levar os investidores a tirar dinheiro do Brasil com medo de que tenha o mesmo destino da Argentina. Para ele, os investidores já enxergam os países como duas economias com características particulares e específicas.

No passado, lembra, ambos os países estavam em fases semelhantes de ciclo de ajustes, com problemas de crescimento e grande necessidade de fluxo de capital estrangeiro.

Mas, enquanto Brasil adotou um caminho de reformas, com disciplina fiscal e controle mais rígido de inflação, a Argentina continuou vivendo muitos dos problemas que já tinha.



Fonte: InfoMoney

Governo estuda quebrar monopólio da Petrobras para reduzir preço de passagem




O governo estuda quebrar o monopólio da Petrobras na venda de querosene de aviação como forma de reduzir os custos para as empresas aéreas, diz o jornal Folha de S.Paulo. A iniciativa pretende atrair empresas estrangeiras para ampliar rotas e derrubar o preços das passagens. A informação foi discutida entre o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas e o secretário nacional de Aviação, Ronei Glanzmann.

O ministro da Infraestrutura anunciou ainda que o governo federal vai eliminar a taxa adicional de US$ 18, cerca de R$ 72, em voos internacionais – que está em vigor atualmente. Popularmente conhecida como taxa de embarque, a taxa aeroportuária é o valor cobrado do passageiro e engloba as cobranças por embarque, conexão, pouso e permanência.

O preço é determinado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e todo viajante obrigatoriamente paga o valor embutido na passagem quando faz uma compra. De acordo com a Anac, hoje a taxa de embarque máxima a ser paga é de R$ 115,82. Ainda não está claro qual será o preço final depois que a mudança entrar em vigor.



Fonte: InfoMoney

Paulo Guedes esperou décadas para mudar o Brasil – e não desistirá agora




Quando Paulo Guedes se tornou superministro, investidores se animaram com a perspectiva de que um gestor de fundos impecavelmente orientado pelas ideias do mercado financeiro ganhasse poder praticamente irrestrito para remodelar a nona maior economia do mundo. Dez meses depois, contudo, Guedes e seus apoiadores já entenderam como o governo realmente funciona e que Jair Bolsonaro, o ex-capitão do Exército que já declarou não saber nada sobre economia, é quem manda nessa área.

Ao longo deste ano, o presidente interveio ou descartou propostas da equipe econômica. Bolsonaro vetou, por exemplo, a recriação da CPMF, deixou militares fora da reforma da Previdência e chegou a ameaçar mudar o teto de gastos públicos – algo impensável para um “Chicago Boy”, como Guedes.

Ainda assim, o ministro, que ameaçou algumas vezes deixar o cargo nos primeiros meses do governo, agora diz que está na corrida para ficar. “Enquanto o presidente confiar em mim, eu estarei lá”, disse em uma entrevista em seu escritório. “Ele me deu cinco ministérios, eu tenho uma equipe maravilhosa e ele nos deu um escudo para trabalhar.”

Membros da equipe econômica dizem que Guedes se acostumou com o estilo do presidente e quer permanecer no cargo para deixar o legado de uma política que ele defende desde os anos 80. Para além da reforma da Previdência, isso inclui um amplo programa de privatizações e a contenção da bola de neve do endividamento público.

“As taxas de juros despencaram depois que assumimos e dissemos que iríamos manter o teto de gastos. Demos um basta nos gastos públicos e agora vamos reduzir impostos e o custo da energia”, disse o ministro.

Longa espera

“Ele esperou 30 anos por esse momento”, disse Fabricio Taschetto, sócio e diretor de investimentos da Ace Capital. “Desde a redemocratização, o Brasil implementou o oposto das políticas em que Paulo Guedes acredita. Agora é o momento de implementar suas ideias e ver o resultado.”

Os investidores agora comemoram o avanço com a reforma da Previdência, mas também querem ver resultados em outras áreas. A recuperação da economia, por exemplo, ainda é tímida e a taxa de desemprego está em dois dígitos. Mas Guedes afirma que “não tem pressa”.

