Superávit até abril é o mais baixo desde 2001.

Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central só conseguiram economizar R$ 10,08 bilhões em abril, valor quase 40% menor do que em igual mês de 2014.

O governo conseguiu aprovar no Congresso as primeiras medidas do ajuste fiscal, mas ainda não há sinal de alívio no resultado das contas públicas. Dados divulgados nesta quinta-feira mostram que o governo terá dificuldade para alcançar a meta de superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento de dívida) deste ano. Mesmo com a ajuda dos aumentos de impostos, o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou uma economia de R$ 10,08 bilhões em abril, número quase 40% menor do que o de abril de 2014. O superávit primário do primeiro quadrimestre ficou em R$ 14,59 bilhões, metade da economia feita no mesmo período de 2014. É o pior resultado para os quatro primeiros meses do ano desde 2001. A situação é ainda mais crítica na análise dos últimos 12 meses, quando as contas do governo central acumulam déficit de R$ 35,4 bilhões. A meta de economia para o governo central este ano é de R$ 55,2 bilhões. Quando se incluem estados e municípios, a meta chega a R$ 66,3 bilhões. Apesar dos números ainda estarem muito distantes da meta, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, disse que as contas tiveram bom resultado em abril e esse é o superávit possível no momento. “É um período de contração, mas, dentro do possível, parece que estamos caminhando bem”, afirmou. O governo está limitando despesas de custeio e investimento. Mesmo assim, os gastos em abril cresceram 3,7%, já descontada a inflação. Pesaram gastos que foram resultado dos acertos das “pedaladas” (pagamentos adiados) do ano passado. Os gastos com subsídios e subvenções subiram 90% neste ano. “Existiam diversas despesas contratadas, mas a gente está reduzindo a despesa de uma maneira geral. A sinalização é de forte redução em custeio, inclusive com a portaria publicada pelo Planejamento”, disse, em referência ao limite de R$ 8,89 bilhões fixado nesta quinta-feira. O freio nas despesas atingiu fortemente os investimentos do governo federal, que caíram 34,4% no quadrimestre. As despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caíram 38% de janeiro a abril, somando R$ 13,53 bilhões. A maior preocupação agora é com as receitas. Saintive admitiu que a arrecadação “não performou bem”, mas vê recuperação. “Começa a ser sinalizada uma mudança de trajetória.” Pelo lado das receitas, o preço do petróleo contribuiu para a arrecadação ruim, tendo reduzido em 38,8% o pagamento na participação especial de exploração de petróleo e gás. Além disso, Petrobrás e BNDES pagaram menos dividendos. De janeiro a abril, as receitas somaram R$ 432,19 bilhões, queda real de 3,3%. Já as despesas totalizaram R$ 340,22 bilhões, avanço real de 30,3%.
Longe da meta
Para o economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, José Márcio Camargo, nesse ritmo, o superávit primário do setor público consolidado ficará longe da meta. “A dívida bruta deverá subir em 2015, com alta dos juros e retração da economia, e poderá chegar a 68% do PIB.” Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, disse que o governo central terá de fazer um superávit de 1,6 ponto percentual do PIB em oito meses para atingir a meta. Ele afirmou que a queda de 4,1% nas receitas do governo central no quadrimestre é resultado da fraca atividade econômica. “O ciclo econômico não é nem um pouco favorável para aumento de receitas com impostos este ano.”






Fonte: JC

Governo reduz para 1% a previsão de alta do PIB em 2016.

Estimativa anterior apontava para um crescimento de 1,3% no ano que vem; o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, diz que o ajuste fiscal é fundamental para a recuperação da economia.

Depois de admitir que o crescimento econômico desse ano será negativo, o governo Dilma Rousseff agora estima que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá apenas 1% em 2016. A nova estimativa foi apresentada nesta quarta-feira, 27, pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que antes trabalhava com um desempenho um pouco melhor, de 1,3%. Para 2015, a projeção foi revisada na semana passada para um tombo de 1,2%, o maior desde 1990. Assim, o período de fraco crescimento do Brasil, iniciado em 2012, deve se prolongar até o final do ano que vem. Apesar disso, o ministro do Planejamento reagiu, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, a questionamentos da oposição sobre a atual política econômica, considerada uma mudança total em relação a praticada pelo próprio governo até o ano passado. "O trem não virou ao contrário, a questão é que agora ele precisa subir uma ladeira", respondeu Barbosa, que completou: "são necessários ajustes de correção, mas a direção do trem é a mesma". A volta do crescimento, ainda que pequeno, em 2016 se dará, advogou o ministro, por meio de uma agenda que começará a colocar em prática. Segundo Barbosa, o ajuste fiscal é peça fundamental para gerar as condições para a recuperação econômica.
Incentivos.
Além disso, o ministro defendeu que o governo Dilma Rousseff tem "uma série de iniciativas" para promover essa alavancagem do PIB. Aos deputados, Barbosa afirmou: "Teremos na semana que vem o Plano Safra, em seguida o pacote de concessões de infraestrutura e até o fim de junho o ministro Armando Monteiro, do Desenvolvimento, vai soltar os detalhes do Plano Nacional de Exportação. Esperamos também para julho o lançamento da terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida". "O esforço fiscal é intenso, estamos cortando os nossos próprios programas para conseguir chegar na meta fiscal deste ano", disse Barbosa aos parlamentares. "Como acontece em qualquer família ou empresa, sempre que há uma contenção dos recursos a disposição é preciso se organizar melhor. É isso o que estamos fazendo, mas vamos manter os investimentos prioritários", afirmou. O ministro também rechaçou planos de criação de novos impostos, como a antiga CPMF. Segundo Barbosa, os planos do governo foram focados em elevações, ou "ajustes", de impostos e tributos que já existem. Foi o caso da alta da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) a instituições financeiras, de 15% a 20%, anunciado na semana passada. "Na questão do esforço de arrecadação entrou a CSLL, que foi escolhida porque era necessário uma elevação mais rápida na receita", disse Barbosa. Alterações de contribuições, como a CSLL, tem efeito mais rápido do que o aumento de alguns impostos, que tem regra de recolhimento anual. Barbosa também foi questionado sobre as chamadas "pedaladas fiscais", que são atrasos nos pagamentos ou repasses do Tesouro. Ele é uma das 17 autoridades do governo Dilma convocadas a se explicar perante o Tribunal de Contas da União (TCU) pela prática de atrasos propositais de repasses de recursos do Tesouro  a bancos e autarquias com o intuito de melhorar artificialmente as contas públicas. Barbosa admitiu que as pedaladas  existiram, mas negou que elas infringiram a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).





