Ações mantiveram a força

Empurradas pela elevação do Brasil para grau de investimento pela agência de classificação de risco Moody's, as ações voltaram a liderar o ranking de investimentos no mês passado. Em setembro, o comportamento do investidor sinalizou uma procura maior por papéis de empresas sólidas, transparentes e com receitas protegidas, o que explica a grande valorização dos segmentos de telecomunicação e elétrico, representados pelos índices Itel (+10,45), e IEE (+4,58%). Atento ao crescente volume de aporte estrangeiro na Bovespa, que somou R$ 33,7 bilhões até 25 de setembro, o Ibovespa subiu 8,9% - no ano, a elevação é de 63,5% -, emendando o terceiro mês consecutivo no azul. Os índices IBX e IGC, com altas de 9,82% e 9,62%, respectivamente, também se destacaram. Historicamente um mês marcado por perdas, setembro pegou carona no bom momento da economia brasileira, que dá sinais cristalinos de que deixou para trás a crise financeira exatamente um ano depois de seu acirramento, e registrou recordes históricos. No dia 16, a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) alcançou o maior número de negócios desde sua criação, com 494.430, além de duas pontuações máximas no ano, obtidas no dia 22 (61.494,89 pontos) e no dia 30 (61.517,89 pontos). "O cenário macroeconômico interno é positivo, com destaque para o consumo, que se mantém em alta. No exterior, os dados vindos da Europa e Estados Unidos sinalizam uma recuperação global. Com a elevação do Brasil para grau de investimento pela Moody's, o investidor se animou para assumir mais riscos", diz Gustav Gorski, analista da Geração Futuro. Embora o mercado já esperasse a elevação, a divulgação foi uma das responsáveis pela chegada do índice aos 60 mil pontos, avalia Marco Barbosa, analista-chefe da Coinvalores Corretora. "Estruturalmente, a elevação é muito positiva para o País, que tenderá a receber mais investimentos estrangeiros. Na Bovespa, no entanto, o anúncio já era esperado, sendo logo incorporado. Ainda assim, o anúncio da Moody"s foi inegavelmente o principal drive responsável pela alta, conduzindo-a aos 60 mil pontos. A seguir, houve uma breve realização, sem afetar sua rentabilidade no mês", diz o executivo.Euchério Lerner, professor do MBA em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ) e sócio da Métrika Consultoria, acredita que o desempenho do índice reforça a confiança dos investidores estrangeiro e brasileiro. "A valorização do Ibovespa traduz, em parte, o bom momento da economia brasileira, que está se consolidando como um atrativo ambiente de negócios", diz. "O reflexo disso também se dá no preço das ações e no índice, tornando-se um convite aos investidores a assumir mais riscos", completa Barbosa.Lerner descarta a possibilidade de uma bolha no mercado acionário e aposta na renda variável como melhor investimento até o final do ano. "Não é volume que vai impulsionar o mercado acionário. As boas perspectivas de aumento de receita para as empresas por conta do bom ambiente de negócios é que ditará a rentabilidade da Bovespa. Numa análise a curto prazo, a tendência é de alta", avalia.Já Barbosa aconselha ao investidor ficar atento ao fluxo de investimento estrangeiro. "É um bom termômetro para o desempenho do índice. Por conta disso, resta aos investidores ficarem com um olho em seus papéis e outro no volume de investimento estrangeiro, que costuma valorizar o Ibovespa", diz.O principal indicador da bolsa brasileira teve mais uma vez uma rentabilidade acima de outros investimentos, superando o ouro (+1,05%), que ficou em segundo lugar, e investimentos atrelados à inflação, que avançou 0,42% quando medida pelo IGP-M. Os fundos de renda fixa tiveram rentabilidade média de 0,69% no mês e os DI, 0,64%. Os investimentos em Certificados de Depósito Bancário (CDB), acima de R$ 100 mil, renderam, em média, 0,53% e a poupança, 0,5%. Dólar e euro. O cenário macroeconômico interno positivo, marcado manutenção da taxa Selic em 8,75% ao ano e a elevação do Brasil para grau de investimento pela Moody's, foi determinante para os rumos do câmbio em setembro. Os dois anúncios aumentaram o apetite dos investidores internacionais por ativos nacionais cotados na Bovespa, impulsionando o mercado de renda variável. Até o dia 25 de setembro, o saldo de investimentos estrangeiros na bolsa brasileira estava positivo em R$ 3,06 bilhões, o maior desde maio deste ano. A entrada de recursos estrangeiros teve impacto direto na desvalorização do dólar, que ficou em último lugar no ranking de investimentos em setembro. A moeda norte-americana caiu 6,09%, acumulando perdas de 24,11% no ano. Na última sessão do mês, a divisa fechou cotada a R$ 1,77 para compra e R$ 1,772 para venda, queda de 1,17%, na menor cotação desde 9 de setembro de 2008.Já o euro registrou uma queda menor, mas ainda bem longe do campo positivo. Em setembro, a divisa desvalorizou 4,11%, acumulando no ano perdas de 21,41%. Ontem, a moeda cedeu 0,84%, a R$ 2,588 para compra e R$ 2,592 para venda.
Fonte: JC

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