Disposição para investimento é moderada, aponta pesquisa.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostra que, apesar da sinalização de aumento dos investimentos, esse movimento deve ser moderado neste ano. O motivo é a pouca disposição das empresas em aportar recursos na expansão de capacidade industrial e a falta de confiança para o crescimento ir além da recuperação em relação à queda do ano passado. Cerca de 17% das empresas ouvidas na Sondagem de Investimentos da indústria, relativa a abril e maio deste ano, não têm planos de investir. Esse percentual é ligeiramente maior do que o registrado em iguais meses do ano passado, quando 16% das companhias admitiram não ter planos. No entanto, está abaixo da média de 21%, registrada nos últimos dez anos. O superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloísio Campelo, disse que o aumento da eficiência produtiva, com 33%, é o principal objetivo das empresas que pretendem realizar investimentos. Praticamente no mesmo patamar, está a expansão da capacidade de produção, com 32%. "Nos anos em que há volume muito grande de investimentos, a tendência é que a expansão da capacidade produtiva seja majoritária", explicou. Pelos cálculos do da FGV/Ibre, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos em máquinas e equipamentos, deverá crescer 5,6% neste ano, enquanto o PIB industrial tende a aumentar 1,3%. Segundo a Sondagem, entre as principais dificuldades para a concretização de investimentos neste ano está a limitação de recursos. Apesar disso, a proporção de empresas que citaram esse fator caiu sete pontos percentuais com relação ao bimestre abril/maio de 2012, passando de 46% para 39% do total. O segundo fator que mais causa problemas é a elevada carga tributária, citada por 37% das empresas, superior aos 35% de 2012. Já o fator de incertezas acerca da demanda foi citado por 31% das companhias, queda de 3 pontos percentuais frente ao ano passado. Campelo ressaltou que 27% das companhias do setor de bens duráveis intermediários apontaram que a taxa de retorno é a principal dificuldade enfrentada por elas, e lembrou que essa área da economia vem sofrendo com a concorrência dos produtos importados. "A produção está crescendo a um ritmo mais fraco, enquanto as exportações estão evoluindo a um ritmo menor do que as importações", completou. A alta carga de impostos e tributos foi o ponto de maior dificuldade para o setor de bens duráveis de consumo. Para 47% das empresas do segmento, este é o grande problema que impede a realização de maior investimento. Além disso, esse mesmo setor econômico reveltou incertezas sobre a demanda, influenciada principalmente pelas dificuldades geradas pelas crises internacionais. "É natural. As companhias que trabalham com bens duráveis, no momento, estão muito mexidas. Entra IPI, sai IPI, não se sabe até quando o consumidor está endividado e em abril o Banco Central (BC) começou a elevar os juros", explicou Campelo, referindo-se aos incentivos concedidos pelo governo, como a isenção de IPI, e a elevação da taxa Selic, que na última reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) passou para 8% ao ano. Apesar desse aumento da Selic, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV descartou que a elevação da taxa possa impactar diretamente os investimentos, uma vez que o objetivo do BC é impedir que a inflação cresça e fique fora de controle. Ele ressaltou que os benefícios de manter a inflação sobre controle são maiores para a economia. (Com agências).



Fonte: JC

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