Fonte: JESP

Analistas preveem que BC elevará Selic de novo.


A taxa básica de juros (Selic) continuará a subir na semana que vem e só começará a apresentar algum alívio a partir do início de 2016. Ao mesmo tempo, analistas do setor privado elevaram suas projeções para a inflação deste ano e reduziram as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018 e 2019. Esse novo quadro, atribuído a um Banco Central mais duro nos últimos dias, pode ser traçado com base no Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pela autoridade monetária. O BC consulta semanalmente cerca de 100 instituições financeiras para verificar os prognósticos do mercado sobre a economia brasileira para o curto, médio e longo prazos. Conter a elevação das estimativas virou ponto de honra para o BC, pois essa percepção ajuda a contaminar a taxa efetiva do IPCA. Com um pouco de atraso, os analistas revisaram suas estimativas para o comportamento da Selic. A percepção é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá nova alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic na semana que vem. Com isso, passará para 13,75% ao ano, onde deve ficar até o início de 2016. Para janeiro, a previsão é de um corte para 13,5% ao ano e outros mais ao longo do ano até que a taxa encerre em 12% em dezembro de 2016. “A pesquisa Focus trouxe na alta nas expectativas para a taxa de juros ao final deste ano e do próximo, em linha com os sinais mais duros da autoridade monetária tanto em reunião com economistas quanto no Seminário de Metas de Inflação”, destacou a economista da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro. Ela se referiu ao encontro trimestral que o BC faz com o setor privado e ao evento anual para avaliar o regime de metas implementado no País em 1999, ambos na semana passada. Já a equipe de economistas do Bradesco salientou o fato de o mercado ter revisado as suas principais projeções para este ano. “Depois de os primeiros dados de inflação de maio mostrarem alguma acomodação na margem, o foco se voltará ao ritmo de desaceleração da atividade econômica. Nesse sentido, a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao primeiro trimestre, na sexta-feira, será o destaque na agenda doméstica”, escreveram os especialistas em relatório a clientes. Pelo documento Focus, a inflação deve encerrar 2015 com alta de 8,37% – uma semana antes, a previsão era de uma elevação de 8,31%. Por trás dessa nova calibragem está a conta dos economistas de que os preços administrados ou monitorados pelo governo, como conta de água e transporte público, podem subir 13,70% este ano – na edição anterior da Focus, o ponto central da pesquisa era de uma taxa de 13,50% ao ano. Para 2016, não houve alteração na projeção de que a inflação subirá 5,5%, assim como na de 2017, que está em 5%. Para 2018, no entanto, houve uma redução substancial da estimativa, que passou de 4,9% para 4,7% em apenas uma semana. No caso de 2019, a queda foi de 4,59% para 4,5% no período, alvo que o BC persegue já para o final do ano que vem.
PIB
Segundo o boletim Focus, o Produto Interno Btuyo (PIB) deve ter retração de 1,24% este ano ante previsão anterior de um recuo de 1,2%. Recuperação mesmo será vista apenas no ano que vem, quando a atividade deve avançar 1%, puxada pela indústria. No documento, verifica-se que o mercado espera queda de 2,8% para o setor fabril em 2015 e alta de 1,5% no ano que vem. “Projetamos queda de 0,6% em relação ao último trimestre de 2014, impulsionada pela retração do consumo das famílias”, explicou o Bradesco.






Fonte: JC

Mercado eleva previsão para inflação.

Reajustes de preços administrados acima do esperado pressionam consultorias a iniciar revisão de projeções para o IPCA deste ano.