O mais importante é que a economia brasileira cresça de maneira saudável, acrescentou, dizendo que o presidente concorda com sua posição, apesar da pressão para mostrar resultados. “Todos os políticos estão com pressa”, disse. “O presidente entende que, se estivermos com pressa agora, podemos acabar como a Argentina.”

Nem todo mundo, no entanto, é tão otimista. “Até agora, a agenda econômica avançou muito pouco além da reforma da Previdência. Esse é o maior problema “, disse Richard Back, chefe de estratégia política da América Latina na XP Investimentos.

Pressão

Ainda assim, o que os investidores temem acima de tudo é uma saída repentina de Guedes. Alberto Ramos, economista-chefe da América Latina no Goldman Sachs Group Inc., o chama de “ponto de referência para a política econômica brasileira”. Taschetto diz que toda a agenda econômica do governo depende do ministro e alerta que sua saída provocaria um “colapso total”.

A pressão sobre o ministro está aumentando à medida que Bolsonaro fica impaciente com a recuperação lenta da economia e com a falta de recursos disponíveis para investimento público, de acordo com um membro de sua equipe que pediu anonimato para falar livremente.

A resposta de Guedes, segundo a pessoa, é que os resultados estão começando a aparecer e que agosto – quando o índice de atividade econômica do Banco Central subiu apenas 0,07% em relação ao mês anterior – pode ter sido o ponto mais baixo. Por enquanto, Bolsonaro continua, em suas próprias palavras, “100%” comprometido com seu ministro.

Se não faltam fãs de Guedes no mercado financeiro, no Congresso ele tem menos amigos. Seu estilo explosivo lhe rendeu rusgas com parlamentares. Em uma audiência na Câmara, ele quase foi às vias de fato com o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que o acusou de ser “tchutchuca” com os ricos e “tigrão” com os pobres.

Desta forma, Guedes não seria a pessoa mais indicada para vender a agenda econômica do governo no Legislativo. Mas a relutância de Bolsonaro em desempenhar esse papel significa que Guedes acaba tendo que entrar em campo, segundo Richard Back.

CPMF

Uma divergência entre Bolsonaro e a equipe de Guedes sobre a recriação da CPMF, por exemplo, acabou adiando a apresentação da proposta do governo para a reforma tributária – um dos pilares da política econômica além da reforma da Previdência. Na ausência de um plano do Executivo, o Senado e a Câmara já estão debatendo suas próprias propostas, deixando Guedes e sua equipe fora dos holofotes por enquanto.

Outra área política importante – o limite constitucional para gastos públicos – também se tornou um ponto sensível. O presidente sinalizou repetidamente sua frustração com a regra que muitos investidores consideram essencial para garantir a credibilidade da política fiscal.

Alarmado, Guedes ligou para Bolsonaro para dizer que a redução do limite de gastos prejudicaria a imagem do país entre os investidores. O ministro argumentou que o presidente deveria apoiar a ideia de desvincular o Orçamento federal. Atualmente, mais de 90% dos gastos primários de R$ 1,4 trilhão são obrigatórios.

Essa será a próxima proposta a ser encaminhada ao Congresso, já na semana que vem. Segundo o ministro, trata-se de um conjunto de medidas que vão dar mais flexibilidade para a alocação de recursos públicos. Entre elas está a criação de um arcabouço legal para que estados, municípios ou a própria União possam adotar medidas duras de ajuste fiscal, como cortar jornada e salário de servidores, quando suas contas estiverem desequilibradas.

Guedes gosta de recorrer a uma metáfora testada e comprovada para explicar por que reanimar o leviatã do estado brasileiro é um processo tão doloroso. “Eles arpoaram uma baleia por 40 anos”, disse. “Eles fizeram sangrar até quase morrer. Até agora, acabamos de retirar um arpão: pensões. Vamos continuar fazendo isso.”



Fonte: InfoMoney

Advogados enfrentam mercado em queda e alta concorrência





Uma questão preocupa a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): o grande número de profissionais e estudantes em um mercado que passou a encolher nos últimos anos, principalmente com o uso da tecnologia. O número de advogados rompeu a barreira do um milhão e há quase a mesma quantidade de universitários em todo o país. Apesar de haver um importante filtro - o exame da OAB -, a expectativa é de que o mercado esteja saturado em um curto espaço de tempo.

