O WEF divide os países, de acordo com o estágio de desenvolvimento, em três grupos. Países 'Factor Driven' são os mais atrasados, dentro de um critério que leva em conta o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e o percentual de bens primários na pauta de exportações. A economia desse grupo é focada na agricultura de subsistência e no extrativismo, com relevante utilização de mão-de-obra em todas as etapas do processo produtivo. Classificadas em uma fase intermediária, nações 'Efficiency Driven' são industrializadas, com maior dependência de economias de escala e marcadas pelo uso de capital intensivo no meio empresarial. No topo da pirâmide, estão os países 'Innovation Driven', nos quais o ambiente econômico é voltado para a inovação. Nesta fase, o setor de serviços ganha peso e as companhias priorizam o investimento em conhecimento.
O professor de finanças do Ibmec-RJ e consultor da Probatus Consultoria Marcelo Henriques de Brito chama atenção para o fato de existirem, basicamente, dois tipos de empreendedores: os que o fazem por necessidade, na luta pela sobrevivência, comumente possuidores de baixa escolaridade, mas com elevado tino comercial; e aqueles que partem da identificação de alguma oportunidade específica para a criação de novos produtos, serviços, ou ainda, para a exploração de novos mercados, apesar de possuírem boas alternativas de emprego e de renda. Esse último perfil é predominante em países com maior grau de desenvolvimento (e maior renda per capita), ou seja, naqueles que estariam entre as fases 'Efficiency Driven' e 'Innovation Driven'. Já em nações mais atrasadas, a motivação mais forte para empreender decorreria das dificuldades de inserção no mercado de trabalho, além das condições de emprego mais precárias. Se por um lado, o empreendedor por oportunidade usualmente elabora um planejamento, correndo riscos calculados, é comum que empreendedores por necessidade se lancem no mercado de maneira intempestiva e improvisada, reduzindo as chances de êxito.
Henriques de Brito ressalta que, além de o ambiente incentivar o surgimento de determinado tipo de empreendedorismo, as características locais também tendem a atrair empreendedores com diferentes perfis. "Assim como imigrantes europeus no início do século XX foram muito bem sucedidos em países desestruturados, o empreendedorismo por necessidade continua sendo mais viável em locais com procedimentos confusos e arbitrários, onde a economia informal e ilegal consegue se estabelecer. Em contrapartida, países marcados pela liberdade política e empresarial, por sistemas tributários não inibidores e desburocratizados, pela clareza das leis, solidez das instituições, com centros intelectualmente estimulantes e fontes de financiamento que prezam o mérito, estes locais costumam atrair empreendedores mais qualificados, que vão atrás da realização de seus sonhos. É o caso do Vale do Silício nos Estados Unidos e de certas regiões na Europa, para onde ocorreu uma verdadeira fuga de talentos (brain drain) de nações com baixas taxas de produtividade e inovação."
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