Após a forte elevação vista no primeiro trimestre, os preços administrados – controlados pelo governo – estão embarcando em uma nova onda de pressão que não estava na conta de muitos economistas do mercado financeiro, com alguns deles revendo suas projeções de inflação. Após os aumentos de preços de energia, combustível, tarifa de água e esgoto em São Paulo e de transporte urbano em várias capitais terem provocado um salto na inflação até março, o mercado contava com uma certa acomodação nos meses seguintes. Mas tem havido surpresas, como a alta extraordinária nas tarifas de água e esgoto em algumas capitais e o reajuste nas apostas de loterias. “Têm diversos reajustes que estão vindo acima do esperado, que, somados, devem gerar revisão (na projeção de inflação). Mas não tem nenhum grande choque, está bastante pulverizado”, disse a economista Adriana Molinari, da consultoria Tendências. Adriana se refere, por exemplo, aos reajustes da Sabesp, da Eletropaulo, dos jogos lotéricos e ainda aos aguardados para planos de saúde, que normalmente são autorizados para o começo do segundo semestre e devem ficar acima de 9%. “Devem vir um pouco em linha com a inflação de saúde.” A Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) autorizou um novo aumento, de 15,24%, a partir de junho, para as tarifas da Sabesp, que alega aumento de custos por causa da energia mais cara e falta de chuvas. E, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae) autorizou a Caixa a aplicar, a partir de maio, um aumento médio de nada menos do que 38,91% no preço das apostas das loterias, que também pesam na inflação. Aumento dobra. Já as tarifas da Eletropaulo devem subir, em média, 15,16% a partir de 4 de julho, segundo proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o aumento ordinário da companhia. Os aumentos nas contas de luz e água na capital paulista foram praticamente o dobro do esperado pela economista da Tendências. Ela estimava algo em torno de 8% nos dois casos. “Só essa diferença acrescenta 0,10 ponto porcentual na previsão do IPCA deste ano”, disse, lembrando, ainda, dos aumentos de água e esgoto promovidos em Belo Horizonte (15%) e em Salvador (10%). “Alguns reajustes são indexados, mas este ano as distribuidoras alegam que têm um custo adicional por causa da crise hídrica, em alguns casos, e de desequilíbrio financeiro, além de gastos com energia”, disse Adriana. No caso das loterias, a economista estima um impacto de um terço na inflação, como foi no ano passado, ou 0,08 ponto porcentual a mais no IPCA. Com todos os aumentos, a expectativa da Tendências para a inflação em 2015 deve passar de 8,1% para 8,3%. Viés de alta. Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, também colocou um viés de alta para sua expectativa de IPCA de 8,70% para 2015, citando que há uma série de novas pressões de preços administrados, como o reajuste maior do que o previsto nas loterias. Temos agora também o risco vindo da telefonia com o possível reajuste do fundo das telecomunicações”, afirmou. A Fazenda estuda reajustar as cobranças do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) para ajudar a cumprir a meta fiscal de 2015, o que pode deixar as contas de telefone e internet mais caras este ano. Marcel Caparoz, economista da RC Consultores, esperava que as novas altas de preços administrados a partir do segundo trimestre fossem menores. Desde o começo do ano, fez algumas revisões nas suas expectativas para o IPCA de 2015, que começou com uma previsão de cerca de 7%. Com os reajustes expressivos e inesperados nas tarifas de energia, a projeção logo atingiu 7,5% e, atualmente, está em 8,1%. “Foi um período que concentrou diversos reajustes de monitorados. Foi uma tempestade perfeita. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Alguns de magnitude muito forte, principalmente energia elétrica. Os combustíveis também subiram e ainda tiveram aumento de impostos. Foram reajustes que vieram muito acima”, afirmou. Economia fraca. Apesar das incertezas que permeiam principalmente a inflação dos preços administrados nos próximos meses, o economista da RC Consultores não descarta a possibilidade de o IPCA fechar um pouco abaixo de 8%, por causa dos preços livres. Para ele, a atividade econômica mais fraca deve começar a refletir sobre os preços, especialmente de alguns serviços considerados não essenciais.





Fonte: JESP

Arrecadação tem o pior abril dos últimos 5 anos.

Receita Federal arrecadou R$ 109 bilhões, montante 4,62% menor, em termos reais, que o de igual mês do ano passado. Resultado indica a possibilidade de aumento de impostos.

Na véspera da divulgação do contingenciamento do Orçamento da União e antes mesmo do fim da tramitação no Congresso do pacote de ajuste fiscal anunciado no final do ano passado, o governo Dilma Rousseff já indica que irá tomar novas medidas tributárias, inclusive com a possibilidade de aumento de impostos. A sinalização, feita nesta quinta-feira, pela Receita Federal, vem em meio a um cenário ruim de arrecadação de tributos, que teve em abril o pior resultado para o mês dos últimos cinco anos, com um total de R$ 109,241 bilhões. Nos primeiros quatro meses do ano, a arrecadação de tributos e contribuições federais somou R$ 418,617 bilhões, uma redução real de 2,71%, na comparação com o igual período de 2014. De acordo com o Chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, as medidas de ajuste encaminhadas pelo Executivo ao Congresso acompanhavam uma estimativa de efeitos que seriam verificados ainda em 2015. “Evidentemente, se esses efeitos não forem produzidos neste ano, haverá, sim, a necessidade de novas medidas”, afirmou. A arrecadação de abril, divulgada nesta quinta-feira pela Receita, foi 4,62% menor que a de igual mês do ano passado, em termos reais. Um dos motivos que levaram a essa redução foram as desonerações concedidas pelo governo, que totalizaram R$ 9,1 bilhões em abril, uma renúncia fiscal maior que em abril de 2014 (R$ 7,9 bilhões). Malaquias salientou que em abril os indicadores macroeconômicos continuaram em trajetória negativa. “Isso tem forte conexão com o resultado da arrecadação”, afirmou. No mês passado, ante abril de 2014, houve queda de 3,5% da produção industrial e baixa de 0,67% de comércio e serviços. O técnico enfatizou também que tanto o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) quanto a Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) tiveram queda real de 18% de abril de 2014 para o mês passado. “Isso significa que o lucro das empresas se reduziu em abril em relação a abril de 2014”, comentou. Com a intenção de despistar as possibilidades que estão sendo avaliadas pelo Ministério da Fazenda para repor perdas, o técnico da Receita citou apenas que podem ser tomadas medidas tributárias, como redução da desoneração e elevação de tributos. “Não é possível, neste momento, especificar quais medidas serão essas, quais tributos”. O técnico colocou na conta dos parlamentares a chance de que novos anúncios desse tipo possam ser feitos. “À medida que esses efeitos vão sendo reduzidos, revertidos parcialmente dentro do processo legislativo, evidentemente que novas medidas terão de ser adotadas”. As medidas provisórias que reduzem benefícios trabalhistas e previdenciários, que tramitam no Congresso, foram flexibilizadas e vão reduzir a economia esperada pelo governo. O projeto de lei que reduz a desoneração sobre a folha de pagamentos enfrenta dificuldades e deve ser votado apenas em junho. Além dos projetos de ajuste analisados pelos parlamentares, o governo vem anunciando desde o início do ano outras medidas para reforçar o caixa. Entre elas estão a recomposição da Cide sobre combustíveis, a elevação do IOF em operações de crédito para pessoas físicas e a incidência de IPI para atacadistas e cosméticos.