“Qualquer um sabe que em cinco anos esse mercado não vai conseguir absorver todo mundo”, afirma o presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz. Além do elevado número de cursos de direito, há dois motivos para essa previsão. Um deles são os concursos públicos, que sempre acolheram grande número de profissionais. Mas desde a crise econômica estão em queda na maior parte dos Estados, municípios e União.


Em outra ponta, a nova realidade tecnológica tem sido responsável por substituir inúmeras funções antes exercidas por advogados. “Com o processo eletrônico na Justiça não é mais necessário que alguém faça a carga do processo ou o acompanhe no balcão do fórum”, exemplifica Santa Cruz.

Hoje são 1,16 milhão de profissionais inscritos na OAB, o dobro do número de médicos no país - 474,23 mil, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). O Brasil tem em média um advogado para cada 174 habitantes, densidade superior a dos Estados Unidos, cuja proporção é de um a cada 246 pessoas, segundo a Ordem.

Apesar da ausência de pesquisas oficiais, o Brasil aparece entre os países que mais oferecem cursos de direito no mundo. Até agosto, havia 1.635 faculdades e 315.204 vagas disponibilizadas, de acordo com a OAB. Até o mesmo período, 121 cursos haviam sido autorizados pelo Ministério da Educação (MEC), com potencial de abrir 14.891 vagas.

Os dados preocupam estudiosos e entidades de classe, pois além dos profissionais ativos, há um número gigantesco de formandos que chega ao mercado anualmente. O último censo divulgado pelo MEC indica que em 2017 existiam 879.234 matriculados em cursos de direito - do primeiro ao quinto ano. Naquele ano, 113.864 estudantes concluíram o curso. Outra informação que causa apreensão é a quantidade de bacharéis reprovados no exame da Ordem, cuja média é de 75%.

Os profissionais ainda enfrentam um mercado que investe cada vez mais em tecnologia. Renato Cury, presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), lembra que hoje muitos escritórios em busca de maior eficiência já aderiam ao uso de robôs para funções repetitivas, principalmente os que trabalham com o chamado contencioso de massa. “A automatização suprimiu parte das atividades burocráticas que eram feitas por paralegais e advogados”, acrescenta Oscar Vilhena, diretor da FGV Direito SP.

Carlos Fernando Siqueira Castro, CEO do Siqueira Castro Advogados, escritório presente em 18 Estados e com 500 mil processos no país, diz que o número de advogados da banca hoje é menor do que há dez anos. No entanto, o volume de processos é o dobro. Isso se deve, segundo ele, aos investimentos em tecnologia.

O Siqueira Castro possui 50 funcionários na área de tecnologia da informação, dos quais cinco se dedicam à produção de novos programas. A banca conta com 200 robôs que controlam atividades específicas. “Fazemos muito mais hoje com menos pessoas, afirma o advogado. “É um caminho sem volta, uma nova fronteira que busca a eficiência pela automação.”

O presidente da OAB lembra do passado e da figura do advogado que não precisava escrever, uma espécie de despachante de “alto nível”, pago para resolver os problemas da burocracia do Estado. Hoje, de acordo com ele, é preciso ser empreendedor, pois há menos postos de trabalho.

Para Santa Cruz, a nova advocacia precisa de mais formação em conciliação, arbitragem e áreas mais específicas, como tecnologia, moda, saúde, saneamento, direito financeiro e compliance, por exemplo. A opinião é compartilhada por Renato Cury, para quem o profissional do presente e futuro precisará de um grau de sofisticação maior, ser especializado, se quiser ser visto e sobreviver nesse mercado, hoje saturado.

Oscar Vilhena, da FGV, enxerga três tipos de profissionais que sobreviverão à nova realidade. O primeiro é o que chama de arquiteto do direito. O profissional apto a criar saídas para negócios inovadores e a solucionar questões jurídicas complexas. O segundo seria o tecnológico. Aquele que, em conjunto com equipes de outras áreas, como engenheiros e matemáticos, encontra respostas jurídicas no campo tecnológico. E por último cita o artesão. “É aquele que lida com problemas individuais”, diz. “Seria o criminalista ou o advogado de família, que lidam com os conflitos que sempre existirão.”

