A inflação oficial brasileira acelerou em
novembro a 0,51%, pressionada por alimentos e gasolina, permanecendo acima do teto
da meta em 12 meses e mantendo a nova equipe econômica sob pressão para que
torne a política fiscal mais rigorosa e controle a alta dos preços. O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,56% em 12 meses
até novembro, um pouco abaixo dos 6,59% de outubro, informou o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. Em outubro, o IPCA
havia avançado 0,42% na base mensal. A meta de inflação do governo é de 4,5%,
com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou menos. Analistas
consultados pela Reuters, no entanto, acreditam que o IPCA encerrará este sem
estourar a meta, apesar de ficar próximo do teto. "Acho bem difícil
estourar", afirmou a economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro,
para quem o IPCA deve acelerar para 0,68% em dezembro, fechando o ano com alta acumulada
de 6,3%. Segundo as contas do próprio IBGE, para encerrar o ano exatamente no topo
da meta, o IPCA de dezembro teria subir 0,86%. E, para repetir os 5,91% de
2013, neste mês teria de avançar 0,3%. Os resultados de novembro ficaram um
pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 0,54% sobre o
mês anterior e de 6,59 em 12 meses.
Carnes
e gasolina
Segundo o IBGE, o maior impacto sobre o IPCA
de novembro veio do grupo Alimentação e Bebidas, cujo avanço dos preços acelerou
a 0,77%, após 0,46% em outubro. Com isso, o grupo foi o que registrou o maior
peso no mês, de 0,19 ponto percentual, devido principalmente à alta de 3,46% no
preço das carnes. "Os alimentos têm pressionado, não só por conta da seca,
como também pelo aumento das exportações, especialmente da carne (para a
Rússia)", destacou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos. Os preços
administrados subiram 0,72% em novembro, contra avanço mensal de 0,38% no mês
anterior. No acumulado em 12 meses, os administrados registram inflação de
5,83%. A gasolina foi o segundo item individual de maior impacto no IPCA do
mês, com alta de 1,99%, levando o grupo Transportes a registrar inflação de
0,43% em novembro, contra 0,39% em outubro. No início do mês passado, a
Petrobras anunciou reajuste nos preços da gasolina e do diesel. Outra fonte de
pressão sobre a inflação são os serviços, cuja alta acelerou a 0,46% em
novembro, contra 0,43% no mês anterior. Em 12 meses, esses preços acumularam
alta de 8,28% no mês passado, abaixo dos 8,48% vistos em outubro. Para o
economista da Rosenberg & Associados Leonardo França Costa, a pressão dos
preços administrados continuarão pesando no próximo ano, mantendo a inflação em
12 meses em torno dos 6,5%. "Os preços livres vão continuar desacelerando,
especialmente em serviço, por conta da economia", disse ele, projetando o
IPCA em 6,5% ao final do próximo ano. Diante da inflação pressionada, o Banco
Central intensificou o ritmo de aperto monetário na semana passada e elevou a
taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A
autoridade monetária tem destacado as pressões dos preços administrados e do
câmbio sobre a inflação. Contudo, embora o Banco Central tenha indicado que
pode reduzir a intensidade da alta em breve, o movimento reforçou as
sinalizações dadas pela nova equipe econômica – com Joaquim Levy no Ministério
da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini mantido no BC –
de maior rigor fiscal e combate mais duro à inflação.
Fonte:
JC
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