Fonte: JC

Petrobras pode ser obrigada a republicar balanço do 1º trimestre.

Estatal antecipou R$ 1,3 bilhões referentes a acordo com Eletrobras fechado em maio.

A Petrobras pode ser forçada a republicar o balanço do primeiro trimestre se for comprovado que ela recorreu a mecanismo contábil para elevar o resultado divulgado na semana passada, indicou ontem o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira. A estatal contabilizou ganho de R$ 1,3 bilhão fruto de um contrato assinado apenas no dia 7 de maio — 37 dias após o fim do primeiro trimestre — e ajudou a empresa a registrar lucro de R$ 5,3 bilhões de janeiro a março. A informação sobre o artifício foi publicada ontem pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Sem comentar o caso específico da Petrobras, o presidente do órgão regulador do mercado de capitais afirmou que a republicação do balanço é a medida exigida pela CVM quando empresas abertas desrespeitam as orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que elabora pareceres sobre contabilidade empresarial. — Se ficar comprovado que uma empresa desrespeitou a norma do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre esse assunto, pode ter que republicar (o balanço) — disse Pereira em evento, em São Paulo, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), de acordo com a agência Reuters. A manobra contábil se refere às provisões feitas pela Petrobras para um possível calote da Eletrobras, que recebia combustível da petrolífera em usinas termoelétricas na Região Norte. Essa reserva, que totalizava R$ 4,5 bilhões, pesou negativamente no balanço referente a 2014. Nas demonstrações financeiras do primeiro trimestre de 2015, porém, a Petrobras informou que “em 31 de março de 2015, a companhia reverteu R$ 1.295 (em milhões de reais) de perdas em créditos de liquidação duvidosa”. Mas ela admite que isso ocorreu “em função da assinatura, em 7 de maio de 2015, de novo contrato” com a Eletrobras, garantindo a dívida. Segundo a Petrobras informou em nota, embora formalizado em maio, o contrato começou a ser negociado em março de 2015 — logo, ainda no período coberto pelo balanço. A companhia alegou que a inclusão do evento no documento está de acordo com o Pronunciamento Técnico 24, do CPC. Justificando sua inclusão no balanço, a empresa classificou o contrato com a Petrobras de “evento subsequente de caráter modificativo e ocorrido antes da emissão das informações trimestrais, com complemento efetivo de garantias e consequente melhoria do crédito”. O GLOBO não conseguiu contatar, por telefone, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Em nota, a CVM disse que acompanha as movimentações de companhias abertas, “tomando as medidas cabíveis, quando necessário”. A autarquia citou como referência para o caso justamente o Pronunciamento Técnico 24 do CPC, mas não informou se a conduta da Petrobras está de acordo com ele. — Existe, sim, a possibilidade de um evento posterior ao período do balanço ser lançado. Isso já aconteceu várias vezes. Não sei se, no caso da Petrobras, ela o fez da maneira correta, mas isso acontece com diversas empresas. E, para dar seu aval, a auditoria que assinou o balanço certamente considerou a conduta correta — afirmou Rafael Paschoarelli Veiga, da FEA/USP.
 ESPECIALISTA VÊ PEDALADA
 Mas o artifício é considerado questionável por outros especialistas em contabilidade. — Eu desaconselharia essa prática, pois fere um princípio contábil. O resultado precisa estar dentro do trimestre, pois o fato gerador aconteceu depois do fechamento. O ideal seria que o fato estivesse nas notas explicativas, mas que só fosse contabilizado no próximo trimestre — avaliou Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific Pavarini e professor do Ibmec-Rio. O professor de Finanças Públicas da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EASP) Fernando Zilveti também recomendou que o contrato com a Eletrobras se restringisse às notas explicativas. Segundo ele, a manobra tinha como objetivo mostrar para o mercado que a empresa está em uma posição melhor: — Foi nitidamente uma pedalada para embelezar o balanço. Se ela queria antecipar um fato contábil, deveria ter colocado nas notas explicativas.








Fonte: O Globo


Inflação avança para 8,31% neste ano em pesquisa do BC.