A gerente de recrutamento da Robert Half, Maria Eduarda Silveira, afirma que o mercado jurídico está cada vez mais competitivo. Segundo ela, investimento em uma pós-graduação é válido, mas não é o suficiente. “A empresa que contrata busca um advogado com capacidade de colaborar para aumentar os resultados do negócio”, diz. Ela acrescenta que, para se destacar, é preciso ter uma visão de negócio, o que há alguns anos não era necessário.

Um dos problemas da profissão, segundo especialistas, é que nem todas as mais de mil escolas de direito presentes no Brasil estão aptas a preparar profissionais para a nova realidade. “Muitas jogam no mercado profissionais de baixa qualificação, que não conseguem sequer passar na OAB”, diz Renato Cury. “Há um estelionato educacional. Um problema na base''.

O pesquisador e professor da FGV Direito-SP e do Mackenzie, Thiago Santos Acca, avalia que nos últimos anos o mercado passou a ter grandes conglomerados que levaram a uma pasteurização do ensino. “O vestibular não é mais efetivo. Há alunos que entram na faculdade com baixa formação, casos de analfabetismo funcional. Tudo isso aponta para um futuro pouco promissor”, afirma.

Futuro que a OAB tenta alterar. Em agosto, encaminhou ofício ao MEC em que manifesta preocupação com o número elevado de cursos de direito. Segundo o documento, entre 2005 a 2011 foram criados 324. Já de 2011 até o momento, 472. Fato que, na opinião da entidade, “ratificaria a ausência de critérios adequados à criação dos cursos”.




Fonte: Valor

Reforma da Previdência e Ibovespa a nível recorde: ainda vale comprar Bolsa?


Após algumas semanas de turbulência, a Bolsa brasileira engatou um movimento de alta e no início desta semana superou seu maior patamar na história – marca que já foi quebrada mais três vezes -, chegando ao patamar dos 107 mil pontos. Mas se existe aquela máxima no mercado “compre na baixa”, será que este é mesmo um bom momento para comprar bolsa?

Para analistas ouvidos pelo InfoMoney, o Ibovespa deve seguir avançando e quem estava de fora ainda pode aproveitar para surfar o rali do mercado brasileiro. Mesmo assim, ainda existe um clima de cautela, ou seja, a alta da bolsa não deve acontecer de forma exageradamente rápida.
Segundo Gabriel Francisco, analista da XP Research, a aprovação da reforma da Previdência deve levar a uma revisão das expectativas dadas as projeções de melhoras da economia que a proposta deve trazer. “Isso por si só já justifica uma aceleração da Bolsa”, afirma.
Com a reforma, ele explica, muda o panorama fiscal do país, o que deve se refletir na taxa básica de juros, com novas quedas. “Selic menor e com o fiscal controlado: isso impulsiona a Bolsa”, diz o analista, que lembra ainda que este cenário também abre mais espaço para a migração dos investidores da renda fixa para a variável, algo que já tem ocorrido no mercado brasileiro.
A XP Investimentos tem projeção para o Ibovespa este ano em 115 mil pontos, enquanto para 2020 a expectativa é que ao indicador chegue aos 140 mil pontos, mostrando que a alta deve ocorrer no médio e longo prazo.
Em relatório, os analistas Matheus Soares e Thiago Salomão, da Rico Investimentos, dizem que veem mais motivos para a bolsa brasileira subir do que cair no médio e longo prazo, mesmo no atual nível de 107 mil pontos.
Eles destacam o retorno do investidor estrangeiro ao mercado como fator que deve ajudar as ações. “Isso é importante porque até agora os gringos ainda não haviam se animado com o Brasil. Como eles representam mais da metade do volume negociado na Bolsa, é muito importante que estejam comprando Brasil para que o rali continue”, afirmam.
Já Mathieu Racheter, estrategista de ações do banco suíço Julius Baer, afirma em relatório que vale a pena ficar overweight em ações brasileiras dado o crescimento “superior” dos lucros das empresas e as taxas de juros baixas, isso mesmo que o Ibovespa esteja na máxima histórica.
“Os principais indicadores apontam para uma retomada da atividade econômica no quarto trimestre, o que deve dar suporte ao mercado de ações, uma vez que a falta de crescimento econômico no Brasil estava entre as principais preocupações dos investidores”, diz ele apontando ainda para outros fatores positivos além da Previdência, como a reforma tributária e a agenda de privatizações. “Isso tornará o Brasil menos dependente de ciclos políticos à medida que o setor público encolhe”, completa.
A gestora Quantitas também está otimista com o momento da Bolsa. Em entrevista para a Bloomberg, o gestor de renda variável Wagner Salaverry diz que o movimento de aumento de exposição em ações vai continuar acontecendo e permitirá novos recordes, mas que a trajetória não será linear.
“O que vai fazer o mercado continuar andando, além da melhora da economia, é o resultado das companhias. Para o terceiro trimestre, a expectativa é de que a maior parte das empresas reporte


