Sinais
mais fortes de retomada da economia americana e dúvidas sobre a recuperação
brasileira têm levado investidores estrangeiros a tirar parte dos recursos
aplicados no Brasil e transferi-la para outros países emergentes. O percentual
de investimento que o Brasil recebe de fundos de renda fixa voltados a esses
mercados chegou ao menor nível histórico no fim de abril, ficando abaixo de 10%
pela primeira vez. Os dados, computados desde 2002, são da consultoria EPFR. O
mau humor de investidores com o Brasil teve mais reflexos ontem. O Banco
Central colocou US$ 4,5 bilhões no mercado para frear a queda do real e a
Votorantim Cimentos desistiu do plano de lançar ações na Bolsa.
O Brasil tem
sofrido mais que outros emergentes com a fuga de recursos, embora a perspectiva
de recuperação dos EUA esteja favorecendo a venda generalizada de ativos desses
mercados. A desvalorização de 19,5% da Bolsa brasileira em 2013 supera a queda
registrada pelos mercados da China, do México e da Turquia. Apesar de pequena
recuperação recente, a fatia de fundos de ações de países emergentes investida
no Brasil está em 12,5%, menos que a média de 14,9% registrada entre o início
de 2006 e meados de 2012, segundo a EPFR. Roberto Padovani, economista-chefe da
Votorantim Corretora, diz que o baixo crescimento do Brasil em 2011 e 2012
afugentou estrangeiros de maneira mais intensa que em outros emergentes. "Essa
perda relativa de interesse foi reforçada recentemente pela perspectiva de que
a política monetária dos EUA possa mudar de maneira rápida", afirma. Juros
mais altos elevariam a atratividade de aplicações em renda fixa americana.
POLÍTICA
FISCAL
Michael
Gomez, diretor da Pimco, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, diz que
a recente retirada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre
investimentos estrangeiros em renda fixa foi um sinal positivo. Mas, segundo
ele, o mercado espera que o governo reduza gastos, contribuindo para o combate
à inflação. O principal fundo da Pimco dedicado a investimentos de renda fixa
em países emergentes reduziu a parcela de recursos aplicados no Brasil de 12,1%
no fim de 2010 para 6,8% em março de 2013. Gomez ressalta, no entanto, que o
país permanece oferecendo retornos elevados aos investidores. "O Brasil
continua sendo uma parte importante dos nossos investimentos."
Fonte: Folha de SP
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