As nuvens ainda mais carregadas para a inflação deste ano começam a se dissipar a partir de 2016. A perspectiva de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será maior do que o previsto apenas uma semana atrás foi divulgada ontem no Relatório de Mercado Focus, pelo Banco Central. O índice deve chegar a 8,31% no acumulado deste ano, mas no grupo dos profissionais que mais acertam as projeções, o chamado Top 5, foi mantida a estimativa de 9,02% para o período. Por trás da previsão mais alta – a da semana anterior estava em 8,29% – está o incremento visto para os preços administrados, como conta de luz e gasolina. O ponto central da pesquisa revelou que a taxa de 13,2% para esse conjunto de preços em 2015 foi substituída pela de 13,5%. Já para o câmbio, que também vinha sendo fonte de pressão, não houve alteração no boletim Focus. O dólar deve encerrar o ano cotado a R$ 2,20, e 2016, em R$ 2,30. Conforme o tempo vai passando, os economistas começam a enxergar uma melhora no empenho do BC para segurar a alta dos preços. Para 2016, espera-se que a inflação encerre em 5,51% e, no ano seguinte, em 5%. Para 2018, a projeção caiu de 5% para 4,9% e, para 2019, de 4,7% para 4,59%. Com chance mínima (de apenas 10%, segundo o próprio BC) de cumprir a meta de 4,5% este ano, essa diminuição pode ser lida como o início de uma vitória para a autoridade monetária. O conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Luiz Alberto Machado, ressaltou que a piora das previsões para a inflação deste ano tem sido uma constante – foi a quinta consecutiva – e que o cenário segue negativo. “O governo já jogou a toalha para 2015 e não tem muito o que fazer, mesmo com a previsão de desaceleração da atividade no segundo semestre”, ressaltou. “Não é o ideal, mas é o preço pago pelo que se deixou de fazer nos últimos anos”, continuou. Sobre a melhora das estimativas para os próximos anos, Machado comentou que ela se dá em função da perspectiva positiva que o mercado financeiro depositou no governo em relação ao ajuste fiscal. “Mas caso isso não funcione ou haja um afrouxamento daqui a três anos por questões eleitorais, essas previsões voltam a subir”, alertou.
Juros
Ainda não houve mudança de percepção em relação ao rumo da taxa básica de juros este ano, que deve encerrar em 13,5% ao ano, também de acordo com o boletim. Para 2016, no entanto, os analistas atualizaram suas planilhas e contam agora com uma desaceleração menor da Selic, que deve fechar em 11,75% ao ano. Do lado externo, a boa notícia é que se aguarda um volume maior para o Investimento Direto no País (IDP), fonte de recursos voltados para a produção. Estão previstos US$ 61 bilhões para este ano e US$ 64 bilhões para o próximo – maiores do que as cifras anteriores de US$ 59 bilhões e US$ 60 bilhões, respectivamente. Mesmo assim, as quantias serão insuficientes para cobrirem o rombo projetado, que também aumentou de US$ 80 bilhões para US$ 82,40 bilhões para 2015 e se manteve em US$ 75 bilhões no ano que vem. A despeito de mais uma rodada de deterioração das expectativas para o setor manufatureiro, que deve apresentar recuo de 2,80% em 2015 sobre o ano passado, o relatório revelou uma estabilidade das previsões para o Produto Interno Bruto (PIB). A atividade, conforme o documento, deve ter retração de 1,2%. Para 2016, ficaram congeladas tanto as estimativas para a retomada da produção industrial (1,5%) quanto para a do crescimento (1%).








Fonte: JC

Pela 5ª semana seguida, mercado eleva estimativa de inflação de 2015.

Entretanto, pela 2ª semana seguida, previsão para IPCA de 2016 recuou. Expectativa dos analistas de retração do PIB deste ano seguiu em 1,2%.

Os economistas do mercado financeiro subiram, pela quinta semana consecutiva, sua estimativa de inflação para este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – que passou de 8,29% para 8,31%. O levantamento foi feito pelo Banco Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, e divulgado nesta segunda-feira (18) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus.

PREVISÕES PARA O IPCA 2015


Para 2016, porém, a previsão dos economistas para o IPCA recuou de 5,51% para 5,50% na última semana. Foi a segunda queda seguida deste indicador. Se confirmada, a previsão do mercado para a inflação de 2015 (de 8,31%) atingirá o maior patamar desde 2003, quando ficou em 9,3%. A expectativa oficial do governo para a inflação deste ano, divulgada recentemente por meio do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, está em 8,2%. A equipe econômica informou, na ocasião, que está utilizando as previsões do mercado financeiro em seus documentos. Segundo economistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Produto Interno Bruto
Para o comportamento do PIB neste ano, os economistas do mercado financeiro mantiveram sua previsão, na semana passada, para uma retração de 1,20%. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Para 2016, o mercado manteve sua previsão de alta do PIB em 1%. No fim de março, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014. Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas no ano passado chegou a R$ 5,52 trilhões, e o PIB per capita (por pessoa) caiu a R$ 27.229. Esse é o pior resultado desde 2009, ano da crise internacional, quando a economia recuou 0,2%.