crescimento de receita, Ebitda e lucro”, afirma. Segundo ele, os investidores “não terão como fugir” de uma maior exposição ao risco por conta dos juros baixos.

Segundo Salaverry, com a desaceleração do ritmo de crescimento no mundo, o estrangeiro deve reduzir sua exposição em emergentes e isso impactará o Brasil, mas, por outro lado, a direção neste momento é “de melhora, talvez não tão grande e ainda lenta”.

Otimismo também nos gráficos

Não são apenas os fundamentalistas que veem mais altas do Ibovespa no futuro. O analista técnico Gustavo Almeida, da Rico Investimentos, prevê que o índice subirá até 113.394 pontos até o fim do ano.
“Nós temos uma tendência a continuar em busca dos 108.400 pontos e, num segundo momento, podemos ver um movimento rumo aos 113 mil pontos”, destacou em seu vídeo de giro do dia, publicado diariamente no Telegram do InfoMoney.
Almeida não espera que 2019 ainda reserve surpresas negativas como o recrudescimento da guerra comercial entre EUA e China, que levou a Bolsa a corrigir para 96 mil pontos em agosto.
Desse modo, o caminho estaria livre para o Ibovespa fazer o movimento gráfico até os 113 mil pontos, que aparecem como uma uma provável resistência relevante pela projeção de Fibonacci.

Fonte: InfoMoney

Como calcular o tempo de retorno do investimento e mirar o longo prazo





Saber como calcular o tempo de retorno do investimento é útil de diferentes maneiras. Serve para quem realiza aplicações financeiras e deseja acompanhar sua rentabilidade. Também para empreendedores que querem saber quando seu negócio, de fato, passará a dar lucro.

Neste artigo, vou falar especialmente sobre aqueles que têm por hábito fazer o dinheiro trabalhar a seu favor: os investidoresSe você quer ser mais um a ter sucesso com produtos financeiros, é fundamental entender o comportamento deles no longo prazo, ainda mais em um cenário de juros reais em queda. A partir de agora, vamos conhecer maneiras de aplicar os seus recursos e gerar renda para que possa viver tranquilamente a médio e longo prazos.

Afinal, um bom planejamento do futuro financeiro é uma questão de conhecimento e prioridade. Se você compartilha dessa ideia, siga a leitura.

Como calcular o tempo de retorno do investimento
O tempo de recuperação do investimento é chamado de paybackpayback é muito utilizado para determinar o período que um investimento leva para voltar a quem o realizou em forma de lucro. No seu formato simples, leva em conta o aporte inicial e os rendimentos auferidos a partir de então para que, em dado momento, a “conta” esteja paga e o investimento passa a gerar lucro.

Vamos dar um exemplo prático para facilitar o entendimento: Considere um investidor que desembolsa R$ 10 mil para uma determinada aplicação financeira e quer saber em quanto tempo esse investimento retornará para ele. Supondo que a rentabilidade mensal seja de R$ 1 mil, ele precisará de 10 meses para efetuar um resgate “seguro”, sem perdas, mas também sem ganhos.

