Superávit até abril é o mais baixo desde 2001.

Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central só conseguiram economizar R$ 10,08 bilhões em abril, valor quase 40% menor do que em igual mês de 2014.

O governo conseguiu aprovar no Congresso as primeiras medidas do ajuste fiscal, mas ainda não há sinal de alívio no resultado das contas públicas. Dados divulgados nesta quinta-feira mostram que o governo terá dificuldade para alcançar a meta de superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento de dívida) deste ano. Mesmo com a ajuda dos aumentos de impostos, o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou uma economia de R$ 10,08 bilhões em abril, número quase 40% menor do que o de abril de 2014. O superávit primário do primeiro quadrimestre ficou em R$ 14,59 bilhões, metade da economia feita no mesmo período de 2014. É o pior resultado para os quatro primeiros meses do ano desde 2001. A situação é ainda mais crítica na análise dos últimos 12 meses, quando as contas do governo central acumulam déficit de R$ 35,4 bilhões. A meta de economia para o governo central este ano é de R$ 55,2 bilhões. Quando se incluem estados e municípios, a meta chega a R$ 66,3 bilhões. Apesar dos números ainda estarem muito distantes da meta, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, disse que as contas tiveram bom resultado em abril e esse é o superávit possível no momento. “É um período de contração, mas, dentro do possível, parece que estamos caminhando bem”, afirmou. O governo está limitando despesas de custeio e investimento. Mesmo assim, os gastos em abril cresceram 3,7%, já descontada a inflação. Pesaram gastos que foram resultado dos acertos das “pedaladas” (pagamentos adiados) do ano passado. Os gastos com subsídios e subvenções subiram 90% neste ano. “Existiam diversas despesas contratadas, mas a gente está reduzindo a despesa de uma maneira geral. A sinalização é de forte redução em custeio, inclusive com a portaria publicada pelo Planejamento”, disse, em referência ao limite de R$ 8,89 bilhões fixado nesta quinta-feira. O freio nas despesas atingiu fortemente os investimentos do governo federal, que caíram 34,4% no quadrimestre. As despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) caíram 38% de janeiro a abril, somando R$ 13,53 bilhões. A maior preocupação agora é com as receitas. Saintive admitiu que a arrecadação “não performou bem”, mas vê recuperação. “Começa a ser sinalizada uma mudança de trajetória.” Pelo lado das receitas, o preço do petróleo contribuiu para a arrecadação ruim, tendo reduzido em 38,8% o pagamento na participação especial de exploração de petróleo e gás. Além disso, Petrobrás e BNDES pagaram menos dividendos. De janeiro a abril, as receitas somaram R$ 432,19 bilhões, queda real de 3,3%. Já as despesas totalizaram R$ 340,22 bilhões, avanço real de 30,3%.
Longe da meta
Para o economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, José Márcio Camargo, nesse ritmo, o superávit primário do setor público consolidado ficará longe da meta. “A dívida bruta deverá subir em 2015, com alta dos juros e retração da economia, e poderá chegar a 68% do PIB.” Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra, disse que o governo central terá de fazer um superávit de 1,6 ponto percentual do PIB em oito meses para atingir a meta. Ele afirmou que a queda de 4,1% nas receitas do governo central no quadrimestre é resultado da fraca atividade econômica. “O ciclo econômico não é nem um pouco favorável para aumento de receitas com impostos este ano.”






Fonte: JC

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