PREVISÕES PARA O PIB 2015

Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 13,25% ao ano no fim de abril, o maior patamar em seis anos, o mercado manteve em 13,50% sua previsão para a taxa básica da economia no fim do ano – o que pressupõe novo aumento da Selic em 2015. A aposta dos economistas é de que este aumento virá em junho, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos.
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 permaneceu em R$ 3,20 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio ficou estável em R$ 3,30 por dólar. A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 permaneceu inalterada em US$ 3 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit caiu de US$ 10 bilhões para US$ 9,45 bilhões. Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil subiu de US$ 59 bilhões para US$ 61 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte permaneceu avançou de US$ 60 bilhões para US$ 64 bilhões.







Fonte: G1

Juros atingem em abril o maior nível em 4 anos.


As taxas de juros das operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas subiram em abril pelo sétimo mês consecutivo e renovaram os maiores patamares desde de 2011, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgada ontem. No caso das pessoas físicas, novamente houve aumento nos juros em todas as seis linhas pesquisadas (juros do comércio; cartão de crédito rotativo; cheque especial; CDC-bancos-financiamento de veículos; empréstimo pessoal-bancos; e empréstimo pessoal-financeiras). O juro médio subiu 0,06 ponto percentual em abril ante março, para 6,77% ao mês (119,48% ao ano), o maior nível desde julho de 2011. Entre as pessoas jurídicas, houve alta nas três linhas (capital de giro; desconto de duplicatas; e conta garantida). O juro médio avançou 0,08 ponto no mês passado ante o anterior, para 3,97% ao mês (59,55% ao ano), o patamar mais alto desde novembro de 2011. Segundo a Anefac, as altas podem ser atribuídas a três fatores: cenário macroeconômico que aumenta o risco de elevação da inadimplência; aumento da Selic; e expectativa de mais aperto monetário em função da inflação alta. “Tendo em vista o cenário econômico atual que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência, bem como as prováveis novas elevações da taxa básica de juros frente a uma inflação mais elevada, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses”, diz a associação em relatório. A Anefac aponta que, considerando todas as elevações da Selic promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, houve aumento de 6 pontos percentuais (ou alta de 82,76% na taxa básica de juros), para o nível atual de 13,25%. No mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou elevação de 31,51 pontos (+35,82%). Já na pessoa jurídica houve alta de 15,97 pontos (+36,65%).





Fonte: JC

Com ajuste fiscal, alta nos tributos chega a R$ 47,5 bilhões.

Cálculos apontam que, se as medidas anunciadas saírem do papel, carga tributária terá aumento de 0,8 ponto porcentual este ano.

O ajuste fiscal proposto pelo governo deve elevar a carga tributária brasileira em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Isso significa que, se tudo o que foi anunciado for colocado em prática, os brasileiros pagarão R$ 47,5 bilhões a mais em impostos e contribuições. E a projeção é que o adicional de tributos exigidos para melhorar as contas públicas, por baixo, chegue a R$ 100 bilhões a mais até o final do atual governo. Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), feitos a pedido do Estado, todas as medidas anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de R$ 39,80 bilhões à carga tributária. Outros R$ 7,7 bilhões virão de Estados e municípios, que também fizeram rodadas de aumentos nos impostos que lhes cabem, como IPTU e IPVA. Confirmada a tendência, a alta de impostos em 2015 seria o dobro da registrada em 2014 e a carga tributária fecharia o ano em 36,22%. “O governo não precisa negociar tributos e, assim, é mais fácil empurrar a conta”, diz Gilberto Luiz do Amaral, coordenador de estudos do IBPT.


Energia.
O economista Mansueto Almeida também estima uma alta de 0,8 ponto porcentual, mas incluiria na contabilidade outros R$ 7,5 bilhões, que correspondem ao fim dos subsídios ao setor elétrico. Na sua avaliação, a medida tem efeito tributário: de um lado, alivia o Tesouro Nacional e, de outro, eleva a conta de luz – e os impostos que recaem sobre ela. Por causa dos reajustes, energia se transformou neste início de ano em um dos itens que mais pesam no orçamento das famílias e na alta de custos das empresas. Dito isso, se todas as medidas anunciadas forem implementadas, o custo para a sociedade neste ano será de cerca de R$ 55 bilhões. Se todo esse dinheiro fosse usado para o superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida pública), cobriria mais de 80% do total da meta que o ministro da Fazenda Joaquim Levy estabeleceu. Mansueto Almeida contemporiza que o tamanho da contribuição tributária, ao final desta ano, vai depender do fôlego da economia e da confiança dos consumidores. Com a crise, as pessoas estão apertando o cinto, comprando menos e fazendo a arrecadação cair muito abaixo do esperado. Mas ele lamenta, que ainda assim, a alta de impostos está apenas no começo. “Ao longo de todo o mandato de quatro anos, o ajuste vai exigir uns R$ 200 bilhões, e não há a menor dúvida que no mínimo metade disso, uns R$ 100 bilhões, terão de vir de aumentos de carga tributária”, diz Almeida. No fim, diz, a história apenas se repete. Série histórica elaborada pelo economista (ver quadro) mostra que, após a Constituição de 1988, nenhum governo deixou de herança um gasto público menor e que, para ajustar as contas, elevou tributos: “Quando todos os presidentes saíram do Planalto, o gasto era maior, e o ajuste foi feito com aumento de impostos”, diz Almeida. “Se por todos esses anos tem sido assim, eu me pergunto por que seria diferente agora.”





Fonte: JESP

Uma questão de escolha.


