Analistas passaram a
prever inflação em dois dígitos no ano de 2015. Para 2016, previsão sobe para
de 6,5%, no limite da meta de inflação.
A inflação deve passar dos 10% este ano,
segundo estimativa do mercado financeiro. A previsão, feita na semana passada,
foi divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central por meio do relatório
de mercado, também conhecido como Focus. É fruto de pesquisa com mais de 100
instituições financeiras. A expectativa é que o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), a inflação oficial, feche o ano em 10,04%. Na semana anterior, a
taxa esperada era de 9,99%. Se confirmada a previsão, representará o maior
índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando ficou em 12,53%.
Essa foi a nona alta seguida no indicador. O
BC informou, no fim de setembro, que estima um IPCA de 9,5% para este ano.
Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços
administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus,
entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços
ainda segue pressionando os preços. Para 2016, os economistas das instituições
financeiras elevaram sua expectativa de inflação de 6,47% para 6,5% na última
semana – no limite da meta de inflação para o ano que vem. Foi a 15ª alta
seguida do indicador que continua se distanciando da meta central de 4,5%
fixada para o ano que vem. Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central
para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o
IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente
descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em
2015, algo que não acontece desde 2003. Recentemente, o BC admitiu que não
conseguirá trazer o IPCA para a meta central de 4,5% no próximo ano. Segundo a
autoridade monetária, isso será possível somente em 2017. Na semana passada, o
diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, informou que,
apesar da desistência da autoridade monetária de trazer o IPCA para 4,5% em
2016, que ele permanecerá dentro da banda do sistema de metas, ou seja, abaixo
de 6,5%. "[A inflação] estará contida no intervalo do regime de metas [em
2016]", disse ele na ocasião.
Contração
de 2% para o PIB de 2016
Para o PIB deste ano, o mercado financeiro
manteve a estimativa de retração de 3,10%. Se confirmado, será o pior resultado
em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições
financeiras aumentaram de 1,90% para 2% a expectativa de contração na economia
do país. Esta foi a sexta queda seguida na previsão do mercado para o PIB do
próximo ano. Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país
registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica
oficial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem início
em 1948. O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território
brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para
medir o comportamento da economia brasileira. No mês passado, a
"prévia" do PIB do BC indicou uma contração de 2,99% até agosto. No
fim de agosto, o IBGE informou que a economia brasileira registrou retração de
1,9% no segundo trimestre de 2015 em relação aos três meses anteriores, e o
país entrou na chamada "recessão técnica", que ocorre quando a
economia registra dois trimestres seguidos de queda. De janeiro a março deste
ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado revisado).
Taxa de
juros
Após o Banco Central ter mantido os juros
estáveis em 14,25% em outubro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve
a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o
fim de 2016, a estimativa permaneceu em 13,25% ao ano – o que pressupõe redução
da taxa Selic ao longo do ano que vem. A taxa básica de juros é o principal
instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de
metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para
atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o
consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio,
balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção
do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 recuou de R$ 4 para
R$ 3,96 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa
de câmbio ficou estável em R$ 4,20. A projeção para o resultado da balança
comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015
subiu de US$ 14,6 bilhões para US$ 14,95 bilhões de resultado positivo. Para
2016, a previsão de superávit avançou de US$ 29 bilhões para US$ 30,55 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no
Brasil subiu de US$ 62,3 bilhões para US$ 62,8 bilhões. Para 2016, a estimativa
dos analistas para o aporte recuou de US$ 60 bilhões para US$ 58 bilhões.
Fonte:
G1
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