A taxa básica de juros (Selic) continuará a
subir na semana que vem e só começará a apresentar algum alívio a partir do
início de 2016. Ao mesmo tempo, analistas do setor privado elevaram suas projeções
para a inflação deste ano e reduziram as estimativas para o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018 e 2019. Esse novo quadro, atribuído a
um Banco Central mais duro nos últimos dias, pode ser traçado com base no
Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pela autoridade monetária. O BC
consulta semanalmente cerca de 100 instituições financeiras para verificar os
prognósticos do mercado sobre a economia brasileira para o curto, médio e longo
prazos. Conter a elevação das estimativas virou ponto de honra para o BC, pois
essa percepção ajuda a contaminar a taxa efetiva do IPCA. Com um pouco de
atraso, os analistas revisaram suas estimativas para o comportamento da Selic.
A percepção é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá nova alta
de 0,5 ponto percentual da taxa Selic na semana que vem. Com isso, passará para
13,75% ao ano, onde deve ficar até o início de 2016. Para janeiro, a previsão é
de um corte para 13,5% ao ano e outros mais ao longo do ano até que a taxa
encerre em 12% em dezembro de 2016. “A pesquisa Focus trouxe na alta nas
expectativas para a taxa de juros ao final deste ano e do próximo, em linha com
os sinais mais duros da autoridade monetária tanto em reunião com economistas quanto
no Seminário de Metas de Inflação”, destacou a economista da Tendências Consultoria
Integrada, Alessandra Ribeiro. Ela se referiu ao encontro trimestral que o BC
faz com o setor privado e ao evento anual para avaliar o regime de metas
implementado no País em 1999, ambos na semana passada. Já a equipe de
economistas do Bradesco salientou o fato de o mercado ter revisado as suas
principais projeções para este ano. “Depois de os primeiros dados de inflação
de maio mostrarem alguma acomodação na margem, o foco se voltará ao ritmo de
desaceleração da atividade econômica. Nesse sentido, a divulgação do Produto
Interno Bruto (PIB) referente ao primeiro trimestre, na sexta-feira, será o
destaque na agenda doméstica”, escreveram os especialistas em relatório a
clientes. Pelo documento Focus, a inflação deve encerrar 2015 com alta de 8,37%
– uma semana antes, a previsão era de uma elevação de 8,31%. Por trás dessa
nova calibragem está a conta dos economistas de que os preços administrados ou
monitorados pelo governo, como conta de água e transporte público, podem subir 13,70%
este ano – na edição anterior da Focus, o ponto central da pesquisa era de uma
taxa de 13,50% ao ano. Para 2016, não houve alteração na projeção de que a inflação
subirá 5,5%, assim como na de 2017, que está em 5%. Para 2018, no entanto, houve
uma redução substancial da estimativa, que passou de 4,9% para 4,7% em apenas
uma semana. No caso de 2019, a queda foi de 4,59% para 4,5% no período, alvo
que o BC persegue já para o final do ano que vem.
PIB
Segundo o boletim Focus, o Produto Interno
Btuyo (PIB) deve ter retração de 1,24% este ano ante previsão anterior de um
recuo de 1,2%. Recuperação mesmo será vista apenas no ano que vem, quando a
atividade deve avançar 1%, puxada pela indústria. No documento, verifica-se que
o mercado espera queda de 2,8% para o setor fabril em 2015 e alta de 1,5% no
ano que vem. “Projetamos queda de 0,6% em relação ao último trimestre de 2014,
impulsionada pela retração do consumo das famílias”, explicou o Bradesco.
Fonte:
JC
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