Doze anos seguidos de governo do PT, somados aos que se acumulam desde a fundação do partido em 1980, deram aos brasileiros uma ferramenta muito útil para resolver qualquer dúvida em questões de interesse público. Seu emprego não requer prática nem habilidade. Basta perguntar se o PT está a favor ou contra alguma coisa: se estiver a favor é coisa ruim, se estiver contra é coisa boa. Pode haver um ou outro caso em que não é exatamente assim — mas só, realmente, um ou outro caso. No mais, é fazer a pergunta-chave e correr para o abraço. O PT, por exemplo, é a favor da extinta CPMF, do pagamento das campanhas eleitorais com dinheiro do Tesouro Nacional, do imposto sindical, da criminalização da homofobia, da censura à imprensa por meio da criação de “controles sociais”, da invasão de propriedade privada (desde que ela não seja de nenhum membro do partido ou de algum magnata amigo), e por aí afora. Ao mesmo tempo, é contra a proteção legal aos trabalhadores terceirizados, o projeto de lei de combate ao terrorismo, a redução da maioridade penal para 16 anos, o Estatuto da Família ora em discussão na Câmara dos Deputados, o fim do voto obrigatório — e por aí afora, mais uma vez. Tudo o que está escrito no parágrafo acima é opinião — e dar opiniões, pelo menos até o fechamento da presente edição desta revista, é atividade plenamente permitida pela legislação em vigor na República Federativa do Brasil. Opiniões, ao mesmo tempo, comportam necessariamente a existência de pontos de vista contrários; não deveria haver nenhum problema, portanto, em deixar que umas e outros flutuem livremente perante o público. Mas existe, sim, um problema, que parece cada vez mais presente no debate nacional de hoje — a tendência automática de atirar primeiro na opinião diferente e só depois perguntar se ela tem algum mérito. É isso que está acontecendo no momento com a indicação, após oito meses de espera, do magistrado que deve completar o quadro de 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. O nome apresentado pela presidente Dilma Rousseff para aprovação do Senado, o advogado Luiz Fachin, é uma obra-prima na arte de impedir consensos — na verdade, tem tudo o que é necessário para promover a discórdia. Deu nisso aí, é claro: uma vigorosa resistência ao nome proposto, e mais uma ofensiva do mundo oficial para carimbar como inimigos da pátria, do povo e do bem todos os que discordam da indicação. O doutor Luiz Fachin é um exemplo praticamente perfeito da capacidade do governo e do PT de tomar, diante dos diversos caminhos possíveis, sempre o pior de todos. O Brasil, pelos registros da OAB, o conselho federal da profissão, tem quase 870000 advogados; não deveria haver maiores dificuldades, assim, em localizar nesse mundo de gente alguém capaz de representar os valores básicos que hoje são compartilhados pela maior parte da sociedade brasileira. Estamos falando do STF, a instância mais alta do Poder Judiciário — é absolutamente essencial, pelo menos, que seus ministros sejam isentos de compromissos políticos, partidários e ideológicos. O nome escolhido pela presidente da República é justamente o oposto disso. Nas eleições presidenciais de 2014, tomou partido, em público, pela candidatura de Dilma. É um advogado militante do MST, movimento que prega e pratica, abertamente, o desrespeito às leis. No campo dos costumes, diz que o direito de família, tal como é praticado hoje no Brasil, é vítima de “manualística rasteira”, baseia-se em preconceitos idiotas e tornou-se obsoleto; seus defensores formam uma “gosma”, incapaz de compreender, por exemplo, que a amante deve ter direitos de herança iguais aos da esposa legítima. Escreve expressões como "quantum satis", achando que o uso do latim é capaz de melhorar alguma ideia. Fala em “principiologia axiomática” e outras aberrações de linguagem que pretendem transmitir seriedade, mas acabam sendo apenas cômicas. Esse é o modelo de magistrado que o PT quer para o Brasil. Fica impossível acertar agindo assim.





Fonte: J.R.Guzzo

POUPANÇA - Saques superam depósitos em R$ 29 bi no quadrimestre.

Somente em abril, as aplicações somaram R$ 150,510 bilhões e as retiradas, R$ 156,361 bilhões, o que gerou saldo negativo de R$ 5,851 bilhões, maior valor para o mês em 20 anos.

Os saques da poupança em abril superaram os depósitos em R$ 5,851 bilhões, o maior valor para o mês em 20 anos, segundo os dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira. No acumulado do primeiro quadrimestre, o resultado está negativo em R$ 29,082 bilhões. A situação de abril só não foi pior porque, no último dia do mês, o montante aplicado foi R$ 3,529 bilhões maior do que as retiradas. Até o dia 29, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 9,379 bilhões. É comum ocorrer aumento dos depósitos no último dia de cada mês por conta de aplicações automáticas e de sobras de salários. O que tem ocorrido nos últimos meses, no entanto, é que essa sobra tem sido cada vez menor. Além disso, com o atual ciclo de alta dos juros básicos e do dólar tornando outros investimentos mais atrativos, a caderneta de poupança perde a atratividade. Até porque, há três anos a forma de remuneração da aplicação mudou. Pela regra de maio de 2012, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Atualmente, a taxa básica está em 13,25% ao ano. Quando o juro sobe a partir de 8,75% ao ano passa a valer a regra antiga de remuneração fixa de 0,5% ao mês mais a TR. Com a economia fraca, a população tem recorrido à caderneta para tentar manter seu orçamento Apesar de ainda ser uma marca significativa, o resgate da poupança no mês passado perdeu fôlego, ficando bem abaixo de março. Na ocasião, R$ 11,438 bilhões deixaram a aplicação, a maior quantidade de saques vista em um mês desde que o BC começou a compilar os dados atuais, em 1995. O pior mês de abril até então destes últimos 20 anos havia sido registrado em 2003, quando os resgates superaram as aplicações em R$ 2,196 bilhões. Com o resultado do mês passado, o saldo total da poupança ficou em R$ 648,309 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 3,869 bilhões. Os depósitos na caderneta somaram R$ 150,510 bilhões em abril, enquanto as retiradas foram de R$ 156,361 bilhões. Além da mudança de regra, em fevereiro a aplicação sofreu um golpe nas redes sociais. O rumor era o de que o governo poderia confiscar a poupança e outras aplicações financeiras. O Ministério da Fazenda correu para desmentir os boatos e divulgou nota garantindo que as informações não tinham procedência. "Tais informações são totalmente desprovidas de fundamento, não se conformando com a política econômica de transparência e a valorização do aumento da taxa de poupança de nossa sociedade, promovida pelo governo, através do Ministério da Fazenda", trouxe um trecho do comunicado.






