Juros básicos continuarão subindo, aponta pesquisa.

Economistas ouvidos pelo Jornal do Commercio e agência Bloomberg apostam que Selic será elevada de novo nesta semana. A divergência é apenas sobre a intensidade da alta.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai elevar mais uma vez a taxa básica de juros da economia (Selic) na reunião de amanhã e quarta-feira, a última de 2014. Esta, pelo menos, é a opinião dos 26 especialistas ouvidos na semana passada pelo Jornal do Commercio e pela agência notícias Bloomberg. Eles só divergem sobre a intensidade do aumento. Para 20 dos entrevistados, o reajuste deve ser de 0,25 ponto percentual, com a Selic subindo de 11,25% para 11,5% ao ano. Já para os outros seis economistas, a taxa básica terá correção de 0,5 ponto, passando a 11,75%. Depois de atingir a sua mínima histórica em outubro de 2012, a Selic permaneceu em 7,25% ao ano por quatro meses até que, pressionado pela inflação em alta, o Banco Central iniciou novo ciclo de altas na taxa. Após nove aumentos sucessivos, ela subiu a 11% em abril deste ano, percentual em que permaneceu até a mais recente reunião da autoridade monetária, realizada logo após o segundo turno das eleições, em outubro. Na ocasião, surpreendendo o mercado o Copom voltou a reajustar positivamente a taxa básica, hoje fixada em 11,25%. O diretor de Gestão de Recursos da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello, aposta em a alta de 0,25 ponto. Para ele a inflação continua sendo o vilão a ser combatido. "A combinação de seca com alta do dólar pode voltar a pressionar o grupo alimentação", afirma Curvello, que lembra ainda que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são historicamente de inflação mais pressionada em função das compras de Natal, das férias, do 13º salário e dos reajustes programados para todo o início de ano. Se no curto prazo a inflação é problemática, no longo prazo o quadro é ainda mais preocupante. "O governo não pode passar a impressão que fica satisfeito com a inflação habitando o teto da meta. As conquistas dos últimos anos podem ser perdidas caso a equipe econômica perca a credibilidade", opina o especialista. "Neste sentido, o alinhamento entre o BC e o Ministério da Fazenda perdido nos últimos quatro anos pode ser fator decisivo na retomada da credibilidade", completa. No pacote de medidas para retomada da confiança, segundo o diretor da Ativa, também está incluída "uma política fiscal mais restritiva. A retomada do controle de gastos e uma política de crédito também mais condizente com o momento atual da inflação, devem trazer mais alívio ao BC na sua tarefa de estabilizar os preços dentro da meta", diz. O economista-chefe da Concórdia, Flavio Combat, também aposta em uma Selic de 11,5%. Para ele a lista de sintomas do desajuste econômico é longa. “Desvalorização cambial, crescimento da renda real, descompasso entre expansão da renda dos trabalhadores e ganhos de produtividade, expansão dos gastos do governo”, lista o especialista. O especialista lembra ainda que os preços controlados pelo governo são outro fator que merece atenção. “(a alta da Selic é motivada pela) inflação corrente pressionada, repasse do câmbio para a inflação, necessidade de reajuste dos preços administrados em 2015 – já iniciado com o aumento dos combustíveis”, afirma o economista chefe da Concórdia, Flavio Combat. “O objetivo das altas nas duas últimas reuniões de 2014 (em outubro e agora em dezembro) é impedir que o IPCA, a inflação oficial, feche o ano acima do teto de 6,5%”, completa.
Recuperação
Com a confirmação de uma equipe econômica ortodoxa para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a perspectiva dos especialistas é de que 2015 marque o início de um longo e lento processo de recuperação da economia. “O ano que vem se apresenta como um ano de ajustes dos principais fatores econômicos: taxa Selic em modesta expansão, redução somente a partir de 2016, cambio entre R$ 2,50 e R$ 2,70, e inflação ligeiramente inferior, ao redor de 6%”, afirma Francisco D’Orto Neto, diretor de Finanças Corporativas, M&A e Governança Corporativa da Crowe Horwath. Ele lembra que juros em alta são um teste de fogo especialmente para as empresas menores, mais dependentes dos bancos de varejo.






Fonte: JC

Nenhum comentário:

Postar um comentário