Mas esse é um exemplo bastante básico para que seja possível compreender o conceito, embora um pouco distante da realidade. O que acontece é que, na maioria das aplicações financeiras, o tempo de retorno do investimento é uma métrica imprecisa, pois seu resultado está sujeito a uma série de fatores.
Isso vale especialmente para produtos de renda variável, como as ações. Na renda fixa, ao contrário, o investidor já sabe na largada qual é o prazo de retorno e o total dos rendimentos da sua aplicação. 

A força do tempo nos investimentos
Os investimentos de longo prazo são interessantes para quem planeja o seu futuro financeiro, principalmente como uma maneira de suprir a aposentadoria.É assim porque eles são responsáveis por promover uma renda passiva ao investidor, permitindo que ele viva desses valores.

Para garantir um futuro mais tranquilo e não depender apenas dos benefícios do INSS, vale observar aplicações financeiras de acordo com o seu perfil e objetivos de vida. O exemplo que apresentamos antes, por mais básico que seja, deixa isso muito claro.

Ao aprender como calcular o tempo de retorno do investimento, você percebe que, quando esse prazo é alcançado, toda a rentabilidade gerada a partir dali é contabilizada como lucro.
Não por acaso, essa é uma métrica muito útil para a contratação de um plano de previdência privada.

Melhores investimentos de longo prazo
Confira agora alguns dos melhores investimentos para quem deseja aplicar o dinheiro no longo prazo, particularmente em um cenário onde as taxas reais de juros estão nos menores níveis da história.

Ações
Ao comprar ações de uma empresa, você adquire parte da sua propriedade, tendo direito a receber os lucros na proporção da sua participação. Muitas pessoas ainda têm receio de aplicar na Bolsa de Valores em razão dos maiores riscos de perda envolvidos. Por outro lado, o investimento em ações costuma ser o mais rentável no longo prazo.

Fundos imobiliários
Os fundos imobiliários são formados por um grupo de investidores que aplicam o seu dinheiro em ativos relacionados a esse mercado, como shoppings, galpões e edifícios corporativos. Cada um deles compra uma cota (ou algumas delas) e, no longo prazo, pode vendê-la por um preço superior ao da aquisição.

Produtos de renda fixa
Podemos citar entre as principais aplicações de renda fixa:
CDB – Certificado de Depósito Bancário
LCI – Letra de Crédito Imobiliário
LCA – Letra de Crédito do Agronegócio

Enquanto renda fixa, quando adquire o produto, o investidor sabe qual será a rentabilidade obtida no final do seu prazo.

Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um título público, também de renda fixa, cuja finalidade é facilitar o acesso dos investidores aos títulos públicos federais. É como se o investidor emprestasse dinheiro para o governo e ele devolvesse com o acréscimo de juros em um prazo pré-determinado.

No caso de um investimento de longo prazo, um dos mais populares é oTesouro IPCA, que é um título pós-fixado e cujo rendimento varia de acordo com a soma da taxa de juros pré-fixada e a variação da inflação nesse período. Esse tipo de produto tende a ser um dos mais afetados pelo cenário das taxas de juros em queda da atualidade.

Previdência privada
A previdência privada é um investimento contratado com o objetivo de ter um salário complementar quando da aposentadoria junto ao INSS. A rentabilidade é conhecida no momento da contratação, quando o beneficiário também decide o prazo para começar a receber os valores mensais.

Um resgate antes do prazo não é vantajoso, o que justifica saber como calcular o tempo de retorno do investimento. Além disso, fundos de previdência com taxas de administração em níveis equivalentes a 2% ao ano (ou mais), só se justificam se o produto for mais sofisticado, a exemplo de um fundo de ações. O investidor de previdência privada também precisa estar aberto a buscar fundos um pouco menos conservadores, caso queira que o tempo de retorno não seja tão longo.

Conclusão
Este artigo abordou como calcular o tempo de retorno do investimento e trouxe dicas de aplicações financeiras de longo prazo. Temos aí um caminho interessante para quem planeja um futuro mais tranquilo. Porém, a estratégia deve ser precedida de um estudo sobre as opções, além da análise do próprio perfil de investidor.



Fonte: InfoMoney