Fonte: JC

BC vê convergência da inflação para meta ao final de 2016, diz ata.

No documento, que explica a elevação dos juros para 13,25%, o BC ajustou para cima a projeção de alta dos preços administrados.

O Banco Central afirmou que as decisões futuras de política monetária serão tomadas com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao final de 2016, retirando a menção em ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que isso ocorreria ao longo do próximo ano. No texto, divulgado nesta quinta-feira, o BC ajustou para cima a projeção de alta de preços administrados em 2015 para 11,8%, ante 10,7% anteriormente. Diante da persistência de pressões inflacionárias, o BC elevou novamente na semana passada a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto porcentual, chegando a 13,25% ao ano, apesar das perspectivas de retração da economia.




Fonte: JESP

Mudança no cálculo do PIB reduz participação da indústria na economia.

Nova metodologia adotada pelo IBGE diminui de 12,7% para 10,9% a fatia da indústria na economia brasileira, que ainda deve ser pressionada por alta no custo da energia e juros altos.

A participação da indústria de transformação na economia brasileira é menor do que se imaginava. A mudança no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no País) promovida pelo IBGE deu ao setor industrial uma fatia de apenas 10,9% da economia nacional. Sem as alterações de metodologia das contas nacionais, a participação estaria em 12,7%. O cálculo faz parte de um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que confirma a forte deterioração do setor nos últimos anos. “A queda da indústria traz consequências graves para todo o País. O setor é um estimulador do crescimento e um multiplicador da renda”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp A perda de participação da indústria na economia escancarou um descompasso econômico. O setor tem uma baixa representatividade num cenário no qual o PIB per capita brasileiro ainda é mediano. Ou seja, o País ganhou uma característica de economia madura antes da hora. Normalmente, ao se desenvolverem, os países enfrentam processos de desindustrialização, mas com um nível de renda mais elevado.
Ranking.
O levantamento da Fiesp também analisou o tamanho do setor industrial em 20 países, além do Brasil, com renda per capita de mesmo nível. Com base nos dados disponíveis de 2013, o resultado mostrou que a fatia da indústria brasileira é uma das menores do mundo.


Há dois anos, a fatia da indústria de transformação era de 11,5% do PIB, mesmo nível observado no Chile e superior apenas à da Grécia (8,5%). Os países com maior participação do setor industrial foram Tailândia (32,9%), China (31,8%) e Coreia do Sul (31,1%) (ver quadro). “Até a crise de 2009, a indústria brasileira conseguia manter uma certa participação no PIB porque as exportações de manufaturados estavam num nível razoável. Depois da crise, a indústria não se recuperou mais e começou a cair vertiginosamente”, diz Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). O desempenho ruim do setor ficou mais evidente depois da crise internacional porque a demanda por produtos manufaturados brasileiros diminuiu nos principais mercados de exportação, como Europa e Estados Unidos, afetados diretamente pela turbulência internacional. Na época, o câmbio também se valorizou e elevou a perda de competitividade do setor. “A taxa de câmbio se valorizou até 2012. A balança comercial do setor de manufaturados piorou muito nesse período, o que afetou muito a indústria. As medidas que o governo adotou para estimular a indústria foram na verdade atendidas em boa parte pelos importados”, afirma Marconi. No dia a dia das empresas, a perda de participação da indústria se traduziu em ajustes. A Fiamm, empresa de autopeças que produz e importa buzinas, chegou a ter três turnos de funcionários – no auge de vendas para o setor automotivo. Hoje, tem apenas um. “Em 2013, tivemos um pico de volume, mas já havia uma influência de importados. Este ano o volume está uma tragédia”, afirma Josué Leite de Paula, diretor-geral da empresa Por ora, a projeção da Fiesp é que a indústria de transformação continue perdendo participação em 2015. A entidade estima que o setor deverá responder por 10,6% do PIB. O setor lida com uma combinação perversa: aumento no custo de energia, juros elevados e crédito mais restrito, além do desaquecimento geral da economia, que reduz a demanda por produtos industriais. “Nesses primeiros quatro meses de 2015, a situação está crítica. O volume está muito abaixo do ano anterior, que já foi menor do que o de 2013. Se comparar 2015 com 2013, há uma queda de quase 30% nos volumes pedidos”, afirma Edson Furlanetto, presidente da fabricante de autopeças Kostal.






Fonte: JESP